Teste: perto de mudar, por que o Nissan Kicks ainda vende tanto? Confira

Ele foi lançado em 2016, já recebeu uma geração completamente nova lá fora e está prestes a ganhar por aqui também. Ainda assim, ele continua sendo um dos queridinhos de sua categoria e as vendas parecem não se abalar por nada. Já sabe quem é?

Talvez você se surpreenda, mas nós estamos falando do Kicks, o famigerado SUV compacto da Nissan que construiu uma carreira sólida e bem-sucedida no mercado nacional. Nós passamos o final de 2024 na companhia do pequeno utilitário japonês para descobrir quais são as possíveis razões de todo o seu sucesso – e, é claro, onde ele ainda poderia melhorar.

E então, como estamos?

Atualmente, o Kicks se encontra na linha 2024 e é oferecido em quatro versões com preços entre R$115.890 e R$155.990, valor da nossa top de linha Exclusive com o pacote Tech. Ele ostenta as alterações introduzidas na reestilização da linha 2021 como os novos para-choques, novos faróis, lanternas e jogo de rodas dependendo da configuração escolhida.

O que não mudou foi o conjunto mecânico. Ele segue oferecido unicamente com motor 1.6 aspirado flex, de quatro cilindros, capaz de gerar até 113cv e 15,5kgfm, aliado a uma caixa automática CVT – não há mais opção de transmissão manual. É um dos últimos modelos à venda no Brasil com motorização 1.6 e sem nenhuma oferta de motor turbinado.

Falando de tecnologia embarcada, o Kicks 2024 traz itens como: seis airbags, controles de tração e estabilidade, luzes diurnas em LED, piloto automático, monitoramento de pressão dos pneus, volante multifuncional com ajustes de altura e profundidade, faróis com ajuste elétrico de altura, rodas aro 16, computador de bordo, entre outros.

A versão Exclusive acrescenta recursos como: faróis Full LED, sensores dianteiros e traseiros de estacionamento, faróis de neblina por projetores de LED, ar condicionado digital, câmeras em 360º, central multimídia, painel de instrumentos parcialmente digital, som Bose com 8 alto-falantes (sendo 2 no encosto de cabeça do motorista) e muito mais.

Paz e amor

Rodamos cerca de 600km com nosso Kicks de teste e o sentimento que nos domina ao volante do SUV é: paz. O Kicks é um carro de condução extremamente serena e comedida em todos os aspectos – do baixíssimo ruído do funcionamento do motor até o comportamento do conjunto de suspensão. Tudo no japonês transmite paz, o que é muito bom.

A condução urbana é confortável e silenciosa, deixando todos os barulhos onde eles devem ficar: do lado de fora. Toda essa paz vem acompanhada de médias bastante satisfatórias de consumo de combustível; no nosso uso misto (cidade e estrada) com gasolina, por exemplo, ficou em torno de bons 16km/l. Com etanol, as médias ficam entre 11 e 13km/l.

Toda essa paz, porém, incomoda quando se precisa de mais força para ultrapassagens e ocasiões parecidas. Não tem jeito: afunde o pé no acelerador e espere o CVT subir as rotações do motor para, enfim, fazer o que se pretende. Nesse momento, o câmbio ativa uma breve emulação de seis marchas virtuais que não podem ser trocadas pelo condutor.

Essa apatia pede que as manobras sejam cuidadosamente calculadas para que o motorista do Kicks não se coloque em maus lençóis na estrada. Se isso lhe incomoda, saiba que a nova geração promete grandes mudanças: especula-se que ela virá com o mesmo motor 1.0 turbo flex do novo Renault Kardian, o que resolverá o problema.

No geral, a vida ao volante do Kicks também é agraciada pelos bons faróis Full LED (mas que mereciam um feixe de luz alta mais eficiente), a imersão do interessante sistema de som Bose e o funcionamento correto da central multimídia, sem travamentos ou bugs. O espaço geral é ok, porém, pode ficar bastante apertado na segunda fila com um motorista alto.

Sentimos falta de luzes de cortesia e saídas de ar condicionado para quem viaja atrás, bem como espelhamento sem fio para smartphones Apple e Android. Apesar de tudo, essas pequenas faltas até se justificam pelo preço de tabela – lembre-se que é uma versão top de linha que custa consideravelmente menos do que as tops de quase todos os rivais.

O velho ou o novo?

A Nissan já confirmou que a chegada do novo Kicks não acabará com o antigo – pelo menos não de imediato. Ele será rebatizado para “Kicks Play” e será uma opção de acesso aos que desejam adquirir um SUV da Nissan. Mediante os fatos, fica a questão: vale a pena esperar pelo novo ou o antigo será capaz de satisfazer minhas necessidades?

Como tudo na vida, depende. O Kicks de hoje atende aos que buscam economia, silêncio e conforto de rodagem com alguns mimos tecnológicos. Por outro lado, aqueles que desejam um SUV que vá além do trivial (e que podem pagar por isso) precisam olhar para a concorrência… ou esperar pelo novo Kicks que chegará ao longo de 2025.