O Sistema Solar se formou há cerca de 4,6 bilhões de anos, quando uma imensa nuvem de gás e poeira cósmica entrou em colapso sob sua própria gravidade. A partir desse processo, os materiais remanescentes deram origem aos planetas, incluindo a Terra. Contudo, um grupo de cientistas propõe que interações com um objeto gigante tenham deformado sua configuração inicial.

Um estudo publicado no servidor de pré-impressão arXiv sugere que a configuração inicial do Sistema Solar pode ter sido diferente da atual. Pesquisadores da Universidade de Toronto (Canadá) e da Universidade do Arizona (Estados Unidos) apresentaram uma nova hipótese sobre um evento que possivelmente influenciou os planetas externos.

Os cientistas acreditam que um objeto do tamanho de um planeta pode ter atravessado o Sistema Solar naquela época, uma passagem que poderia ter alterado as órbitas de Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. O objetivo do estudo é compreender se essas possíveis mudanças explicam certas características incomuns observadas nesses planetas.

Atualmente, as órbitas excêntricas dos planetas gigantes do Sistema Solar ainda representam um desafio para as teorias de sua formação. O artigo busca explicar essas características e sugere que a passagem de um corpo celeste massivo, nos estágios iniciais da formação solar, pode ter sido a causa dessas alterações orbitais.

“Demonstramos que um único encontro com um objeto de 2 a 50 massas de Júpiter, atravessando o Sistema Solar com um periélio inferior a 20 UA e uma velocidade hiperbólica residual abaixo de 6 km/s, pode aumentar as excentricidades e inclinações mútuas dos planetas gigantes para valores semelhantes aos observados”, é descrito na introdução do estudo.

Formação dos planetas do Sistema Solar

Geólogos, astrônomos e outros especialistas estudam o Sistema Solar há décadas com base em informações coletadas por telescópios espaciais e terrestres. Segundo a Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço dos Estados Unidos (NASA), essas análises permitiram estimar que o Sol se formou nos primeiros milhões de anos após o colapso da nuvem molecular, seguido pela formação dos planetas.

Por muito tempo, as pessoas acreditavam que o Sistema Solar era composto por nove planetas. Porém, em 2006, a União Astronômica Internacional (IAU) revisou essa definição e reclassificou Plutão como um planeta anão. Com isso, o número oficial foi reduzido para oito, são eles: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno.

Especialistas também debatem a possível existência do chamado Planeta Nove ou Planeta X, um corpo celeste com massa estimada em dez vezes a da Terra, que poderia estar ‘escondido’ nos confins do Sistema Solar. Até o momento, a sua presença continua apenas como uma hipótese discutida pela comunidade científica.

O Sol se formou primeiro e, a partir de um disco protoplanetário composto por gás e poeira, começaram a surgir os planetesimais, que posteriormente deram origem aos planetas, luas e outros corpos celestes.
A partir de um disco protoplanetário composto por gás e poeira ao redor do Sol jovem, começaram a surgir os planetesimais, que posteriormente deram origem aos planetas, luas e outros corpos celestes. (Fonte: Getty Images)

Os corpos celestes mais próximos do Sol são conhecidos como planetas terrestres ou rochosos, devido à predominância de materiais sólidos em sua composição. Isso ocorre porque elementos mais densos tendem a se concentrar nas regiões internas do Sistema Solar. São eles: Mercúrio, Vênus, Terra e Marte.

Os quatro planetas mais afastados do Sol são significativamente maiores que os rochosos, porém menos densos, devido à composição predominantemente gasosa. Júpiter e Saturno são gigantes gasosos, ricos em hidrogênio e hélio, enquanto Urano e Netuno são gigantes de gelo, pois possuem altas quantidades de água congelada, amônia e metano. Todos apresentam condições extremas e são conhecidos como planetas externos.

“O Sistema Solar é um conjunto formado pelo Sol — uma estrela de porte médio na Via Láctea — e pelos corpos que orbitam ao seu redor: oito planetas (anteriormente nove), mais de 210 luas conhecidas, além de inúmeros asteroides, alguns com seus próprios satélites, cometas e outros corpos gelados. Também faz parte desse sistema uma extensa região de gás e poeira extremamente difusos, conhecida como meio interplanetário”, a enciclopédia Britannica explica.

Objeto gigante deformou o Sistema Solar?

No estudo recente, os cientistas Garett Brown, Hanno Rein e Renu Malhotra sugerem que um objeto com massa entre duas e 50 vezes a de Júpiter pode ter atravessado o Sistema Solar, próximo à órbita de Marte. Eles propõem que esse evento afastou possivelmente os quatro planetas externos e contribuiu para as peculiaridades de suas órbitas.

Para chegar nesse resultado, os pesquisadores realizaram 50 mil simulações, explorando diferentes cenários para explicar essas peculiaridades. Após uma análise detalhada, apenas 1% dos casos mais confiáveis indicaram que um objeto cósmico com massa oito vezes maior que a de Júpiter pode ter influenciado a trajetória dos planetas gigantes.

Júpiter é o maior planeta do Planeta Solar, não é á toa que ele é um dos objetos mais brilhante no céu noturno.
Júpiter é o maior planeta do Planeta Solar, não é à toa que ele é um dos objetos mais brilhante no céu noturno. (Fonte: Getty Images)

Os pesquisadores também consideram a possibilidade de um evento semelhante ocorrer no futuro, o que poderia resultar em consequências parecidas com as observadas nas simulações. Porém, estimam que a probabilidade de algo assim ter ocorrido varia entre 1 em 1.000 e 1 em 10.000, embora não descartem a possibilidade.

Vale ressaltar que o artigo foi publicado apenas em um servidor de pré-impressão, ou seja, ainda não passou pela revisão por pares; esse processo é essencial para sua validação e aceitação em uma revista científica.

“Descrevemos uma métrica para avaliar o quão próximo um sistema simulado corresponde aos modos seculares de excentricidade e inclinação do Sistema Solar. O cenário de um encontro próximo com um objeto subestelar oferece uma explicação plausível para a origem das excentricidades e inclinações moderadas, bem como para a arquitetura secular dos planetas”, o estudo explica.

O Sistema Solar já passou por eventos cósmicos capazes de alterar sua estrutura ao longo do tempo. Mas será que poderia capturar um corpo celeste gigante? Entenda como o Sistema Solar poderia “capturar um planeta interestelar”. Até a próxima!


Previous post Galaxy S25 Ultra e S24 Ultra: veja as principais mudanças entre as gerações
Next post One UI 7 é anunciada com grande repaginada visual; saiba tudo