A energia elétrica é fundamental para a sociedade em que vivemos. Desde o final do século XIX, ela passou a ser usada em residências, indústrias e cidades ao redor do mundo. Atualmente, existem diversas formas de gerar energia, desde usinas hidrelétricas até fontes limpas, como a energia eólica e solar.

Agora, uma equipe de cientistas sugeriu que a própria rotação da Terra poderia, no futuro, ser utilizada como fonte de geração de eletricidade limpa. Um artigo sobre o assunto foi publicado na revista científica Physical Review Research.

De acordo com um grupo de cientistas da Universidade de Princeton, do Laboratório de Propulsão a Jato do Caltech (CIT) e da Spectral Sensor Solutions, existe uma hipótese de que seja possível gerar e capturar energia a partir da força de rotação do planeta.

Os cientistas ainda não desenvolveram nenhum equipamento capaz de possibilitar essa energia gerada pela rotação da Terra, mas conseguiram realizar experimentos em pequenas escalas que demonstram que a teoria pode funcionar. Segundo o artigo, os testes geraram aproximadamente 18 microvolts a partir do movimento do planeta.

Os cientistas Christopher Chyba, Kevin Hand e Thomas Chyba desenvolveram um dispositivo magnético que interage com o campo magnético da Terra: um cilindro magnético oco. Esse dispositivo gira acompanhando o movimento de rotação do planeta, gerando cerca de 18 microvolts durante os testes.

Vale destacar que o estudo continua em fase teórica e, até o momento, não existe nenhuma forma prática de capturar essa energia gerada pela rotação da Terra. Além disso, muitos especialistas da área criticaram a pesquisa e a ideia de que seja possível gerar energia a partir do movimento do planeta.

“A Terra gira através da parte axissimétrica do seu próprio campo magnético, mas uma demonstração simples mostra que é impossível usar isso para gerar eletricidade em um condutor que gira com a Terra. No entanto, identificamos anteriormente pressupostos implícitos nessa demonstração e mostramos, teoricamente, que eles podem ser violados, permitindo contornar essa limitação”, o estudo descreve.

Energia com a rotação da Terra

De acordo com Chris Chyba, “parece loucura”, mas o experimento utiliza um cilindro oco feito de ferrita de manganês-zinco, com 30 centímetros de comprimento e 2 centímetros de diâmetro. Esse cilindro gira em uma posição perpendicular ao campo magnético da Terra e alinhado à direção da rotação do planeta.

Ao colocarem eletrodos em cada extremidade do cilindro, os cientistas observaram uma pequena voltagem. Durante a análise dos resultados, identificaram a presença do efeito Seebeck, um fenômeno que cria voltagem quando o material está mais quente de um lado do que do outro.

Isso poderia explicar parte da voltagem medida, mas eles também detectaram um sinal adicional de 18 microvolts que mudava segundo a orientação do cilindro. Testes com cilindros de controle não mostraram o mesmo efeito e “confirmaram” que essa voltagem extra foi gerada pela interação do cilindro com o movimento do campo magnético da Terra.

Além de realizarem testes em um laboratório especial, completamente sem iluminação para evitar efeitos fotoelétricos, os pesquisadores também levaram o cilindro para um prédio residencial. Em ambos os ambientes, conseguiram medir os 18 microvolts adicionais.

Como o estudo ainda foi analisado por poucos cientistas, Chyba explica que o próximo passo importante é que outras equipes realizem pesquisas independentes para tentar reproduzir os resultados. A ideia é repetir o experimento em diferentes condições para confirmar se a geração de eletricidade a partir da rotação da Terra é realmente possível.

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A imagem apresenta o cilindro oco feito de ferrita de manganês-zinco e outros instrumentos utilizado no experimento. (Fonte: C. Chyba / Princeton University)

Não é a primeira vez que esses mesmos cientistas demonstram interesse pelo tema. Em 2016, eles já haviam publicado um estudo que apresentava a teoria de geração de energia a partir da rotação da Terra. Na época, o trabalho também foi alvo de críticas de outros pesquisadores da área pela falta de medições científicas.

“Também reproduzimos o efeito em um segundo local experimental. O objetivo desses experimentos foi testar a existência do efeito previsto. Agora, podem ser investigadas maneiras de ampliar esse efeito para gerar tensões e correntes mais altas”, os cientistas concluem na introdução do estudo.

Mais estudos sobre o tema

Os pesquisadores sabem que 18 microvolts representam uma quantidade mínima de energia, mas acreditam que a combinação de vários cilindros em miniatura poderia funcionar como um gerador capaz de produzir uma voltagem significativa. Agora, o próximo passo do estudo é entender melhor se essa possibilidade realmente pode se concretizar.

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A ilustração apresenta a configuração do experimento utilizado um cilindro para gerar energia elétrica. (Fonte: Physical Review Research)

Mas nem todos os especialistas são críticos. Por exemplo, o físico teórico da Universidade de Aix-Marseille, Carlo Rovelli, sugere que a ideia pode não ser totalmente “maluca”. Ele afirma que o estudo é interessante, mas destaca necessário aprofundar mais as pesquisas sobre o tema.

“O dispositivo pareceu violar a conclusão de que qualquer condutor em repouso em relação à superfície da Terra não pode gerar energia a partir de seu campo magnético. Ambos os artigos [2016 e 2025] falam sobre como isso pode ser ampliado, mas nada disso foi demonstrado, e pode muito bem provar que não é possível”, Chyba explica.

O calor intenso do interior da Terra pode ser mais útil do que você imagina: ele pode ser uma fonte natural para gerar energia limpa para o planeta. Quer saber mais? Entenda como funciona a energia geotérmica e como os vulcões podem gerar energia elétrica. Até a próxima!


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