Monster Hunter Wilds é, sem dúvidas, um dos títulos que causa mais ansiedade nos jogadores em 2025. Afinal, o game que vem para suceder os excelentes Monster Hunter World e Rise e deveria ter tudo nas mangas para entregar um resultado ainda mais incrível e épico que essas jornadas anteriores. É claro que nem tudo sempre acaba sendo como a gente imagina, mas, se quiser saber minhas impressões completas sobre Monster Hunter Wilds, é só conferir a análise a seguir!
Uma jornada irregular
Antes de qualquer coisa, eu quero dizer que sou muito fã de Monster Hunter e iniciei o jogo com expectativas de que ele entregaria uma experiência tão boa quanto seus antecessores mais recentes. Não acho que isso é algo tão exigente, ainda mais tendo em vista o histórico da Capcom com a franquia. O resultado final, no entanto, me deixou com um sentimento meio confuso e de desapontamento. Não me entendam mal, o jogo definitivamente não é ruim. No geral, ele traz sim a maior parte do que você espera de um game da série, mas algo em sua fórmula não se encaixou tão bem quanto os anteriores.
Acho muito importante falar agora que eu tenho noção de que o jogo vai mudar muito nos próximos anos, com certeza recebendo atualizações gratuitas com mais conteúdo e pelo menos uma expansão, como é de praxe com a franquia. Então, tenha em mente que essa análise é apenas para o estado atual do jogo antes de seu lançamento e não leva em conta o que Monster Hunter Wilds se tornará no futuro. Outro ponto importante é que, por se tratar de um review lançado bem antes da data do lançamento, há muitas restrições do que eu posso mostrar e falar para vocês aqui.
Talvez isso não seja o que vocês querem ouvir logo no início de uma análise tão antecipada, mas achei melhor tirar isso logo do caminho para que a gente possa falar dos principais pontos do que tornam Monster Hunter Wilds numa jornada divertida, porém com muitos buracos no caminho.
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Enredo ganhando destaque
Bom, nas minhas primeiras horas com Monster Hunter Wilds, eu pude perceber um foco maior em mesclar melhor a trama do game com o gameplay. Por causa das restrições que mencionei, vou me reservar a dizer apenas que o enredo se resume a investigar uma ameaça ao ecossistema, assim como em tantos outros jogos da série. A diferença aqui é que não há apenas uma conversinha rápida sobre o problema antes de liberarem uma missão de caça. Em vez disso, os personagens envolvidos sempre vão com você a algum lugar, conversam, discutem os planos atuais, encontram um novo monstro, há um cutscene e você acaba caçando o bicho no final. Esse ciclo se repete pelo game todo e tem seu lado positivo e negativo.
O lado positivo fica para quem sempre quis essa interação mais envolvente entre a trama e o jogo, afinal, a história e os personagens realmente se destacam mais do que nos outros títulos. Os principais pontos negativos é que esse ciclo se torna muito manjado depois de um tempo, não te permite ir direto para a caça e envolve muita caminhada e conversinha que não pode ser pulada. Se você vai gostar dessa mudança ou não, depende muito se é um jogador que aprecia esse tipo de interação ou se prefere ir direto ao ponto.
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Para nos acompanhar nessas jornadas, nós temos um novo tipo de montaria conhecida como Seikret. Ele funciona de forma parecida com os cachorros de Monster Hunter Rise, mas aqui ele é obrigatório para se alcançar certas áreas do mapa e pode te guiar automaticamente aos seus objetivos ou monstros caçados. Desta forma, você acaba se tornando mais passivo na exploração e não precisa mais saber os caminhos do mapa, como era necessário em games anteriores se quisesse fazer as rotas mais curtas.
Embora isso seja bem prático em muitos momentos, confesso que tira um pouco da graça de andar pelo mapa e conhecer tudo aos poucos. É claro que você ainda pode fazer isso entre as missões, mas é algo do qual você mesmo tem que se lembrar, senão acaba só seguindo o ritmo do game com o Seikret automaticamente.
Menos desafios nas caçadas
Partindo para o que mais interessa, as batalhas contra os monstros podem ser bem épicas, especialmente pelas mudanças que o cenário pode apresentar ao longo da caçada. Não há dúvidas de que os ambientes são muito caprichados e bonitos, mas preciso dizer que não senti aquela mesma imensidão ou sensação de um mundo tão vivo como em Monster Hunter World. Talvez essa sensação venha pelo fato de que o jogo antigo tinha sequências que, apesar de mais planejadas, eram mais frequentes que as do seu sucessor, mas é algo que não dá para deixar de notar.
Tanto no “Low Rank” como no “High Rank”, eu também senti que as caçadas não ofereceram um grande desafio. Era possível caçar qualquer monstro entre 10 e 15 minutos, mesmo que eu estivesse fazendo tudo sozinha. Pela facilidade que senti, também não precisei dar upgrade no meu equipamento com frequência, o que significa que também não houve necessidade de caçar monstros repetidos para pegar seus pedaços para as armaduras e armas.
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Isso se evidencia mais porque muitos monstros não parecem oferecer mecânicas complexas durante as batalhas, ou seja, não há grandes surpresas em seus padrões de ataque ou no dano causado por eles. Até por isso, você não precisa de estratégias para derrotá-los, como usar certos itens, armadilhas do cenário ou se atentar tanto em que parte do bicho está batendo. Basta bater neles com sua arma sem parar e isso será o suficiente, algo que não é muito emocionante.
Já uma boa notícia para quem prefere jogar sozinho ou tem problemas em encontrar jogadores durante suas caçadas é que Monster Hunter Wilds conta com bots para te auxiliar como se fossem outros caçadores normais. Desta forma, não precisa mais se preocupar com jogadores reais morrendo e encerrando suas caçadas repentinamente, em encontrar gente suficiente para grindar o mesmo monstro dezenas de vezes ou até em iniciar o jogo meses após o lançamento e não encontrar mais ninguém fazendo caçadas iniciais.
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Dito isso, preciso dizer que a quantidade de monstros disponíveis na versão de lançamento fica mais ou menos na média dos games mais recentes da franquia, embora eu não possa revelar números exatos ainda. Os tipos de missões principais e secundárias também não mudaram tanto assim, mas a progressão definitivamente está mais rápida e isso causa um sentimento meio estranho. Afinal, essa combinação de caçadas mais fáceis, menos tempo andando pelo mapa e materiais em abundância faz com que seja possível ver a maior parte do conteúdo e conseguir equipamentos do nível mais alto em 30 e poucas horas.
Depois disso, é claro que você ainda pode continuar caçando versões mais fortes dos monstros que já enfrentou, coletar todas as coroas dos monstros, realizar alguns desafios clássicos que estão em todos os jogos, testar mais armas, fazer builds diferentes, realizar missões secundárias e explorar o mundo com mais calma se quiser. Isso deve aumentar seu tempo com Monster Hunter Wilds de forma significativa, mas para quem estava acostumado a passar horas e horas caçando para ficar mais forte para lidar com monstros mais difíceis mais tarde, a nova progressão pode te deixar sem rumo no começo.
Eu tenho plena noção de que isso não será um problema para todos e, possivelmente, vai ser até um alívio para quem não gostava de caçar os mesmos monstros sem parar para montar uma boa build. Caso você só queira ficar muito forte bem rápido para sair derrotando todos os monstros em pouquíssimos minutos com seus amigos, Monster Hunter Wilds pode ser um dos seus jogos favoritos da franquia. No meu caso, eu achava que o grind era parte da diversão e dava uma satisfação maior quando você finalmente tinha todos os materiais que precisava. De um jeito ou de outro, eu sinto que a falta de dificuldade natural do game ainda vai ser um ponto meio negativo com a maior parte das pessoas.
Armas ainda mais afiadas
O que eu gostei bastante foi o moveset das armas que testei, já que elas não parecem tão simplificadas como eram em Monster Hunter Rise e porque também ganharam alguns golpes inéditos, além de manter combos clássicos que jogadores veteranos já decoraram há anos. Adorei, por exemplo, as pequenas novidades na mecânica de montar nos monstros e, especialmente, o “Modo Foco”, que te permite ver ferimentos nos bichos e dar ataques especiais neles para causar um dano extra e receber uma vantagem no caso de algumas armas, como a Insect Glaive.
Durante as batalhas mais desafiadoras, que só acontecem após o final da trama, isso só torna as caçadas ainda mais incríveis, então só posso imaginar o quanto seria melhor se essa dificuldade estivesse presente durante todo o jogo. Outra novidade bem legal é que você pode levar duas armas com você o tempo todo, sendo possível alternar entre elas a qualquer momento. Desta forma, você não precisa ficar voltando para o acampamento quando quiser se encaixar melhor no grupo de caçadores ou quando só quiser mudar o estilo de luta dependendo do monstro que for enfrentar.
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Para resumir, tudo o que envolve o seu estilo de luta está muito melhor, então realmente acho que só faltou a Capcom caprichar mais nos padrões de ataque dos monstros, torná-los mais únicos entre si e mais desafiadores para que a gente pudesse aproveitar de fato todas essas melhorias com as armas. Não acho que seja algo muito difícil de alcançar com updates futuros, então fico aqui na torcida por essa mudança. Isso é algo que acho crucial para que Monster Hunter Wilds possa ter um ciclo de vida mais longevo.
Algo que achei interessante é a quantidade de vilas e acampamentos que encontramos ao longo do game, que está bem mais diverso do que seus antecessores, que antes se concentravam em um ou, no máximo, dois grandes hubs. Acredito que isso fica mais pro gosto pessoal de cada um, mas é uma maneira de fazer o mundo parecer mais vivo e independente do nosso caçador protagonista. Outro ponto positivo é que o jogo não só está com seu texto todo localizado em nosso idioma, como também está totalmente dublado em português.
Sobre a performance, eu posso dizer que tive uma experiência muito boa no geral no PC, com a placa da AMD Radeon RX 7700 XT, 16 GB de RAM e um Ryzen 5 3600. Com o FSR 3 e o Frame Generation ligados, o game rodou a 60 fps na maior parte do tempo com a configuração no “Alto”, o que já é mais do que eu esperava levando em consideração a experiência que tive durante os betas. Não vou dizer que achei o jogo absurdamente lindo o tempo todo ou livre de pequenos bugs visuais, mas foi uma performance competente num PC que já está lutando pela vida na maioria dos jogos mais recentes.
Vale a pena?
Embora eu tenha certas restrições do que posso falar, acho que deu para passar uma boa noção do que achei de Monster Hunter Wilds. Na minha opinião, esse é um jogo que, apesar de ainda oferecer uma jornada muito divertida, possui alguns buracos no caminho que deixam a experiência meio irregular. Com a chance de soar repetitiva, essa é apenas a impressão inicial da versão de lançamento, que sei que não vai permanecer assim por muito tempo. Só que o papel dessa análise é justamente te falar o que esperar do game se o comprar exatamente durante esse período inicial.
Como eu falei antes, as mudanças na progressão podem ser perfeitas para certos tipos de jogadores, mas para mim não encaixou tão bem assim. A verdade é que isso não me incomodaria tanto se os monstros oferecessem um desafio maior, já que aí realmente poderia tirar proveito de uma build bem forte com poucas horas de jogo. Dito isso, ainda é uma tarefa quase impossível tornar um Monster Hunter em algo ruim ou que não seja muito divertido e esse, felizmente, não é o caso do game inédito da franquia.
Monster Hunter Wilds pode não ser tão grandioso em todos os aspectos, mas é uma aventura digna da sua atenção. A única dúvida é se o que ele oferece agora já é o suficiente para você e seu estilo preferido de jogo ou se vale mais a pena esperar por novos monstros e desafios maiores no futuro.
Nota do Voxel: 85
Pontos positivos:
- A trama possui um destaque maior que em títulos anteriores;
- Os novos combos e golpes das armas são excelentes;
- Ver a mudança dos cenários durante as caçadas é incrível;
- Há inúmeras mudanças de qualidade de vida em relação aos antecessores;
- Texto e dublagem do jogo estão totalmente em português;
- Agora é possível jogar com auxílio de bots, removendo a dependência de jogadores reais.
Pontos negativos:
- Falta desafio nas caçadas ao longo do jogo;
- A progressão é bem rápida e tira o incentivo de continuar caçando;
- Dá para ver todo o conteúdo inédito e ter o melhor equipamento em 30 e poucas horas de jogo;
- Com o Seikret fazendo tudo por você, há pouco incentivo para exploração.
Monster Hunter Wilds chega ao PC, PS5 e Xbox Series S e X em 28 de fevereiro. Uma chave de acesso antecipado ao game foi cedida pela Capcom para a realização da review no PC.