Antes do lançamento dos óculos inteligentes Ray-Ban pela Meta, outras marcas tentaram emplacar acessórios vestíveis no formato de óculos — entre elas, o Google, com o Google Glass. Apresentado inicialmente a testadores em 2013, o acessório teve uma recepção bem diferente do dispositivo recente da empresa de Mark Zuckerberg.
O Google Glass foi formalmente anunciado em abril de 2012, quando o cofundador do Google, Sergey Brin, apareceu com o dispositivo no evento Foundation Fighting Blindness, em São Francisco (EUA). Com o tempo, suas funcionalidades foram reveladas, incluindo o suporte para gravação de vídeos com a câmera embutida.
Diferente dos óculos Ray-Ban da Meta, o Google Glass tinha um design menos voltado para a moda e disponibilidade bastante restrita. Apesar do esquecimento ao longo dos anos, a plataforma só deixou de ser comercializada definitivamente em março de 2023.
Como era o Google Glass?
O Google Glass tinha uma estrutura semelhante à de óculos convencionais, mas com um módulo lateral contendo os componentes eletrônicos para os controles de toque, câmera e tela. Essa assimetria tornava o acessório bastante reconhecível.
Entre seus recursos, o dispositivo contava com uma câmera de 5 MP capaz de capturar fotos e vídeos em até 720p. A lateral permitia gestos de toque, como deslizar para trás para acessar informações rápidas e para frente para visualizar chamadas e fotos.
O grande diferencial estava na tela: um display de 640×360 pixels com tecnologia de cristal líquido em silício e iluminação LED, posicionado na frente de uma das lentes. O sistema projetava imagens visíveis apenas para um dos olhos do usuário.
Internamente, a primeira versão do acessório, o Google Glass Explorer Edition 1, trazia especificações modestas para os padrões atuais: 16 GB de armazenamento (com 12 GB utilizáveis), 1 GB de RAM e um chipset Texas Instruments OMAP 4430 SoC dual-core de 1,2 GHz (ARMv7), rodando o Android 4.4 KitKat.
Ao longo do tempo, o dispositivo recebeu versões aprimoradas. A Explorer Edition 2 aumentou a RAM para 2 GB e adicionou suporte a lentes de prescrição médica. Depois, surgiram as edições Enterprise Edition e Enterprise Edition 2, que receberam revisões mais profundas no hardware.
A última versão, o Google Glass Enterprise Edition 2, contava com as seguintes especificações:
- Processador Qualcomm Snapdragon XR1 (Quad-Core) de até 1,7 GHz;
- 3 GB de RAM LPDDR4;
- Bluetooth 5.x;
- Câmera de 8 MP com campo de visão de 80°;
- USB-C;
- Bateria de 820 mAh com recarga rápida;
- Resistência contra água e poeira;
- Android 8 Oreo.
Desenvolvimento e lançamento do Google Glass
O Google Glass foi desenvolvido pelo Google X, divisão da empresa focada em avanços tecnológicos. O acessório passou por diversas revisões antes de ser disponibilizado para early adopters.
Embora tenha sido apresentado oficialmente em abril de 2012, seu lançamento só ocorreu em abril de 2013. O dispositivo custava US$ 1.500 (R$ 8.533 na cotação atual) ou, considerando a inflação até 2025, US$ 2.500 (R$ 14.200). Para comparação, o Apple Vision Pro, headset de realidade mista da Apple, foi lançado por US$ 3.500 (R$ 19.900).
A disponibilidade do Google Glass sempre foi restrita e controlada pelo próprio Google, que determinava quem poderia adquiri-lo. Esse critério só mudou com o lançamento das versões corporativas.
Qual era o sistema do Google Glass?
O Google Glass rodava uma versão adaptada do Android 4.4 KitKat, com uma interface específica para o formato do dispositivo. Sem uma tela sensível ao toque maior ou rastreamento de mãos, a navegação dependia dos controles laterais e de comandos de voz.
O sistema suportava tanto plataformas do próprio Google quanto aplicativos de terceiros. Entre os apps disponíveis estavam Facebook, Twitter, Evernote, Skitch e The New York Times, com novas adições ao longo do período de suporte.
Como foi a recepção do Google Glass?
O Google Glass foi testado em diversas aplicações profissionais, como jornalismo e medicina, mas sua adoção pelo público gerou preocupações, especialmente em relação à privacidade.
Houve controvérsias sobre o uso do acessório para reconhecimento facial e gravações discretas em locais públicos ou estabelecimentos comerciais. Além disso, a constante exibição de notificações no campo de visão do usuário levantou questões sobre distrações e segurança. Por conta disso, o dispositivo chegou a ser proibido em cinemas e cassinos nos Estados Unidos.
Muitos desses problemas foram mitigados nos óculos inteligentes Ray-Ban, que não permitem gravações tão discretas. Além disso, a percepção do público em relação a câmeras em espaços públicos mudou significativamente com a popularização dos smartphones.
Por que o Google Glass acabou?
O motivo do encerramento de suporte do Google Glass não foi divulgado, mas provavelmente foi consequência da recepção negativa do público e do preço proibitivo. Além disso, o óculos não se mostrou tão útil para o dia a dia a ponto de justificar a aquisição, além de ter um visual bastante exótico.
O modelo original do Google Glass deixou de ser produzido em 2015, apenas dois anos após seu lançamento. Ele foi sucedido pelas versões Enterprise Edition e Enterprise Edition 2, destinadas ao uso corporativo e disponibilizadas para venda direta em 2020.
No entanto, essa linha também chegou ao fim em março de 2023, quando o Google encerrou oficialmente as vendas do acessório.
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