Bateu o olho na foto de destaque dessa notícia e ativou algumas memórias? Então com certeza você deve ter vivido o início dos anos 2000, momento em que a Nokia ainda era uma referência no campo da tecnologia.
Fundada em 1865 na Finlândia como uma empresa que comercializava papel, a Nokia passou por diversas transformações antes de se tornar uma gigante das telecomunicações. Entretanto, em um mercado onde o ritmo de inovação é frenético, a marca perdeu relevância, levantando hoje a pergunta: que fim levou a Nokia?
A ascensão da Nokia: domínio do mercado de celulares
Na década de 1990, a Nokia despontou como a principal fabricante de telefones celulares do mundo, liderando o mercado com aparelhos icônicos com o Nokia 3210 e o Nokia 3310. Estes modelos se tornaram famosos pela durabilidade e, especialmente, pela longa duração da bateria (acredite, uma recarga era capaz de durar vários dias em standby).
Além disso, a empresa foi pioneira em diversas inovações tecnológicas, como a introdução de ringtones personalizados e do popular jogo Snake, que por aqui ficou bastante conhecido como o “jogo da cobrinha”.
Em 1998, a Nokia ultrapassou a Motorola e se tornou a maior fabricante de celulares do mundo, uma posição que manteve até 2011. Importante lembrar aqui que a aposta em tecnologias como o GSM (Global System for Mobile Communications) ajudou a consolidar sua liderança, permitindo que seus aparelhos fossem compatíveis com as redes móveis de diversos países, incluindo o Brasil.
A chegada dos smartphones
Apesar de seu sucesso inicial, a Nokia enfrentou desafios sérios a partir de 2007, com o lançamento do iPhone pela Apple e, posteriormente, com o surgimento do Android.
Enquanto a concorrência apostava em telas sensíveis ao toque e sistemas operacionais modernos, a Nokia insistiu no uso de seu próprio sistema operacional, o Symbian. Porém, ele não conseguia competir em termos de usabilidade, design e integração com aplicativos, o que acabou deixando a empresa para trás.
Essa demora em adotar uma estratégia competitiva para o mercado de smartphones foi fatal para a Nokia. Em 2011, em uma tentativa de recuperar terreno, ela firmou uma parceria com a Microsoft e lançou dispositivos com o sistema operacional Windows Phone. E, como muitos devem se lembrar, o Windows Phone falhou em atrair desenvolvedores de aplicativos e perdeu mercado, deixando a Nokia cada vez mais irrelevante no setor.
A venda para a Microsoft
Após algum tempo amargada no esquecimento, a Nokia vendeu sua divisão de dispositivos e serviços para a Microsoft em 2014 por US$ 7,2 bilhões (quase R$ 44 bilhões). A aquisição fez parte da estratégia da empresa de Bill Gates de entrar no mercado de smartphones, mas a tentativa não deu certo. Em poucos anos, a Microsoft abandonou o setor de hardware móvel, encerrando a linha de smartphones Lumia e colocando um fim à presença da Nokia no mercado de celulares.
Como está a Nokia hoje?
É verdade que a Nokia já não tem mais o mesmo peso de outros tempos no mercado de smartphones, mas marca está bem longe de ser considerada esquecida ou sumida.
Em 2016, a HMD Global, uma startup finlandesa formada por ex-executivos da própria Nokia, adquiriu os direitos de usar o nome Nokia em celulares. Desde então, a HMD lançou diversos modelos de smartphones com Android e também aparelhos clássicos retrô, como o relançamento do famoso Nokia 3310.
Atualmente, a Nokia também é uma das principais fornecedoras de infraestrutura de telecomunicações do mundo, competindo com gigantes como Huawei, Ericsson e ZTE no mercado de redes 5G.
No geral, a empresa voltou seu foco para o setor empresarial e para soluções de conectividade, consolidando sua posição como um nome importante em um mercado diferente daquele que a consagrou anos atrás.
Lições da história da Nokia
A história da Nokia é um exemplo claro de como a inovação constante é crucial no setor de tecnologia. A empresa dominou o mercado durante anos, mas teve uma queda drástica por conta da sua insistência em tecnologias ultrapassadas, bem como a sua falta de visão para antecipar as mudanças no comportamento dos consumidores.
Ainda assim, ela mostrou que é possível se reinventar mesmo após grandes derrotas. Por isso, a Nokia hoje é um exemplo de uma empresa que, embora não seja mais a gigante que um dia foi, encontrou novas formas de se manter presente no mercado de tecnologia.