Que ninguém se espante se, no Natal deste ano, o Papai Noel tiver que ser resgatado ao tentar voltar para casa após sua cansativa noite de distribuição de presentes. É que o polo norte magnético, lugar para onde todas as bússolas apontam, está se movimentando através do Ártico, a velocidades jamais vistas nos últimos 400 anos, conforme os dados do satélite.

Ao contrário do suposto lar do bom velhinho — o Polo Norte geográfico que fica fixo no Ártico—, o polo norte magnético está sempre se movimentando, deslocando-se a muitos quilômetros a cada ano, impulsionado pelas mudanças no fluxo do ferro líquido no núcleo externo da Terra.

Embora seja o ponto onde as linhas do campo magnético terrestre são verticais, o Polo Norte magnético, muitas vezes afeta os sistemas de navegação com suas constantes movimentações, demandando atualizações em mapas e bússolas, para manter a precisão. Além disso, é impressionante como ele afeta a tecnologia e a natureza na Terra.

As diferenças entre o polo norte magnético e o geográfico

Para tentar diminuir as discrepâncias entre o “norte de verdade” que é o eixo geográfico em torno do qual o nosso planeta gira, e o norte magnético que é para onde as bússolas apontam, cientistas do Serviço Geológico Britânico (BGS) se juntam à Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos EUA a cada cinco anos para atualizar o Modelo Magnético Mundial.

O WMM, na sigla em inglês, é um sistema padrão importante para navegação e orientação global. São vários mapas representando matematicamente o campo magnético terrestre, com dados precisos sobre sua força e direção em qualquer ponto do planeta.

A atualização mais recente, ocorrida em 2020, mostrou um norte magnético chispando pelo Ártico canadense a 55 km por ano em média, em direção à Sibéria. Segundo o BGS, é a mudança mais rápida já registrada desde meados do século 16. De 1590 a 1990, essa velocidade era inferior a 10 km por ano quando, do nada, acelerou para quase 60 km por ano.

Como são formados os polos magnéticos da Terra?

x. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
Movimento de convecção é o que produz o campo magnético da Terra. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Os polos magnéticos da Terra são formados pelo chamado movimento de convecção que ocorre no núcleo externo, entre o manto terrestre e o núcleo interno sólido. Como em um fogão de indução, o núcleo interno superquente (de ferro e níquel sólidos) aquece o material acima dele, composto pelos mesmos materiais, que se tornam menos densos e sobem.

Quando se aproximam do manto (mais frio), esses materiais esfriam, se tornam mais densos e descem. A repetição contínua desse ciclo, em padrões circulares, faz com que o ferro condutivo gere correntes elétricas que formam o campo magnético da Terra no chamado efeito dínamo.

As linhas de força magnética geradas emergem perto dos polos geográficos, mas não exatamente nos mesmos pontos, e é por isso que o polo norte magnético não coincide com o polo norte geográfico, e está sempre “flutuando” alguns quilômetros a cada ano.

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