O racismo se expressa de muitas formas. E, por mais incrível que pareça, ele foi inclusive projetado em alimentos que foram usados para difundir estereótipos negativos sobre a população negra ao longo da história. Conheça 4 destes casos.

Frango frito

(Fonte: Unsplash)(Fonte: Unsplash)

Nos Estados Unidos, o frango frito tem uma associação racista bastante pejorativa. Há uma razão histórica, que é a seguinte: com a fim da Guerra da Secessão e a derrota dos Confederados, a escravidão foi abolida. Por consequência, as pessoas escravizadas que foram libertadas tiveram que achar maneiras de se virar.

Para auxiliar suas famílias, muitas mulheres passaram a vender comida caseira — dentre eles, o frango frito — para os passageiros que circulavam nos trens. Várias dessas mulheres ganharam um bom dinheiro dessa forma, o que acabou fazendo com que os sulistas brancos vissem esse sucesso como uma afronta.

Assim, não demorou muito para que caricaturas de negros com frango frito aparecessem em vários lugares, como em objetos domésticos, tais como talheres e saleiros. Além disso, elas passaram a circular em jornais, difundindo o estereótipo pelo país todo. Nestes desenhos, as pessoas negras sempre apareciam consumindo estes alimentos com as mãos, enfatizando uma espécie de “brutalidade” nelas, e mesmo uma associação a animais.

O estereótipo ficou tão forte que foi parar no cinema. No clássico O Nascimento de uma Naçãode 1915, o diretor DW Griffith retrata negros (na verdade, atores brancos fazendo black face) indo parar no Congresso, enquanto comem frango frito com as mãos.

Melancia

(Fonte: Stringfixer)(Fonte: Stringfixer)

Nos Estados Unidos, a melancia também tem uma conotação semelhante à do frango frito. Isto acontece porque, da mesma forma que o frango, a plantação de melancia também se tornou um meio de sobrevivência para as pessoas escravizadas recém-libertas.

Os negros tinham permissão para plantar poucas frutas — uma delas era a melancia. Por conta disso, ela se tornou um símbolo de liberdade a esta população, uma vez que começou a se tornar o seu sustento. Logo, os brancos também começaram a destruir este simbolismo ao associar a melancia com sujeira e preguiça.

Começaram a surgir caricaturas de pessoas negras comendo melancia com as mãos e se lambuzando. Muitas vezes, apareciam deitadas enquanto comiam, fortalecendo a associação com a preguiça. A ideia era mostrar negros como animais incivilizados, bem inferiores aos “humanos” brancos.

Nega maluca

(Fonte: Delicitas)(Fonte: Delicitas)

Já no Brasil, é bem tradicional o chamado bolo “nega maluca”, feito inteiro com chocolate. Há algumas versões sobre por que ele levou esse nome. A primeira é que, por volta de 1840, uma mulher escravizada teria derrubado café na receita, ao invés de chocolate. Ela não saberia falar português, e por isso teria sido chamada de nega maluca.

A segunda é que o “maluca” do nome se refere às trocas de ingredientes — óleo ao invés de manteiga, chocolate ao invés de café. De todo modo, a expressão é racista, e já há várias confeitarias que não a usam mais.

Banana

(Fonte: InfoEscola)(Fonte: InfoEscola)

O exemplo mais comum de alimento com conotação racista no Brasil (e em vários lugares do mundo), sem dúvida, é a banana. Não por acaso, seguidamente sabemos de casos de torcedores de futebol em estádios na Europa que arremessam bananas em direção ao campo para ofender jogadores negros.

A associação racista da banana é bem óbvia: ela é usada por ser o alimento preferido dos primatas. Portanto, associa-se os negros a macacos, que seriam evolutivamente inferiores aos brancos.

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