Em West Side Story, um dos musicais mais emblemáticos de todos os tempos, escrito por Arthur Laurents e com letras e música de Stephen Sondheim, a canção “América” se destaca como uma reflexão hilária e controverso da imigrante Rosalia contra Anita, uma que deprecia a cidade natal em Porto Rico, e a outra que exalta de maneira utópica os Estados Unidos, respectivamente.
“Tudo é de graça na América por uma pequena taxa”. “Conforto é tudo o que você tem na América”. Essa era a visão de pessoas como Anita, em meados da década de 1950, que fugiram dos seus países para tentar uma vida melhor na “terra das oportunidades”, enchendo o subúrbio de Manhattan, em Nova York, um dos “portões de entrada” dos americanos no país.
Todas essas pessoas estavam atrás de um objetivo: o tão esperando sonho americano, que se tornou uma falácia assim que começou a ser comercializado para maximizar e potencializar a imagem de um país utópico — e há muito já deixou de existir.
A “terra da oportunidade”
(Fonte: The New York Times/Reprodução)
É bom lembrar que a história da América começou com a imigração, sendo que em 1620, um grupo de cerca de 100 pessoas — mais tarde conhecido como peregrinos — fugiu da Europa e chegou na atual Plymouth, em Massachusetts, onde estabeleceu uma colônia, tudo para conseguir exercer sua fé sem perseguição religiosa.
Quando a imigração moderna teve início nos EUA, em meados de 1820, na primeira onda, esse foi só apenas um dos motivos de uma longa lista, que fizeram os britânicos escolherem o país como nova casa. Entre outras motivações estão a busca por melhores condições de vida, mais oportunidades de trabalho, melhor educação, liberdade pessoal ou alívio de perseguição política e religiosa. Essas pessoas fugiam do fracasso de colheitas, da escassez de terras e empregos, do aumento de impostos, da fome e da miséria.
A segunda onda, entre 1840 e 1850, foi dominada por católicos irlandeses e alemães que enfureceu o domínio da Igreja Protestante, causando uma reação contra eles, que só teve fim na década de 1860, com a interrupção da imigração devido à Guerra Civil. Um grupo de chineses também chegou ao país durante a Corrida do Ouro na Califórnia, em 1849, e antes de ser instaurada a Lei de Exclusão Chinesa de 1882, interrompendo sua imigração.
(Fonte: Wikipedia/Reprodução)
Isso porque, ao longo de 100 anos, os EUA acolheram os estrangeiros, em boa parte, porque eles facilitaram o estabelecimento de um país mais amplo, fomentando a mão de obra operária que o construía. No entanto, no início da década de 1870, a instabilidade econômica gerou uma competição em larga escala entre imigrantes e nativos por empregos que, por muito tempo, foram reservados aos chineses.
O sentimento de antipatia, suspeita e ódio racial contra os asiáticos surgiu a partir desse momento, gerando revoltas e tumultos para que o governo fizesse algo para proibir que eles continuassem chegando no país e “roubando” do “verdadeiro povo americano”. Portanto, o Congresso aprovou a Lei de Exclusão, que se manteve ativa por um século.
Ela foi considerada um verdadeiro divisor de águas na política de imigração nos EUA, visto que, a partir de 1880, eles enfrentaram uma era de restrições qualitativas de imigrantes, principalmente aqueles com contratos que os vinculavam a um empregador por vários anos. Já em 1920, foi estabelecido um teto para o número de pessoas aceitas a cada ano. Até aquela década, mais de 12 milhões de imigrantes haviam chegado no país.
Apenas um sonho
(Fonte: Pinterest/Reprodução)
Segundo os dados fornecidos pelo PRB, os EUA admitiram cerca de 250 mil imigrantes por ano na década de 1950; sendo 330 mil em 1960; 450 mil em 1970; mais 735 mil em 1980; e mais de 1 milhão por ano desde 1990. A partir de 1970, a origem da maioria dessas pessoas mudou de europeu para latinos e asiáticos, sendo que, entre os anos 2000 e 2009, mais de três quartos dos 10 milhões de imigrantes admitidos eram dessa origem.
Em meio a tudo isso, o que motivou milhares de pessoas a quererem tentar a vida na América, começou com a Declaração de Independência, que proclama que “todos os homens são criados iguais com direito à vida, liberdade e busca da felicidade”. O verdadeiro “sonho americano” que essa frase defende, não tinha em nada a ver com riqueza individual, mas um sonho de igualdade, justiça e democracia para uma nação. Mas não foi bem assim que aconteceu.
Apoiado nesse princípio, o termo ‘sonho americano’ só foi cunhado em 1931, pelo historiador James Truslow Adams, em seu livro Epic of America, onde escreveu: “Aquele sonho de uma terra em que a vida deveria ser melhor, mais rica e mais completa para todos, com oportunidades para cada um de acordo com sua capacidade ou realização”.
O livro é uma reflexão sobre o que pode ter acontecido de errado com a América durante a Grande Depressão, quando os EUA passaram a se preocupar mais com o bem-estar material, esquecendo dos princípios e sonhos sobre os quais o país havia sido fundado.
(Fonte: By Arcadia/Reprodução)
Esse marco na História teria sido o responsável por deturpar todo o significado, o que foi totalmente refletido na política imigratória ao longo dos anos. Com início da Guerra Fria, o sonho americano se tornou uma propaganda no exterior para uma versão dos EUA mais capitalista no consumo da democracia, não mais se concentrando nos princípios da democracia liberal como era antes.
Foi então que a “terra da oportunidade” deixou de oferecer qualquer coisa além de um sonho, com uma onda de desigualdade que congelou qualquer chance de sucesso no século passado, mas ainda fomentando a imagem de um país que nem sequer existe mais, tampouco vem em primeiro lugar.
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