Estacionamentos, lojas e showrooms da montadora Tesla viraram palco de série de protestos nos Estados Unidos. Nas últimas semanas, centenas de pessoas em diferentes cidades se reuniram para protestar contra o atual CEO da empresa, Elon Musk, que atua desde o começo de 2025 como membro do governo de Donald Trump.
Na última semana, de acordo com a Reuters, cerca de 350 pessoas se reuniram em frente a uma loja da companhia no Oregon, em uma das muitas manifestações contra Musk. O protesto tem sido chamado de Tesla Takedown e se repetiu com uma quantidade parecida de pessoas também em Manhattan, com algumas prisões após alguns dos participantes invadirem o local.
Porém, nem todas as ações ficaram restritas a passeatas e cartazes. No começo de março, autoridades anunciaram a prisão de Lucy Grace Nelson em Salem, no estado norte-americano do Oregon, por fazer pichações e até jogar coquetéis Molotov em uma loja da montadora. Em casos independentes, até estações de recarga da companhia também foram alvo de ataques, com algumas unidades incendiadas na região de Boston.
Além disso, modelos da picape elétrica Cybertruck tem sido constantemente vandalizados em estacionamentos ou nas ruas. São comuns pichações na lataria dos veículos, em especial de suásticas e outras referências ao gesto nazista feito por Musk durante o discurso do bilionário na posse de Trump. A imagem do empresário com o braço estendido virou também símbolo de cartazes e adesivos.
A ideia dos manifestantes é convencer o público e os acionistas de que a companhia é “tóxica”. Em outras palavras, indicar que ela está com a imagem manchada pelo envolvimento político do empresário, que é o atual gerente executivo da marca e dono de pouco mais de 12% das ações da montadora.
Por que há protestos contra Elon Musk?
As manifestações contra Musk envolvem principalmente as atividades políticas do bilionário, tanto nos Estados Unidos — onde ele é um funcionário do governo de Trump — quanto em países da União Europeia.
Após participar ativamente da campanha eleitoral, Musk foi confirmado como o responsável pelo recém-criado Departamento de Eficiência do Governo, ou DOGE, nome da “memecoin” favorita do bilionário. As atividades desse órgão ainda são recentes, mas já carregadas de controvérsia.

O DOGE tem realizado uma série de cortes e mudanças em secretarias do país, incluindo a tentativa de descontinuar os projetos humanitários de financiamento internacional USAID. Além disso, já foram muitas as demissões ou aposentadorias forçadas de funcionários públicos supostamente excedentes. Alguns casos até viraram notícia, como os pesquisadores da agência de segurança nuclear que tiveram que ser recontratados, já que não havia quem fizesse esse mesmo trabalho tão importante.
Além disso, as ações de Musk são realizadas com pouca transparência e sem passar por qualquer avaliação de outras áreas, como o Congresso. Também sem um cargo formalizado na gestão, o bilionário empregou funcionários inexperientes e até com histórico de cibercrimes, dando a eles acesso a bases de dados e sistemas importantes da população.
Musk ainda é acusado de conflito de interesses, por atuar dentro de um governo que também é o responsável por fechar uma série de contratos com as empresas da qual ele é dono. É o caso da companhia de exploração e transporte espacial SpaceX, a operadora via satélite Starlink e a própria Tesla, que pode fornecer carros para uso militar.
Os efeitos na Tesla da Europa
Para além dos EUA, Musk é criticado por tentar interferir em eleições em outros países, como no caso da Alemanha. Lá, ele expressou apoio e participou de comícios do partido de extrema-direita AfD, que conseguiu um desempenho expressivo na última votação nacional.
Em países da Europa, a forma de protesto envolve atingir principalmente as finanças da empresa. Em janeiro de 2025, a venda de modelos da Tesla caiu quase pela metade na região, com o desempenho na própria Alemanha sendo o pior em quatro anos. No Reino Unido, ela perdeu o primeiro lugar do setor de carros elétricos pela primeira vez, ficando atrás em volume de veículos comercializados pela chinesa BYD.
Até agora, Musk pouco falou sobre as manifestações. Em resposta a um dos participantes que alegou “liberdade de expressão” ao vandalizar a lateria de veículos da Tesla, porém, o bilionário respondeu no X, o antigo Twitter, que “danificar a propriedade de outras pessoas” seria vandalismo e não se configura como o livre discurso.
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