Conhecido internacionalmente por seus filmes de desastres globais, Roland Emmerich apresentou, no início de fevereiro, Moonfall — Ameaça Lunar, revelando como o planeta se comportaria caso a Lua iniciasse rota de colisão com a Terra. Porém, diferentemente de suas produções anteriores (2012, O Dia Depois de Amanhã), o longa conta com um forte apelo científico e detalha algumas curiosidades sobre a condição humana no espaço, como o impacto da diarreia no organismo durante uma viagem para além da atmosfera.

Como é de se imaginar, a Estação Espacial Internacional da NASA possui grandes limitações, especialmente em relação aos aspectos sanitários, visto que os equipamentos de eliminação de resíduos atendem às condições de tamanho, peso e potência impostas pelos sistemas das espaçonaves. Dessa forma, tripulantes que apresentem problemas intestinais ou possuam Síndrome do Intestino Irritável (SII) normalmente enfrentam algumas barreiras durante suas missões.

Porém, desde a década de 1970, mais especificamente ao final das missões Apollo, engenheiros da agência espacial norte-americana investiram mais de US$ 19 milhões em cômodos especiais, garantindo que os astronautas utilizem banheiros adequados e estejam equipados com trajes preparados para lidar com tais inconvenientes. Hoje, a estação abriga seis ou sete tripulantes internacionais de cada vez, com todos compartilhando um ou dois cômodos sanitários movidos à sucção.

Para garantir que não haja acúmulos ou problemas de má higiene, o tempo de ocupação em banheiros é rigidamente controlado, exigindo um trabalho mental especialmente para novatos, que não estão acostumados com os impactos da gravidade no organismo e podem sentir vontades anormais. Apesar disso, segundo o cirurgião da NASA Josef Schmid, os tripulantes possuem horários flexíveis e podem adaptar o tempo de suas tarefas, realizando as pausas necessárias para fazer o número 2.

“Há muitas pessoas que têm problemas”, diz Schmid. “Uma coisa que me lembro da minha formação médica é que a única pessoa ‘normal’ simplesmente não foi avaliada o suficiente. Uma das coisas que pergunto a eles todos os dias quando chegam à órbita é: ‘como você está se alimentando?’ E a próxima coisa que pergunto a eles é: ‘como está indo a função do banheiro?’ Porque eu sei que uma vez que não há constipação, eles estão realmente acomodados e indo bem”.

Como o “número 2” funciona na prática?

Normalmente, os lançamentos espaciais são longos e estressantes, e os astronautas são forçados a ficarem por horas dentro de um foguete em uma posição pouco agradável — com os pés no mesmo nível do coração. Com o tempo, os fluidos se acumulam e a constipação torna-se um evento esperado graças à desidratação. Desta forma, os viajantes, além de terem a opção de ir ao banheiro antes da decolagem, voam equipados com um saco plástico de três camadas em um balde.

A ida ao banheiro é um módulo de treinamento e permite que os astronautas trabalhem seu corpo para se ajustar às condições adversas. Todos são indicados a cumprir um cronograma de dieta e hidratação monitorado, ao mesmo tempo que recebem muitas orientações de especialistas e descobrem a melhor forma de contornar sintomas de diarreia ou problemas gástricos em potencial.

Após relatos de “vários eventos de diarreia atribuídos a múltiplas causas” em voos espaciais, segundo relatório de 2016 do Human Research Project, a NASA busca priorizar o tratamento alimentar e intestinal de seus colaboradores, visando as próximas missões de exploração e mais riscos ocasionados pelo desconforto.

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