O Brasil já enfrentou diversas epidemias — de dengue, zika, covid-19 etc. Mas existe uma epidemia “silenciosa”, ocultada pela aceitação social, que afeta cada vez mais pessoas e compromete o comportamento e a personalidade: o narcisismo patológico.
É o que alerta o neurocientista PhD Dr. Fabiano de Abreu Agrela, autor de diversos estudos publicados sobre o assunto. Segundo ele, os índices de ansiedade e uso de eletrônicos no Brasil facilitam a instalação da patologia: “A sociedade brasileira é a mais ansiosa do mundo, também é a que mais passa tempo nas telas. A ansiedade leva a sensações de pendências que colocam o sujeito em uma atmosfera negativa de ameaça e o comportamento rotineiro de redes sociais mascara o narcisismo patológico, tornando-o uma epidemia normalizada pela aceitação”.
Problema verdadeiro
(Fonte: Shutterstock)
Há quem duvide da classificação do narcisismo como um transtorno, qualificando-o apenas como um traço de personalidade. No entanto, de acordo com o Dr. Fabiano de Abreu, o narcisismo patológico, principalmente por ser culturalmente aceito, representa um perigo para o futuro da sociedade.
“Na tentativa de impedir seu avanço, são criados mecanismos mais salutares de exposição nas redes sociais. A recompensa instantânea retira-o dessa sensação, mas torna-se viciante, iniciando um círculo vicioso e acionando um gatilho interminável de dor e prazer. O processo molda o cérebro e acarreta comportamentos que se tornam culturais e desenvolvem a patologia”, explica o neurocientista.
“Estamos falando de narcisismo patológico, que formata um cérebro e um DNA, que será passado de geração para geração, enraizado em comportamentos culturalmente aceitos, porém trazendo consequências sérias para o futuro, promovendo psicopatologias futuras que se tornaram epidêmicas”, ele conclui.
O que é narcisismo patológico?
(Fonte: Shutterstock)
O narcisismo patológico é uma admiração e uma valorização extrema por si mesmo. No entanto, em níveis mais elevados, o comportamento torna-se uma patologia que gera um grande autoapego e uma necessidade de admiração e reconhecimento.
As pessoas que sofrem da patologia podem ser manipuladoras e abusivas com terceiros para conseguir aclamações, comumente usam de dissimulação para não passar a ideia de desequilíbrio, podendo dificultar a identificação do transtorno e até torná-lo socialmente aceito.
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