O famoso Livro Guinness dos Recordes anunciou recentemente uma nova conquista que não pode ser conferida a olho nu. Trata-se da menor escultura feita à mão em todos os tempos. Terminada em 1º de agosto de 2024 e agora confirmada pela organização que documenta e certifica recordes mundiais, o impressionante trabalho é do microartista David A. Lindon, de Leeds no Reino Unido.
A menor escultura artesanal do mundo é um microtijolo vermelho de Lego, que mede somente 0,02517 mm por 0,02184 mm, o que é muito próximo do tamanho de um leucócito, o glóbulo branco do sangue. Para concluir a obra de arte, Lindon utilizou um microscópio óptico especialmente ajustado para auxiliar no processo de criação da peça.
O artista afirmou à BBC que a minúscula escultura recordista levou meses de planejamento e criação, até atingir seu formato final. Ao todo, foram criadas três peças de Lego de tamanhos diferentes, cada uma delas esculpida com agulhas de microblading nas pontas de chaves de fenda do instrumento, muitas delas com acessórios microscópicos adicionais.
Como foi criada a menor escultura artesanal do mundo?
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Embora seja conhecido por suas esculturas em escala microscópica, nessa obra David Lindon caprichou. Trabalhou de forma meticulosa todos os dias, durante seis a dez horas noturnas, para evitar as vibrações do trânsito. Buscando a perfeição, teve que aprender a controlar sua respiração, pois “até o pulso do coração batendo nos dedos cria muito movimento”, explicou o artista ao Guinness World Records.
Lindon criou três minúsculos tijolos de Lego, cada um mais fino que um fio de cabelo e facilmente acomodado numa cabeça de alfinete. O bloco de oito pontos foi reconhecido como a estrutura mais estreita já construída, enquanto o de quatro quebrou o recorde estabelecido em 2017. Mas foi com o tijolo de um ponto, esculpido em apenas 20 minutos, que ele quebrou seu próprio recorde.
A minúscula obra de arte foi medida pela fabricante de microscópios Evident Scientific, e conferida pela Spectrographic Limited de Leeds, que a confirmou como menor escultura da história, batendo em quatro vezes o recorde anterior de Willard Wigan. “É loucura, eu sei. Eu adoro a expressão de admiração e surpresa no rosto das pessoas quando elas veem minha arte pela primeira vez. Ver pessoalmente é de tirar o fôlego”, afirma Lindon à BBC.
Quem é David Lindon, autor da menor escultura do mundo?
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Ex-engenheiro do Ministério da Defesa do Reino Unido, David Lindon trabalha com microarte desde 2019. Suas esculturas são menores do que um grão de areia, cabem com folga no buraco de uma agulha ou na ponta de um fio de cabelo. Além de um controle extremamente preciso, o trabalho demanda ferramentas especiais. As obras são feitas com materiais como ouro, platina e fibra de vidro, e depois pintadas com um fio de cabelo modificado.
O trabalho de Lindon desafia os limites da arte e da percepção humana, beirando uma estética quântica que fascina, mas prova que beleza e complexidade podem existir em escalas subatômicas. Por ser invisível a olho nu, a microescultura exige conexões com a nanotecnologia e a microengenharia, destacando uma interseção entre arte e ciência.
Logo em suas primeiras criações, o britânico produziu peças com recriações em miniatura das pinturas A Noite Estrelada, Girassóis e um autorretrato de Van Gogh, que se encaixam em um mecanismo de relógio, cada uma delas com 0,5 mm. Posteriormente, ele reproduziu os icônicos Balloon Dogs, de Jeff Koons, porém em escala micrométrica.
Os riscos inesperados de fazer microarte
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Em seu site, Lindon fala das dificuldades e riscos enfrentados por quem produz microarte. Em 2023, quando trabalhava em uma versão miniaturizada da “Mulher Que Chora” de Picasso, uma respiração um pouco mais acelerada fez com que ele rasgasse, sem querer, o que seria o mais caro quebra-cabeça do mundo. Recuperando a calma, ele se acalmou e costurou de novo o trabalho, “como um cirurgião trabalhando em uma mesa de operação”.
O microartista explica que, como as peças são muito delicadas, existem certos “perigos” ao movê-las. “Muitas vezes, já perdi uma peça por esmagá-la acidentalmente”, afirma Lindon. Ele jura que sua primeira Amy Winehouse continua em algum lugar no carpete do seu quarto ou presa na sola de algum sapato, pois nunca foi encontrada.
Outro perigo constante é a eletricidade estática que se forma na superfície dos carpetes, devido ao atrito. Segundo o britânico, essa força simplesmente quebra uma arte do nada, como se fosse mágica. Nesse microuniverso, um espirro ou uma tosse são perigosíssimos, sem contar a tragédia de uma lufada de vento. Uma vez que uma peça é perdida, o artista diz já ter passado horas procurando por ela com uma lupa na mão, muitas vezes sem sucesso.
Você conhecia a microarte? O que acha de ir a uma exposição e ter que admirar as peças exibidas por meio de um microscópio? Comente em nossas redes sociais e compartilhe a matéria com seus amigos e seguidores. Quanto se trata de microarte, o mínimo que você pode fazer é sempre o máximo.