Quando surgiram os humanos modernos? De acordo com o que se sabe, o chamado Homo sapiens habita a Terra há pelo menos 300 mil anos.

Mas uma pesquisa divulgada recentemente sugere que há mais coisas ainda desconhecidas na história da humanidade: uma linhagem até então desconhecida que pode ter sido a conexão entre os neandertais e os humanos modernos por cerca de 50 mil anos.

Novas descobertas

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Arqueólogos encontraram uma linhagem humana “híbrida” em escavações no Levante. (Fonte: Wikimedia Commons / Reprodução)

Arqueólogos encontraram cinco sepultamentos em uma caverna que parecem pertencer a uma linhagem humana enigmática. Em sua investigação, os pesquisadores levantam a hipótese de que esses humanos compartilhavam aspectos referentes a seu estilo de vida, tecnologia e costumes funerários tanto com humanos modernos quanto com os neandertais.

O que a descoberta revela é que os neandertais, os humanos modernos (Homo sapiens) e as linhagens humanas relacionadas podem ter vivido no mesmo território por cerca de 50 mil anos.

O que não se sabe, entretanto, é qual grupo influenciou o outro. As cavernas foram encontradas na região de Levante, que fica na parte oriental do Mediterrâneo e que hoje inclui a Palestina, a Jordânia, o Líbano e a Síria. 

Essa região teria sido lar há pelo menos três grupos distintos de humanos: os mais modernos, os neandertais e a uma terceira linhagem, descoberta no sítio pré-histórico de Nesher Ramla, que se assemelhava muito com as duas primeiras.

Os achados arqueológicos sugerem que o local pode ter servido como um acampamento temporário de caça e abate. Liderados por Yossi Zaidner, arqueólogo paleolítico da Universidade Hebraica de Jerusalém, os pesquisadores se concentraram na caverna Tinshemet, que fica a cerca de 10 quilômetros de Nesher Ramla. 

Esta caverna foi achada pela primeira vez em 1940. A novidade são os achados de cinco sepultamentos pertencentes à espécie Homo, e tidos como os primeiros sepultamentos do Paleolítico Médio encontrados nesta região em mais de 50 anos.

Os restos humanos presentes neste local são de pessoas que foram enterradas em posição fetal. Além disso, continham pigmento vermelho ocre, o que insinua alguma ligação com práticas funerárias. 

Por que as descobertas são importantes?

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Sítio arqueológico. (Fonte: Wikimedia Commons / Reprodução)

Os achados na caverna Tinshemet se assemelham a outros já obtidos em outras cavernas — como a Skhul e a Qafzeh — que também datam da época pelo Paleolítico Médio. Mas há diferenças entre o que foi identificado: os restos esqueléticos em cada caverna eram consideravelmente distintos anatomicamente dos outros.

“As descobertas na caverna Tinshemet serão provavelmente as mais importantes na região nos últimos 50 anos”, afirmou ao portal Live Science o paleoantropólogo Chris Stringer, do Museu de História Natural de Londres. Isso se dá porque o novo estudo sugere que os diferentes grupos de humanos não apenas coexistiram no Paleolítico Médio no Levante, mas também compartilharam práticas simbólicas, como as que envolvem os ritos funerários e o uso do ocre.

O que não se sabe ainda é como essas práticas culturais foram sendo trocadas — por exemplo, se os humanos modernos foram adotando estratégias de caça dos neandertais, ou se os neandertais abraçaram os ritos funerários humanos modernos, ou se eles criaram novas práticas juntos. 

“As interações entre neandertais e Homo sapiens não foram apenas encontros esporádicos, mas houve contatos muito substanciais que levaram à adoção de comportamentos”, explicou Zaidner. Ou seja: pode ser que, no futuro, se descubra que todos esses grupos da espécie Homo eram híbridos dentro de uma mesma cultura.

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