A insegurança excessiva pode ser confundida com o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), especialmente porque ambos os estados envolvem dificuldades na regulação da atenção e no processamento cognitivo.

No entanto, enquanto o TDAH tem uma base neurobiológica caracterizada por disfunções no córtex pré-frontal e em sistemas de neurotransmissores, a insegurança excessiva tem uma forte ligação com circuitos emocionais e mecanismos de resposta ao estresse.

Vamos falar, portanto, das sub-regiões cerebrais e os neurotransmissores envolvidos na atenção e na insegurança:

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O córtex pré-frontal. (Fonte: Getty Images)

Córtex pré-frontal e atenção

O córtex pré-frontal (CPF) é fundamental para a regulação da atenção, tomada de decisões e controle inibitório. No TDAH, observa-se uma disfunção nesta região, levando a dificuldades na manutenção da atenção e impulsividade. Além disso, o CPF é influenciado por neurotransmissores como:

  • Dopamina: Essencial para a motivação e o foco. Déficits dopaminérgicos no CPF estão associados ao TDAH e à dificuldade de concentração;
  • Noradrenalina: Relacionada à vigilância e resposta ao estresse. Em níveis alterados, pode causar hiperatividade e desatenção.

Amígdala e respostas emocionais

A amígdala é responsável pelo processamento do medo e das respostas emocionais. Crianças extremamente inseguras apresentam hiperatividade na amígdala, o que aumenta a percepção de ameaças e interfere na concentração.

Essa resposta emocional intensa pode competir com a atenção voltada para tarefas acadêmicas.

Hipocampo e memória de trabalho

O hipocampo, envolvido na formação da memória, interage com o CPF para regular a atenção. Em crianças ansiosas ou inseguras, o estresse crônico pode reduzir o volume do hipocampo, prejudicando a retenção de informações e o aprendizado.

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A insegurança está sempre de olho naquilo que nos ameaça. (Fonte: Getty Images)

O papel da insegurança na regulação da atenção

Crianças inseguras tendem a manter um foco excessivo em ameaças e na aceitação social, o que impacta a flexibilidade cognitiva. Isso ocorre porque:

  1. Hiperativação da amígdala desvia a atenção para estímulos de perigo em vez de focar na tarefa presente;
  2. A ativação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA) aumenta os níveis de cortisol, o que prejudica a função do córtex pré-frontal e reduz a capacidade de concentração;
  3. A insegurança intensifica o medo do fracasso, elevando a carga cognitiva e dificultando a retenção de informações.

Diferenciando TDAH e insegurança excessiva

Causa principal

TDAH: Disfunção dopaminérgica no córtex pré-frontal, mas também envolvimento de fatores genéticos, estruturais e de neurodesenvolvimento. Neuroimagem mostra alterações no corpo caloso, núcleos da base e cerebelo.

Insegurança excessiva: Hiperativação da amígdala, com influência complexa do cortisol. A insegurança crônica pode levar à disfunção do eixo HPA. Experiências de vida, traumas e estilo de apego são fatores determinantes.

Manifestações

TDAH: Desatenção, impulsividade, hiperatividade, dificuldades na regulação emocional e funções executivas prejudicadas.

Insegurança excessiva: Preocupação excessiva com avaliação social, baixa autoestima, perfeccionismo, dificuldade em tomar decisões e ruminação.

Impacto na atenção

TDAH: Dificuldade em manter a atenção, desatenção generalizada e distração por estímulos irrelevantes.

Insegurança excessiva: Atenção seletiva voltada para perigos e rejeição social, podendo gerar ruminação e pensamentos negativos.

Neurotransmissores envolvidos

TDAH: Principalmente dopamina e noradrenalina, mas a serotonina também desempenha um papel.

Insegurança excessiva: Cortisol e serotonina, com influência adicional de dopamina, GABA e glutamato.

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Insegurança excessiva pode imitar os sintomas do TDAH. (Fonte: Getty Images)

Embora ambas as condições afetem a atenção, suas bases neurobiológicas são distintas:

A insegurança excessiva pode imitar os sintomas do TDAH ao desviar a atenção para ameaças percebidas. No entanto, enquanto o TDAH é um transtorno neurobiológico com base na disfunção dopaminérgica, a insegurança está mais relacionada ao sistema emocional, ao eixo HHA e à amígdala. Estratégias de regulação emocional e terapia cognitivo-comportamental podem ajudar a diferenciar e tratar esses desafios.


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