Em um novo estudo publicado na revista científica Nature Neuroscience, um grupo de pesquisadores apresentou os resultados de um implante cerebral que permitiu uma mulher com paralisia se comunicar usando apenas seus pensamentos.
Um grupo de pesquisadores das universidades de Berkeley e de San Francisco, nos Estados Unidos, testaram um novo implante utilizando um método conhecido como interface cérebro-computador (BCI). Além disso, a tecnologia utiliza inteligência artificial (IA) para decodificar os pensamentos e transmiti-los por meio de um dispositivo de áudio.
Um dos maiores desafios desse tipo de implante é o intervalo de tempo entre a captação dos sinais pela neuroprótese e a transmissão da mensagem para reproduzir o som. Neste novo estudo, os cientistas afirmam ter superado esse obstáculo, alcançando uma latência que permite a fala quase em tempo real.
Os autores explicam que a nova tecnologia é semelhante à capacidade de fala de assistentes de voz como a Alexa e a Siri. Com um algoritmo parecido, eles conseguiram usar a inteligência artificial para decodificar dados neurais.
“Esta nova tecnologia tem um potencial tremendo para melhorar a qualidade de vida de pessoas que vivem com paralisia grave que afeta a fala. É emocionante que os últimos avanços em IA estejam acelerando muito as BCIs para uso prático no mundo real em um futuro próximo”, disse o neurocirurgião e coautor principal sênior do estudo, Edward Chang.
O implante utilizado capta dados neurais do córtex motor da mulher, a área do cérebro responsável pelo controle da fala. Apesar disso, os pesquisadores explicam que a abordagem não se limita ao dispositivo testado no estudo e pode ser aplicada a diversas outras interfaces cérebro-computador (BCIs).
Fala por meio do pensamento
Após 30 anos sem conseguir se comunicar devido a um derrame, uma mulher de 47 anos conseguiu transmitir seus pensamentos por voz, usando um conjunto de frases únicas — quase instantaneamente, com uma velocidade cerca de 8 vezes maior do que outras abordagens.
Em resumo, o que acontece é: ela apenas pensa no que deseja dizer, e um dispositivo de áudio transmite seu pensamento.
Para os pesquisadores, um dos aspectos mais promissores do novo método é que ele alia velocidade e precisão. Antes, não havia tanta certeza de que um pensamento poderia ser decodificado de forma compreensível, mas a nova abordagem demonstrou que a fala está sendo decodificada corretamente.
“Queríamos ver se poderíamos generalizar para as palavras invisíveis e decodificar realmente os padrões de fala de Ann. Descobrimos que nosso modelo faz isso bem, o que mostra que ele está realmente aprendendo os blocos de construção do som ou da voz. Ela transmitiu que a síntese de streaming era uma modalidade mais controlada volitivamente”, disse outro coautor do artigo, Gopala Anumanchipalli.
Tecnologias que conectam cérebro e máquina estão transformando a vida de pessoas com paralisia, oferecendo novas formas de comunicação e mobilidade. Quer saber mais? Entenda como pacientes paralisados voltaram a andar após implante cérebro-espinhal inovador feito na China. Até a próxima!