Quando, ou se algum dia, conseguirmos colonizar Marte, as gerações de humanos em solo vermelho podem ser bem diferentes. Considerando a necessidade de adaptação às condições extremas que o planeta possui, pulmões mais fortes e pele mais resistente à radiação seriam um bom implemento.

Mas antenas e pares extras de olhos parecem não fazer parte do conjunto futurista de habilidades humanas para os ‘homo martianus’. Além disso, há algumas outras dúvidas sobre a capacidade de reprodução humana e de outros animais em microgravidade.

Saiba um pouco mais sobre os desafios de colonização, reprodução humana e sobre como seriam os bebês humanos nascidos em Marte se toda burocracia para manter vida em um planeta hostil fosse resolvida.

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Que tal uma estadia contínua, e possivelmente, sem volta para outro planeta? (Fonte: Getty Images)

O novo lar: Marte

A corrida pela colonização de Marte não é uma novidade. Se antes era apenas uma especulação em séries de ficção científica, nos século XXI, é uma potencialidade, ao menos é o que alguns discursos pregam. Diversos estudos têm sido realizados para compreender como Marte poderia abrigar vida humana, mesmo diante de todas as limitações. 

Um breve vislumbre sobre as características do quarto planeta do Sistema Solar nos apresenta um astro com pouca atmosfera, grande incidência de radiação e a inexistência, ao menos até agora não provada a existência, de água. Além disso, temperaturas flutuantes entre congelantes -129 °C e agradáveis 22 °C no verão. 

Contudo, alguns dados apontam para um passado diferente, onde se acredita que Marte pode ter sido muito similar à Terra, com uma atmosfera mais densa e água em estado líquido. Atualmente, o planeta apresenta geleiras formadas por cristais de água, em uma proporção relativamente baixa, e gás carbônico.

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Marte também abriga o maior vulcão planetário no sistema solar: Monte Olimpo. (Fonte: Getty Images)

Outras características que devem ser consideradas quando pensamos em colonizar o Planeta Vermelho são a escassez de oxigênio e a gravidade. Estima-se que haja apenas 0,1% de oxigênio na atmosfera e a gravidade é equivalente a cerca de um terço da gravidade terrestre, correspondendo a 3,7m/s², sendo caracterizada como uma microgravidade. 

Assim, se realmente desejamos habitar o quarto planeta do Sistema Solar, um ‘conjunto habitacional’ deverá ser desenvolvido para proteger contra radiação solar, tempestades de areia, flutuações drásticas de temperatura, e claro, ser amplo o suficiente para que o solo possa ser trabalhado para fertilização. Afinal, uma vez morando em Marte, o mercado mais próximo estará há 55 milhões de quilômetros, e aproximadamente 300 dias de viagem. 

E por falar em fertilidade, vamos ao ponto onde os primeiros homos martianus começam a nascer.

Homo martianus: como seriam os humanos de Marte?

Em 2018, Scott Solomon, biólogo evolucionista da Rice University fez uma palestra para a TEDx, exemplificando algumas das características que gerações humanas poderiam adquirir ao longo de sua vivência em Marte. 

Segundo ele, devido à microgravidade, os ossos poderiam se tornar mais densos, porém, mais frágeis. Pense em um bloco de gesso bem compacto, mesmo que ele possa ser pesado, ainda assim, é frágil o suficiente para ser despedaçado com as mãos.

Em relação à visão, um tipo de miopia poderia ser desenvolvida, visto que os humanos em Marte estariam mais próximos de uma vida em confinamento, do que em liberdade correndo por planícies marcianas.

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Mesmo com as mutações, provavelmente não seria seguro brincar lá fora sem trajes adequados. (Fonte: Getty Images)

A pele também poderia sofrer modificações para suportar os maiores níveis de radiação. Em nossa geração terrestre, a melanina é a principal barreira contra os raios UV da pele. Porém, o tecido epitelial seria possivelmente obrigado a desenvolver outros pigmentos ou aumentar sua espessura.

Com relação à respiração, os descendentes marcianos podem ser mais eficazes na captação e metabolismo do oxigênio escasso. Mesmo na Terra, moradores de regiões em altitudes muito altas desenvolvem estratégias fisiológicas para suportar o ar rarefeito.

Mas o que realmente poderia nos afastar para sempre de nossos parentes marcianos seria a diminuição, ou extinção da imunidade. Segundo Solomon, com o passar das gerações, a existência em um ambiente estéril seria capaz de eliminar a necessidade do desenvolvimento do sistema imunológico. Assim, viagens entre Marte-Terra seriam descontinuadas e teríamos ‘duas espécies’ de origem humana, ao invés de apenas uma.

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A seleção natural também desempenharia um papel crucial para que o homo martianus possa sobreviver e se reproduzir com sucesso. (Fonte: Getty Images)

Ainda segundo Scott Solomon, não seriam necessárias muitas gerações para que essas mutações genéticas pudessem ser expressas, pois o ambiente, com excesso de radiação e escassez em outros elementos, como oxigênio, cumprirão papel de catalisadores para essas modificações. 

E a seleção natural faria sua parte para que os genes daqueles mais ‘aptos’ a sobreviver em Marte possam passar essas características para frente nas gerações de bebês marcianos

Aliás, para que se garanta diversidade genética e melhores combinações, estima-se que seria necessária uma população de 100 mil habitantes em Marte, pertencentes a várias etnias.

Primeiro precisamos reproduzir

Mas nem tudo é tão simples como chegar e povoar um novo planeta. Ainda não existem estudos robustos que garantam que humanos possam se reproduzir fora das condições presentes aqui na Terra. 

Alguns ratos astronautas foram testados em relação à capacidade de reprodução, apresentando resultados pouco animadores. Porém, outras espécies, como anfíbios e alguns répteis, obtiveram sucesso na formação de proles saudáveis em microgravidade.

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Já pensou em ter que criar uma criança que não pode correr no quintal? Talvez seja melhor esperar a tecnologia avançar mais um pouco. (Fonte: Getty Images)

Além dos métodos naturais, a fertilização in vitro também foi testada em ratos e camundongos, porém, houve poucos casos de nidação e desenvolvimento de embriões viáveis. Outros dados apontam para um decaimento na qualidade, motilidade e diminuição na produção de esperma sob efeito de radiação e microgravidade.

Assim, ainda não sabemos se realmente é possível formar homos martianus saudáveis, funcionais e capazes de garantir uma vida longa e extraterrestre.

Portanto, mesmo que haja planos para colônias marcianas instaladas até 2050, ainda há um longo caminho de desenvolvimento e pesquisa até que isso seja algo realmente aplicável. Porém, mesmo que as colônias não sejam possíveis, talvez acompanhemos o primeiro voo tripulado para lá nas próximas décadas.

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