Considerada uma enorme descoberta paleontológica, um fóssil de gato de 300 mil anos se mostrou tão pequeno que pode caber na palma da sua mão. Chamado de Prionailurus kurteni, o bichinho “representa o menor membro fóssil conhecido da família Felidae até hoje”, conforme um comunicado de imprensa.

Segundo um estudo publicado na revista científica finlandesa Annales Zoologici Fennici, o achado ocorreu na Caverna Hualongdong, um importante sítio arqueológico localizado na província de Guizhou, na China, por cientistas do Instituto de Paleontologia e Paleoantropologia de Vertebrados que estudavam os humanos que viveram no local há 300 mil anos.

Descrito no estudo como “um pequeno fragmento de corpo mandibular felino”, o fóssil levou o autor principal do estudo Qigao Jiangzuo, da Academia Chinesa de Ciências, a afirmar à Live Science: “Este gato é claramente menor que um gato doméstico. É comparável ao menor gato vivo, [em torno de] 1 kg”.

Analisando o gatinho pré-histórico

x. (Fonte: Qigao Jiangzuo et al., Annales Zoologici Fennici, 2025)
As características do gatinho pré-histórico foram baseadas em sua mandíbula e dentição. (Fonte: Qigao Jiangzuo et al., Annales Zoologici Fennici, 2025)

Por ter sido encontrado em uma localidade hominídea do Pleistoceno Médio tardio, o fóssil pode ter entre 275 mil e 331 mil anos, afirmam os autores. Ele pode ser comparado, embora ainda mais compacto, aos menores felinos existentes hoje: o gato-bravo-de-patas-pretas (Felis nigripes) e o gato-ferrugem (Prionailurus rubiginosus).

Taxonomicamente, o P. kurteni está mais próximo do P. rubiginosus, pois os cientistas acreditam que ele pertença ao grupo mais amplo conhecido como gatos-leopardo, dos quais o gato-ferrugem também faz parte. Já o F. nigripes, como indica o seu gênero, é mais próximo dos gatos domésticos.

A classificação científica foi feita, segundo o estudo, a partir de algumas características únicas de sua mandíbula e dentição. O gatinho apresenta um pequeno canino adicional próximo ao pré-molar inferior (p4), e um cingulídeo, uma pequena elevação ou crista no dente, lembrando uma pequena “serra” neste p4, uma “marca registrada” dos gatos-leopardos.

Qual é a importância da descoberta desse fóssil?

X. (Fonte: Hodari Shadowalker/X/Divulgação)
Os fósseis do P. kurteni só sobreviveram por estarem abrigados na caverna. (Fonte: Hodari Shadowalker/X/Divulgação)

Para Qigao Jiangzuo, a descoberta de fósseis de gatos-leopardos é rara em paleontologia porque os restos desses animais se decompõem muito rápido no seu habitat florestal. No caso específico desse pequeno gato, a preservação ocorreu devido ao ambiente fechado da caverna. O estudo sugere uma diversidade potencialmente elevada de leopardos nos tempos pré-históricos.

Embora relativamente recente (suas escavações começaram em 2013), a Caverna de Hualongdong revelou muitas amostras de hominídeos arcaicos. Segundo o primeiro autor do estudo, “Os restos de comida de povos antigos no sítio de Hualongdong podem ter atraído ratos e também aqueles pequenos gatos-leopardos”.

A conservação dos fósseis de P. kurteni foi considerada pela equipe como um indício de que aquela área era muito mais fria do que outros locais parecidos no sul da China. Além disso, levantou questões sobre a relação entre esses felinos e os humanos que habitavam a caverna. Os autores acreditam que os humanos antigos não comiam esses gatos, porque não há marcas de abate nos fósseis.

Alguns “tesouros” da Caverna de Hualongdong

Pessoas visitando o sítio de Hualongdong, na China. (Fonte: Academia Chinesa de Ciências/Divulgação)
Pessoas visitando o sítio de Hualongdong, na China. (Fonte: Academia Chinesa de Ciências/Divulgação)

A descoberta recente do fóssil de Prionailurus kurteni foi fundamental para “fechar” uma série de estudos de biologia molecular que propunham que os gatos-leopardos, os gatos domésticos e os gatos-de-pallas descendem de um mesmo ancestral.

Além dessas relações de parentesco, “Entender os animais ao redor da caverna de Hualongdong pode nos dizer a que comida os humanos antigos tinham acesso e quais perigos eles enfrentavam. Essas descobertas são importantes para reconstruirmos a evolução dos humanos”, afirmam os pesquisadores no estudo.

Em pouco mais uma década de escavações, afirmam os paleontólogos, a caverna revelou um valioso tesouro de fósseis. Além de restos de seres humanos primitivos, foram encontrados fósseis de pandas, estegodontes (ancestral dos elefantes e mamutes) e muitas outras espécies extintas, sugerindo que a caverna pode ter sido uma espécie de armadilha natural ou um campo de caça.

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