O ecossistema e como ele se desenvolve e evolui está intimamente ligado às espécies de fauna e flora que o constituem, e claro, depende de como elas interagem. Se você já teve um pomar em casa e várias crianças famintas por frutas, pode ter uma ideia de como a extinção dos dinossauros contribuiu para a evolução das árvores e espécies frutíferas.
Ainda que seja uma hipótese, de certo modo até engraçada, ambos os fatos podem estar realmente ligados, e ter gerado subsídios naturais para que a evolução humana pudessem ocorrer milhões de anos depois.
Entenda um pouco mais sobre a evolução das frutas e como o Chicxulub contribuiu para que hoje você possa ir à feira.
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Menos dinossauros, mais frutas
Em estudo publicado na revista Paleontology, pesquisadores da Universidade do Norte do Arizona fizeram simulações de como o desaparecimento dos dinossauros poderia ter contribuído para o desenvolvimento de frutas, sementes maiores, assim como a possibilidade de variabilidade das espécies vegetais.
Acredita-se que as primeiras plantas capazes de produzir flores e frutos datem do mesozoico, aproximadamente 250 à 66 milhões de anos, juntamente com nossos amigos dinossauros, contudo, em um mundo em constante mudança e adaptação, a capacidade de reprodução dessas plantas poderia estar ameaçada por diversos fatores como o tamanho dos dinossauros, segundo o estudo.
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Para tentar verificar essa relação, o grupo realizou simulações, incluindo dados sobre eventos cataclísmicos com potencial de extinção, traçando uma linha do tempo entre o desaparecimento dos dinossauros e o aumento do tamanho das sementes e maior desenvolvimento das plantas.
Segundo os resultados obtidos, houve um aumento expressivo do tamanho das sementes, que pode ter sido estimulado pela competitividade por luz para a brota e desenvolvimento da planta, assim como maior variabilidade de frutas.
Sabemos que em florestas densas, pouca luz chega ao solo, assim, as plantas precisam de outras estratégias para garantir seu desenvolvimento, assim, o aumento do tamanho das sementes parece ter sido a solução encontrada pela flora.
Esse adensamento também só foi possível, segundo o grupo da Universidade do Norte do Arizona, pois os gigantes dinossauros não estavam mais lá, para pisotear incansavelmente as brotações, ou então, comê-las, no caso das espécies herbívoras. Sem os desastrados e gulosos dinossauros, as plantinhas tiveram a oportunidade de crescer e desenvolver novos meios para existir, gerar frutos e se reproduzir.
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Com a evolução dos mamíferos, o espalhamento de sementes também se tornou mais eficaz, contribuindo para que as plantas, carregadas a outros solos, tivessem a oportunidade de sofrer mutações e evoluir.
Graças a esse movimento dos primeiros mamíferos e outros animais herbívoros, a humanidade teve a chance sobreviver não apenas da caça, mas também da coleta de vegetais, frutas e sementes.
Para o grupo de estudo, as simulações são confiáveis, pois demonstram não apenas o avanço no desenvolvimento, mas também o declínio produtivo e reprodutivo das plantas em Eras posteriores, onde o aumento da fauna, e do tamanho dos seus constituintes, também gerou impacto na flora.
Mas se a extinção dos dinossauros, naquela Era, serviu como potencializador para a evolução das plantas, atualmente, outras extinções podem dar fim à muitas espécies, pois alguns animais são considerados espécies-chave.
Sem dinossauros, sem plantas, sem humanos
O conceito de espécie-chave explica a relação entre seres vivos que dependem um do outro para existir. Como exemplo, o figo e a Vespa do Figo. Esse fruto é polinizado por apenas uma espécie de vespa, se esse inseto deixar de existir, o figo igualmente pode parar de produzir frutos.
O mesmo efeito ocorre com outros animais e suas relações com seus habitats. Em um sistema de predação, quando o predador é retirado do sistema, a presa pode se reproduzir indefinidamente, causando diversos danos ao ecossistema.
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No Brasil, temos vários exemplos de animais importados que não possuem predadores naturais em nosso território, como o Caramujo Africano. Trazido como alternativa para o Scargot, o caracol se tornou uma praga, trazendo grande impacto ambiental e para a saúde humana.
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Na Era Mesozoica, de certo modo, os dinossauros eram os ‘controladores de pragas’, e sem esses gigantes, o ecossistema teve que se remodelar, não à toa, os grupos de pesquisa os chamaram de “Engenheiros do Ecossistema”.
Ainda que a hipótese dos pesquisadores não possa ser considerada uma teoria forte, reflexões sobre as relações entre a sobrevivência humana e como o meio ambiente tem sido impactado pelas mudanças climáticas, podem ser traçadas.
Acredita-se que estejamos passando pela sexta extinção em massa na Terra, assim, é necessário pensar em meios para minimizar os efeitos e potencializar as possibilidades de cultivo e produção de modo menos agressivo e mais estratégico.
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Em Jurassic Park, em uma fala célebre, o Dr. Ian Malcolm, interpretado por Jeff Goldblum, diz: “a vida sempre encontra uma maneira”. Talvez nunca tenhamos novamente dinossauros andando entre nós, contudo, ‘a vida que encontra uma maneira’, talvez não seja a nossa, pois temos agido como os dinossauros da atualidade, deixando um rastro de devastação por onde passamos. O que virá após nós?
Mas se quiser começar as mudanças com uma vida mais saudável, que tal honrar o esforço das plantinhas e comer um pouquinho mais de vegetais? Fique saudável, fique bem e continue acompanhando o TecMundo para saber sobre dinossauros e eventos devastadores com potenciais de renovação.