Considerada uma das caldeiras vulcânicas mais perigosas do mundo devido ao seu potencial de erupção, os Campos Flégreos, localizados a apenas 15 km a oeste do centro de Nápoles, na Itália, têm chamado a atenção dos cientistas devido à sua atividade vulcânica intensa e histórica, mas, particularmente, pelo aumento de suas emissões de dióxido de carbono (CO2).

A crescente atividade ocorre principalmente na cratera Solfatara, hoje em estado de atividade fumarólica (emissões de gases quentes) e hidrotermal (poços de lama ferventes). Considerada um laboratório natural para o estudo da vulcanologia, a área tem liberado, desde 2005, emissões diárias entre 4 mil e 5 mil toneladas de CO2.

Em uma pesquisa publicada na revista Geology no ano passado, uma equipe de pesquisadores liderada pelo vulcanólogo Gianmarco Buono, do Instituto Nacional Italiano de Geofísica e Vulcanologia, concluiu que 20% a 40% do CO2 se originam da dissolução do mineral calcita nas rochas circundantes, enquanto 60% a 80% estão relacionados ao magma subterrâneo.

Monitorando o supervulcão

Supervulcões podem emitir mais de mil quilômetros cúbicos de material na atmosfera. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
Supervulcões podem emitir mais de mil quilômetros cúbicos de material na atmosfera. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Quando chamamos os Montes Flégreos de supervulcão, esse termo significa um sistema vulcânico extremamente poderoso, capaz de produzir erupções milhares de vezes mais potentes que vulcões tradicionais. Uma única erupção desse tipo poderia ejetar mais de mil quilômetros cúbicos de material vulcânico (cinzas, gases, piroclastos, aerossóis e fragmentos maiores).

O bloqueio da luz solar por essas enormes nuvens vulcânicas resultaria em um impacto climático global, com uma queda drástica das temperaturas do planeta, morte da vegetação em larga escala, contaminação dos solos e água, e interrupção de ciclos ecológicos.

Por isso, o monitoramento científico dessa região envolve diversas técnicas, como acompanhamento de terremotos, medições da deformação do solo e análises dos gases emitidos pelas fumarolas. Em 2012, o nível de alerta chegou a ser elevado de verde para amarelo, indicando atividade aumentada, mas sem ameaça imediata de erupção.

Implicações futuras da pesquisa sobre o supervulcão

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A pesquisa em vulcões é importantíssima para tentar prever futuros eventos. (Fonte: Getty Images/Reprodução

A pesquisa de Buono teve grande importância científica porque, além do monitoramento em si, acabou criando uma nova ferramenta capaz de distinguir entre o dióxido de carbono proveniente do magma, e aquele liberado por outros processos. A abordagem é fundamental para a segurança pública e o monitoramento ambiental.

Embora o senso comum afirme que um aumento nas emissões de gases é sinal de potencial atividade vulcânica iminente, a coisa não é tão simples assim. Nem todo aumento de emissão de gases resulta necessariamente em uma erupção. A atividade vulcânica também depende de interações entre os fluidos quentes subterrâneos e as rochas circundantes.

Assim como outros supervulcões, como Yellowstone e Caldera de Long Valley (ambos nos EUA) e Toba (Indonésia), os Campos Flégreos funcionam como um constante lembrete de alerto sobre a dinamicidade do nosso planeta. Isso torna o trabalho de cientistas como Buono imprescindível para compreender esses perigosos eventos e manter as comunidades informadas.

Gostou do conteúdo? Então, fique por dentro de mais estudos como esse aqui no TecMundo e para entender como a, erupção do supervulcão Toba pode ter ‘expulsado’ os humanos da África. Até mais!

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