Em uma região bastante isolada no sudoeste do Alasca, próxima à Ilha Kodiak e ao chamado Vale das Dez Mil Fumaças, existe um enorme buraco redondo de 500 metros de diâmetro e 110 metros de profundidade conhecido como cratera de Savonoski. O nome foi dado em homenagem a um rio que passa ali perto e também a uma aldeia indígena abandonada após a erupção de um vulcão.

A cratera não é antiga em termos geológicos. Relatos sugerem que ela se formou no início do século 20, e, apesar de muito conhecida, a sua origem exata ainda não foi definitivamente determinada pelos geólogos. Alguns apostam no colapso de uma câmara de magma ou o derretimento do permafrost, enquanto outros atribuem a origem da formação geológica ao impacto de um meteorito antes do fim da última glaciação na região.

No entanto, a falta de vestígios claros, como camadas de rocha deslocadas, ou sinais explícitos de impacto, dificulta determinar a origem exata da depressão. Isso faz com que a formação da cratera não se encaixe facilmente em modelos geológicos conhecidos. A dificuldade em explicá-la está relacionada tanto à complexidade dos processos naturais, como as limitações de acesso à região.

A hipótese do impacto de um meteoro

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A forma circular e profunda da Cratera Savonoski sugere uma estrutura de colisão. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Quando vista do ar, a forma circular e profunda da Cratera Savonoski se assemelha a uma estrutura de colisão. Mas, apesar da aparência sugestiva, os geólogos jamais encontraram qualquer prova concreta de que uma rocha espacial tenha atingido a Terra naquele local. Além disso, a ausência de materiais meteoríticos ou rochas com marcas de choque na área enfraquecem a teoria de um impacto cósmico.

Extensas pesquisas realizadas nas décadas de 1960 e 1970 não foram capazes de identificar fragmentos de rocha e solo lançados para fora da cratera durante um impacto. Se existiram, afirma um estudo de junho de 1972, podem ter sido removidos pela glaciação ao longo do tempo.

Publicado na revista Meteoritics, o estudo conclui que “Nenhum efeito metamórfico de choque distinto foi observado nos poucos espécimes de rocha coletados”. Essa conclusão levantou sérias dúvidas sobre a hipótese do impacto, e sugeriu que a Cratera Savonoski pode ter sido formada por outros processos geológicos ainda não completamente compreendidos.

A teoria de uma erupção vulcânica

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O Ukinrek Maars Oriental é uma cratera de origem vulcânica. (Fonte: Nye, C./US Geological Survey/Divulgação)

Outra hipótese analisada foi que a Cratera Savonoski seria um maar vulcânico, nome dado a uma depressão formada quando o magma que sobe das profundezas da crosta terrestre atinge um lençol freático. A lava subterrânea faz a água ferver, e o vapor resultante acumula tanta pressão no subsolo, que pode desencadear uma explosão.

Maars vulcânicos geralmente deixam crateras largas que se enchem de água subterrânea, exatamente como ocorreu com a cratera. O Serviço Geológico dos EUA cita como exemplo o Ukinrek Maars Oriental, uma cratera de 100 m, que se formou no Alasca durante uma erupção de 10 dias em 1977.

Embora a Cratera de Savonoski fique a apenas 30 km de distância do Complexo Vulcânico Katmai, não há formas de relevo que liguem diretamente os dois pontos. Pesquisas realizadas nas décadas de 1960 e 1970 não identificaram sinais de uma fonte de magma sob o buraco, nem qualquer tipo de atividade vulcânica no local.

Por que a Cratera Savonoski continua sendo um enigma geológico?

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A última glaciação ocorrida no Alasca pode ter apagado todos os indícios da origem da Cratera Savonoski. (Fonte: Getty Images/Reprodução)

Embora os cientistas tenham conhecimento da Cratera Savonoski há décadas, houve uma interrupção nas pesquisas após um período intenso de investigações nas décadas de 1960 e 1970. Falta de financiamento para continuar as investigações em locais remotos como o Alasca e dificuldades técnicas ou logísticas podem ter pesado nesse hiato de pesquisa.

A discussão mais recente sobre o assunto, um artigo publicado pela Universidade do Alasca em Fairbanks em 1978, explorou diversas teorias. Chamado “O problema de Savonoski”, o estudo não deu conta de afirmar com certeza se a cratera foi formada por um impacto extraterrestre ou atividade vulcânica subterrânea.

Mas o principal obstáculo para desvendar o mistério, dizem os geólogos, foi a glaciação ocorrida entre 23 mil 14,7 mil anos atrás, que apagou qualquer tipo de evidência geológica que possa ter existido. Cientistas especulam que pistas poderiam ainda estar enterradas sob a cratera Apesar de as hipóteses do impacto meteorítico e da explosão vulcânica continuarem válidas, a possibilidade de um processo desconhecido não está descartada.

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