Dirigido por Edward Berger (Nada de Novo no Front), Conclave é um filme que está chamando a atenção tanto pela qualidade de suas atuações e roteiro quanto pelas polêmicas que vem gerando. Muito disso é resultado de sua própria premissa, na qual um conjunto de cardeais se reúne para escolher um novo Papa.
Acompanhado sob o ponto de vista do Cardeal Thomas Lawrence (Fiennes), o processo revela que questões políticas podem pesar tanto ou mais do que as religiosas na hora de selecionar essa figura tão importante. Baseado no livro homônimo do autor Robert Harris, o longa-metragem tem chamado a atenção justamente por colocar luz sobre um processo que é recheado de segredos.
Escolhas de Conclave despertaram críticas entre religiosos
Além de a própria temática do filme de Berger ser polêmica por tratar da religião católica que, para muitos, não merece críticas, tampouco qualquer tipo de análise mais aprofundada, uma decisão importante do roteiro é considerada polêmica.
Entrando um pouco no mundo dos spoilers, o filme revela em uma cena impactante que um de seus personagens mais importantes é transexual — o que não foi bem-recebido por muitas pessoas.
Megyn Kelly, a apresentadora do talk-show conservador The Megyn Kelly Show, afirmou no X que Conclave é “o filme anticatólico mais nojento” que já havia visto em muito tempo. Ela também escreveu que todos os principais personagens são “moralmente corruptos e repulsivos”, com a exceção daquele que é escolhido para ser o novo pontífice.
Seguindo a mesma linha, o Bispo Robert Barron, do ministério Word on Fire, usou a rede social para aconselhar que seus seguidores “corram para longe do filme o mais rápido possível”. Ele afirmou que a história demoniza conservadores e os retrata como xenófobos, ao mesmo tempo em que “liberais são conspiradores presunçosos”.
Ele também acusa o longa-metragem de atacar conservadores, mostrando que a única maneira de chegar ao cargo de Papa seria adotar “palavras de ordem progressistas de diversidade, inclusão e indiferença à doutrina”. Para completar, ele não gostou da forma como a hierarquia da igreja, em suas palavras, foi retratada como um “foco de ambição, corrupção e egoísmo desesperado”.
Apesar das duras críticas, Conclave rendeu a Peter Straughan o prêmio de melhor roteiro no Globo de Ouro este ano, durante o qual ele defendeu o filme. Em um pronunciamento à imprensa, ele afirmou que o filme não tem nada de anticatólico e, na verdade, mostra como a Igreja sempre consegue reencontrar seu núcleo espiritual.
“E isso sempre foi um equilíbrio cuidadoso e difícil. Para mim, esse é um ideal católico muito central com o qual eu fui criado. E eu defendo isso”, afirmou. O escritor também explicou ter sido criado com laços fortes com a religião, chegando inclusive a desempenhar o papel de coroinha durante a infância.
Filme é um forte concorrente ao Oscar
Apesar de ter sido recebido com rejeição por muitos religiosos e por parte do público, Conclave tem grandes chances de se sagrar como um dos maiores vencedores do Oscar 2025. A obra foi bastante elogiada por críticos profissionais, tendo 93% de aprovação entre os mais de 290 reviews considerados pelo site Rotten Tomatoes — e é recomendado por 86% do público do site.
Enquanto a grande premiação ainda não divulgou sua lista final de indicados, o longa deve ter espaço garantido em categorias como Melhor Filme, Melhor Ator, Melhor Diretor e Melhor Roteiro Adaptado, entre outras. Uma prévia do desempenho que ele deve obter poderá ser vista no dia 7 de fevereiro, quando ele deve se sagrar como um dos principais vencedores do Critic Choice Awards 2025.
