O Viagra é de longe um dos medicamentos mais vendidos na história da humanidade. Desde que a fórmula original passou a ser comercializada em 1998, a farmacêutica Pfizer viu uma oportunidade de lucrar muito dinheiro. Inclusive, a empresa chegou a faturar US$ 2 bilhões por ano com a venda da droga causadora de ereções em homens.

Entretanto, essa droga milagrosa que ajuda 62 milhões de homens ao redor do mundo inteiro a funcionarem sexualmente quase nunca existiu se não fosse por um experimento inusitado envolvendo dinamite. Curioso para saber como essa história termina? Então conheça um pouco mais sobre como o Viagra surgiu no meio dessa bagunça!

Experimentos químicos

(Fonte: Shutterstock)(Fonte: Shutterstock)

O ano era 1846 e o químico alemão-suíço Christian Friedrich Schönbein estava em sua casa na Basileia fazendo experimentos. Por acidente, ele acabou derramando uma mistura de ácido sulfúrico e nítrico no balcão de sua cozinha. Para limpar tudo, ele decidiu pegar o pano mais próximo que encontrou e depois o pendurou no fogão para secar.

Assim que o avental de algodão secou, ele explodiu prontamente. Foi então que Schönbein descobriu que havia criado a nitrocelulose, o primeiro explosivo de nitrato do mundo e que revolucionaria tudo nos próximos 100 anos. Esse se tornou o primeiro substituto prático para a pólvora em armas de fogo.

No ano seguinte à descoberta de Schönbein, o químico italiano Ascanio Sobero, trabalhando com o químico francês Théophile-Jules Pelouze na Universidade de Turim, combinou a mesma mistura de ácido nítrico-sulfúrico com glicerina para produzir um líquido oleoso que ele chamou de piroglicerina, ou simplesmente nitroglicerina. Então, as coisas escalaram.

Nitroglicerina na medicina

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A nitroglicerina acabou virando o primeiro alto explosivo verdadeiro do mundo, principalmente por sua capacidade se decompor quimicamente por meio de uma onda de choque explosiva que passa pelo material em velocidades supersônicas. Por ser um composto altamente instável, no entanto, a nitroglicerina precisava de muito cuidado para ser usada industrialmente.

Anos se passaram e diversos inventores tentaram “domar” a nitroglicerina, até que Alfred Nobel conseguiu combiná-la para virar uma substância mais flexível e controlável chamada de “dinamite”. Anos se passaram até que William Murrel, um médico britânico, descobriu que a nitroglicerina diluída poderia ser usada para tratar pacientes que sofriam de angina e hipertensão em 1878. 

Nas décadas seguintes, a nitroglicerina foi cada vez mais prescrita para todas as variedades de doenças cardíacas. Em todos os casos o princípio ativo é diluído a uma concentração de 1%, eliminando seu potencial explosivo. Durante 100 anos, o produto foi experimentado clinicamente e mais foi sendo descoberto sobre ele.

Criação do Viagra

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Com o passar do tempo, os cientistas descobriram que o uso da nitroglicerina ajudava na expansão dos vasos sanguíneos, algo chamado de vasodilatação. Seus efeitos fisiológicos fizeram mais estudiosos especularem que o elemento nitrogênio era a chave para que tudo acontecesse.

Essa conexão foi ser estabelecida apenas em 1970. Em 1977, o farmacologista Ferid Murad e seus colegas da Universidade da Virgínia descobriram que a nitroglicerina e compostos semelhantes funcionavam estimulando a liberação de uma substância que eles chamaram de fator relaxante derivado do endotélio. 

Com isso, uma revolução foi criada na farmacologia. Foi daí que surgiu o seldinafil, medicamento semelhante produzido pela Pfizer nos anos 1990. O medicamento não se mostrou tão efetivo para casos de hipertensão, mas os pacientes masculinos demonstraram um efeito colateral inusitado: ereções incontroláveis.

Por completo acidente, os farmacêuticos descobriram que  o óxido nítrico liberado pelo seldinafil não estava agindo, como esperado, sobre os vasos sanguíneos do coração, mas sim sobre os corpos cavernosos dos pênis dos pacientes. Foi aí que o medicamento passou a ser usado em casos de disfunção erétil e começou a ser vendido sob a marca Viagra no mundo todo em 1998 — tudo fruto de muito estudo e coincidência.

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