Menino ou menina? Para nós, seres humanos, vale de tudo um pouco para influenciar o gênero do bebê. Alguns apostam em superstições, enquanto outros optam pela sabedoria popular,  repleta de conselhos que são mais que duvidosos.

Mas o mundo animal têm técnicas muito mais eficientes que as usadas por nós para determinar o sexo de um filhote. Por exemplo, para as tartarugas a temperatura é fator determinante se no momento da eclosão do ovo nascerá um filhotinho macho ou fêmea. Esse fenômeno é conhecido pela ciência há mais de 50 anos, mas apenas nos últimos tempos é que os cientistas conseguiram compreender como tudo acontece.

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(Fonte: Shutterstock)(Fonte: Shutterstock)

O termômetro biológico

Um dos estudos mais relevantes sobre como as tartarugas usam a temperatura para determinar seu gênero foi publicado em 2018 na revista científica Science. Os pesquisadores responsáveis afirmaram terem conseguido identificar um dos aspectos mais relevantes do “termômetro biológico” que transforma uma tartaruga em macho ou fêmea.

Nessa pesquisa, conduzida por cientistas chineses e dos EUA, foi demonstrado que temperaturas mais baixas durante a incubação dos ovos ativam um gene específico, denominado Kdm6b, que está nos órgãos sexuais (gônadas) imaturos da tartaruga ainda no ovo.

Ou seja, quando a temperatura está mais baixa, esse gene ativa outros que possibilitam o desenvolvimento dos testículos. Os dados apontam que, quando os ovos de uma tartaruga são incubados abaixo dos 27,7?°C, os filhotes nascerão machos. Já quando os ovos incubarem acima de 31?°C, os filhos serão fêmeas. Agora, se as temperaturas oscilarem entre esses dois extremos, o resultado será uma mistura de tartarugas fêmeas e machos.

(Fonte: Shutterstock)(Fonte: Shutterstock)

Nem tudo é tão simples

O ecologista evolucionista Fredric Janzen, que estuda organismos dependentes de sexo há mais de 3 décadas vê esses estudos com algumas ressalvas. O especialista diz que, sem dúvidas, são descobertas impressionantes.

Mas, para Janzen, saber exatamente qual sexo os embriões de tartarugas e outros répteis devem se tornar, ou como usar a temperatura para influenciar nesse aspecto, é muito mais complexo que as pesquisas como a citada acima sugerem.

Por exemplo, ele chama a atenção para o fato de que esses estudos envolvem embriões que ainda não tem seus cérebros desenvolvidos por completo. Sendo assim, não podemos dizer que um embrião pode escolher se será macho ou fêmea, ou ainda, quais movimentos ele realiza dentro do ovo e o que influencia nisso.

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Futuro incerto

(Fonte: Shutterstock)(Fonte: Shutterstock)

Outros estudos, a exemplo da pesquisa sobre nidificação de tartarugas marinhas no Caribe (2015), feita por pesquisadores holandeses, ingleses e australianos, publicada na plataforma Science Direct, sugerem que o aumento das temperaturas em decorrência das mudanças climáticas pode estar causando uma espécie de distorção entre machos e fêmeas nas populações de tartarugas no meio ambiente.

Dados também apontam para níveis maiores de mortalidade dos filhotes quando os ninhos permanecem por longos períodos em altas temperaturas. Além disso, o tempo de incubação dos filhotes também pode ser afetado.

Por outro lado, também há pesquisas indicando que as próprias tartarugas estão tentando se adaptar às mudanças climáticas, principalmente buscando novos ambientes para colocar seus ovos.

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