A Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) adicionou o sistema de mísseis Harpoon ao caça F-16 Fighting Falcon, ampliando o poder de ataque da aeronave com um armamento originalmente utilizado pela Marinha. A integração foi demonstrada durante teste realizado na Base Aérea de Nellis, no estado de Nevada, na última quinta-feira (27).

Conduzido pelo Destacamento 3 do 53º Grupo de Teste e Avaliação, o experimento representa um marco importante para a USAF. Agora, ela consegue adaptar seus jatos às diferentes ameaças modernas, que têm passado por grandes evoluções nos últimos tempos, sem gastar anos para realizar a integração de armas tradicionais.

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Míssil Harpoon integrado ao caça F-16. (Imagem: Força Aérea dos EUA/Divulgação)

Introduzido no final da década de 1970 e atualmente usado por quase 30 países, o Harpoon é um míssil de cruzeiro adaptável para as mais variadas missões. Ele foi projetado para lançamentos a partir de navios e submarinos, mas também pode ser usado em baterias de defesa aérea costeira e até por aviões, com algumas adaptações.

O problema é que a integração de novos sistemas de armas aos caças pode demorar anos para ser finalizada, exigindo ajustes técnicos, certificações e mudanças de hardware. Mas para este projeto de equipar o caça F-16 com o míssil Harpoon foi utilizada uma abordagem diferente e muito mais rápida.

Sem modificações na aeronave

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Aeronave e míssil não passaram por mudanças físicas. (Imagem: Força Aérea dos EUA/Divulgação)

A solução adotada pelos engenheiros da USAF para aumentar o poder de fogo do popular jato de combate foi o uso de um sistema de gateway, o que eliminou a necessidade de realizar alterações físicas na aeronave e no míssil, reduzindo o tempo de trabalho e os custos. A tecnologia atua como uma interface entre as duas plataformas.

Funcionando como um tradutor, o gateway permitiu que o F-16 reconhecesse o Harpoon e o míssil recebesse os sinais do sistema de bordo, promovendo a comunicação entre ambos, como explicou o braço aéreo das Forças Armadas dos EUA. A abordagem aumenta a flexibilidade operacional, permitindo colocar o armamento avançado em campo rapidamente.

“Nosso objetivo principal era demonstrar que a rápida integração de armas nas plataformas da Força Aérea dos EUA pode ser alcançada de forma eficiente modificando o middleware, sem a necessidade de atualizações extensas na própria aeronave”, destacou o gerente de projeto da USAF responsável pela solução.

Ainda de acordo com o profissional, que não teve o nome revelado, o teste feito na Base Aérea de Nellis abre caminho para o desenvolvimento de projetos futuros em outras plataformas e sistemas de armas. Com isso, a atualização de aeronaves existentes com armas avançadas terá um cronograma muito mais enxuto.

Médio alcance e alta precisão

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Os mísseis Harpoon estrearam em 1977. (Imagem: Getty Images)

Fabricado pela Boeing, o Harpoon é um sistema de mísseis antinavio equipado com orientação ativa por radar e trajetória de baixa altitude que ajuda a evitar a detecção pelas tropas inimigas. Ele também se caracteriza por manobras como o deslizamento marítimo para melhorar a eficácia.

Voando a uma velocidade máxima de 864 km/h, o armamento pode alcançar alvos a até 280 km de distância, tendo ganhado algumas atualizações desde a sua estreia. A versão Block II, por exemplo, possui navegação assistida por GPS, enquanto a Block II+ melhora a orientação, a conectividade e a resistência às contramedidas adversárias.

As variantes adaptadas ao uso em aeronaves como os bombardeiros B-52H, os caças F/A-18 e as aeronaves de patrulha marinha P-3C Orion ativam seus motores após o lançamento, sendo impulsionadas por um turbojato Teledyne. Já os mísseis lançados por navios ou em baterias terrestres dependem de um propulsor de combustível sólido.

Com a integração do míssil Harpoon ao caça F-16, a Força Aérea americana se prepara para novos avanços nos processos de aquisição e implantação de armamentos, melhorando sua capacidade de respostas rápidas em meio a um cenário de ameaças em constante evolução.

Gosta de curiosidades relacionadas à tecnologia militar? Então, relembre o lendário jato “invisível” F-117 Nighthawk e descubra qual velocidade ele alcançava.


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