Os dois brasileiros mantidos reféns em uma “fábrica de golpes online” em Mianmar eram obrigados a procurar outros brasileiros nas redes sociais para se tornarem suas vítimas, como relata o g1 nesta terça-feira (18). A dupla escapou da instalação na última semana, junto com outros imigrantes que estavam na mesma situação.

Um dos jovens que trabalhavam em condições análogas à escravidão na KK Park, Phelipe de Moura Ferreira contou que os operadores da fraude assumiam o papel de uma modelo chinesa em busca de ajuda financeira. Ao interagir com os alvos, a personagem perguntava nome, idade, estado civil, tipo de trabalho e o salário.

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As pessoas detidas na KK Park eram forçadas a trabalhar como golpistas online. (Imagem: Getty Images)

Após ganhar a confiança do contato, a suposta modelo afirmava trabalhar em uma plataforma que pagava US$ 30 de comissão, cerca de R$ 170 pela cotação atual, se a vítima a ajudasse em algumas tarefas. Quem aceitava recebia o primeiro pagamento, mas as comissões seguintes exigiam “recargas” que começavam em US$ 150 (R$ 853) e seguiam até os golpistas arrecadarem US$ 5 mil (R$ 28,4 mil).

Tanto homens quanto mulheres eram procurados pela quadrilha de golpes online de Mianmar, mas os brasileiros já desconfiavam que a conversa envolvia algum tipo de fraude. Assim, o grupo passou a buscar potenciais vítimas em outros países da América, na Ucrânia e na Rússia, mais fáceis de enganar, de acordo com Phelipe.

Golpe online deu prejuízo de 350 mil euros

Um dos casos que mais chamou a atenção do brasileiro obrigado a aplicar golpes cibernéticos foi o de uma vítima do Caribe. Conversando com um operador chinês, a mulher foi convencida a fazer empréstimos e comprar uma casa, após a paquera online afirmar que moraria com ela.

No total, a vítima teve um prejuízo de 350 mil euros (R$ 2,08 milhões), e os chefes da quadrilha obrigaram Phelipe a se envolver no caso e extorqui-la ainda mais. Ele disse que tentou procurar outras pessoas para interagir no lugar dela, mas poderia ser punido caso não cumprisse as ordens.

Ainda de acordo com o jovem que se tornou refém do grupo após ser enganado por uma falsa oferta de emprego, os reféns trabalhavam 16 horas por dia, em média, mas o expediente podia chegar a 22 horas. Quem não cumprisse as metas sofria punições como choque elétrico, espancamento ou era obrigado a fazer longas sessões de agachamento.

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