O cofundador e ex-CEO da Microsoft, Bill Gates, revelou em entrevista que não esperava a atual onda conservadora que surgiu entre empresários do mercado norte-americano de tecnologia. O bilionário fez a reflexão durante uma conversa com o jornal The New York Times.
“Eu sempre pensei no Vale do Silício como sendo mais para a esquerda. O fato de que agora há um grupo significativo à direita é uma surpresa para mim”, disse Gates. A região da Califórnia, que concentra universidades, startups e gigantes da indústria, era de fato conhecida desde décadas atrás por uma cultura mais progressista.
Ainda assim, Gates disse que não há “um grupo” e nem “um consenso” ao falar sobre outros titãs da tecnologia e bilionários donos de empresas do setor. Ele citou nominalmente Reed Hoffman, cofundador do LinkedIn, como um dos executivos bem-sucedidos que é assumidamente de posições progressistas.
O próprio Gates doou US$ 50 milhões para o Future Forward, um fundo ligado à campanha de Kamala Harris em 2024, e se diz favorável a medidas como a taxação progressiva de fortunas. Ainda assim, ele já se reuniu com Donald Trump após a vitória do político e se mostrou satisfeito com a conversa.
“Eu vou me engajar nesse governo da melhor forma possível, assim como eu fiz na primeira gestão de Trump“, disse Gates. Ele levou ao agora presidente questões envolvendo os seus trabalhos de filantropia, incluindo combate a doenças e pesquisas sobre vacinação.
A mudança no Vale do Silício
A fala de Gates tem relação com a atual mudança no comportamento e nas decisões corporativas de empresários como Elon Musk, da Tesla, e Mark Zuckerberg, da Meta.
Enquanto o dono da Tesla participou ativamente da campanha de Donald Trump em comícios, passou a fazer parte do governo e teria até modificado o algoritmo do X para beneficiá-lo, o responsável por Instagram e Facebook aguardou a posse do novo presidente para confirmar o posicionamento.
Em uma reunião interna, Zuckerberg citou que agora é uma época de “parceria produtiva” com o governo. Além de Musk, antigos executivos da PayPal também foram nomeados para cargos públicos. É o caso de David Sacks, que cuidará do setor de criptomoedas, e Ken Howery.
Além disso, CEOs de outras gigantes da tecnologia estiveram presentes na posse do político — incluindo Tim Cook (Apple), Sundar Pichai (Google) e Jeff Bezos (cofundador da Amazon).
Perto de completar 70 anos, Gates tem concedido várias entrevistas sinceras nas últimas semanas. O empresário lança em breve um novo livro chamado Código-fonte: Como tudo começou, em que relata da infância até a fundação da Microsoft ao lado do amigo Paul Allen.