O bilionário e cofundador da Microsoft, Bill Gates, criticou o empresário Elon Musk por participar ativamente de campanhas políticas ao redor do mundo. Em uma entrevista para promover a autobiografia, o ex-CEO comentou as diferenças entre os dois e náo poupou o dono da Tesla e do antigo Twitter.
“É realmente louco que ele possa desestabilizar as situações políticas nos países“, disse Gates sobre o envolvimento de Musk em campanhas, em especial com partidos da extrema-direita em países da Europa como Reino Unido e Alemanha.
Ele ainda diz que não se arrepende de ser mais discreto quando o assunto é política por escolher apenas uma quantidade limitada de assuntos para se envolver — como as atividades de filantropia mantidas pela fundação que leva o seu nome. “Para mim, sempre foi sobre cuidado. Eu acho que o Brexit foi um erro, mas eu não fiquei twittando sobre isso todos os dias“, defende.
Gates fez uma doação generosa para a campanha de Kamala Harris na eleição de 2024, mas também se reuniu com Donald Trump em um jantar para discutir demandas e assuntos que ele considera importantes. No atual governo dos EUA, porém, ele tem um desafeto: Robert Kennedy Jr., que agora cuida do Departamento de Saúde e é ativamente contra a vacinação, justamente uma das maiores bandeiras do bilionário.
O ex-CEO diz ainda que as notícias falsas sobre o clima estão “ficando fora de controle” e que se preocupa com a falta de ação de governos e empresas contra desinformação, em uma crítica direta a Mark Zuckeberg. No cenário geral, porém, ele ainda acredita que há um lado bom na inovação.
“O mundo está ficando mais caótico. Eu trabalho com inovação, novas formas de criar remédios, IA, vacinas, entender a desnutrição, mudanças climáticas… Tudo isso está indo melhor do que eu esperava. Mas o mundo no qual essa inovação está sendo entregue, seja a polarização nos EUA ou Europa, ou instabilidade em China, Rússia e Áfria, isso é o que me preocupa“, conclui.
A infância e as rivalidades de Gates
No livro, Gates relembra episódios de sua infância, como a trágica morte de um amigo na adolescência e um provável diagnóstico “no espectro autista” caso fosse analisado por médicos contemporâneaos quando era criança. Isso porque ele mantém até hoje características como hiperfoco em questões bastante específicas, tem uma memória privilegiada e ainda encontra dificuldades na socialização.
Ele ainda reconhece que teve uma vida mais privilegiada que outros CEOs de empresas de tecnologia, que encararam desafios mais complicados antes de entrarem no mercado de trabalho. “Eu não fui um órfão como Steve Jobs“, conta Gates, referindo-se ao CEO e cofundador da Apple, que faleceu em 2011. “Nós fomos feitos e criados para vencer“, relembra.
O cofundador da Microsoft relata ainda que a principal diferença dele para Steve Jobs é a capacidade de programar: o rival sempre foi voltado para a criação de produtos a partir de ideias, do design e das vendas, enquanto Gates tinha conhecimentos técnicos. “Steve com os seus longos cabelos pretos era um gênio também, mas a quantidade de termos sobrepostos em que ambos éramos bons era muito pequena”, explica.
O livro Source Code: My Beginnings de Bill Gates ainda não teve lançamento confirmado no Brasil. A obra sai em 5 de fevereiro de 2025 nos Estados Unidos.