A Apple começou sua quinta-feira (03) com más notícias, já que a empresa perdeu cerca de US$ 250 bilhões (aproximadamente R$ 1 trilhão) em valor de mercado. O motivo seriam as recentes tarifas aumentadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que afetam diretamente a cadeia de fabricação da empresa.

Os dados são do jornal Financial Times, que aponta uma queda de 9,25% sobre as ações da empresa na bolsa de valores de Nova York. Caso esse valor continue aumentando, marcará a maior desvalorização da Maçã desde setembro de 2020, quando o mundo ainda sofria os impactos econômicos causados pela COVID-19.

O valor da empresa fechou em US$ 3,12 trilhões (Cerca de R$ 16 trilhões), marcando a maior queda entre as grandes companhias de tecnologia. A segunda empresa mais afetada foi a Tesla, seguida pela Nvidia, com quedas de 4 e 4,5%, respectivamente. Mesmo com a proximidade de Musk e Trump no governo norte-americano, a fabricante de automóveis sentiu a reforma alfandegária do presidente.

A entrada da Apple Store de Nova York, com a cúpula de vidro transparente com a logo da empresa na frente e algumas pessoas na entrada.
Após as tarifas, é possível que futuros lançamentos da Apple tenham algum aumento de preço (Imagem: GettyImages)

Além das três gigantes, outras Big Techs sofreram com as novas regras, mas em menor escala. Alphabet, Amazon e Meta sofreram reduções entre e 2 e quase 5%, enquanto a Microsoft teve uma redução de valor de mercado inferior aos 2%.

O “Dia da Libertação” dos EUA

As medidas impostas por Trump foram motivo de alarde na última quarta-feira. A data, chamada de “Dia da Libertação” por Trump, marca o início de uma série de cobranças recíprocas e aumentos para diversos países. Segundo o mandatário, essas ações irão libertar os Estados Unidos de produtos estrangeiros.

O grande ponto dessas tarifas tem relação com a China. Os EUA aumentaram a tarifa de importação de produtos chineses de 20 para 34%, marcando uma diferença considerável para as grandes empresas de tecnologia e que possivelmente irá reverberar no bolso dos consumidores no fim do dia.

Por mais que seja uma empresa norte-americana e fundada no estado da Califórnia, a Apple mantém sua fabricação na China e em alguns países do sudeste asiático. O melhor exemplo é a popular linha do iPhone, produzida em larga escala na Ásia e depois importada para diversos países.

Dessa forma, haverá um impacto de 14% nas tarifas cobradas durante esse processo de importação dos produtos, não somente para smartphones, como quaisquer outros aparelhos. Até mesmo países da União Europeia serão afetados, com cobranças de até 20% na movimentação de determinados itens.

Trump segura placa com lista de países afetados por taxas
Países mais afetados pelas tarifas de Donald Trump são Saint-Pierre e Miquelon e Lesoto, com 50% (Imagem: GettyImages)

“Se vocês olharem para aquela primeira linha da China, 67%, essas são as tarifas cobradas dos EUA, incluindo manipulação cambial e barreiras comerciais. […] vamos cobrar uma tarifa recíproca com desconto de 34%”, explica Donald Trump.

O objetivo do presidente estadunidense é “proteger” os Estados Unidos de eventuais impactos econômicos que poderiam sofrer de outros países. A forma de evitar essas tarifas seria mover as fábricas para solo norte-americano, como algumas empresas de tecnologia vem fazendo, como a Intel nos últimos tempos.

Em uma conversa do TecMundo com a Nvidia nas últimas semanas, um representante da divisão Enterprise da empresa diz que a marca acompanhava os desdobramentos do presidente, e iria seguir com as recomendações norte-americanas, por mais que não concordasse. Questionado sobre o preço, o porta-voz entende que aumentos podem ser inevitáveis.

Brasil pagará tarifas de 10%

Além da China e outros países da Europa, o Brasil também foi afetado pelas taxas estadunidenses. Trump aplicou uma tarifa de 10% em produtos importados do Brasil sem base definida, mas manteve tarifas pré-aplicadas, como os 25% na importação de aço e alumínio.

Mesmo com esses 10% a mais, o Brasil foi um dos menos afetados pelo governo do republicano. Países vizinhos, como a Argentina de Javier Milei, Colômbia e Peru tiveram a mesma tarifa, assim como o Reino Unido, Austrália e Nova Zelândia.

Em nota, o Ministério de Relações Exteriores e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços lamentam a decisão. Contudo, as autoridades brasileiras estão abertas ao diálogo e avaliam apresentar recursos à Organização Mundial do Comércio (OMC) para reverter o quadro.

As tarifas de importação começam a partir do próximo sábado (05) e não são bem aceitas por diversos países, que prometem retaliação. Para mais informações da Apple e o governo Trump, basta ficar ligado no site do TecMundo, que recentemente reportou um grande vazamento de dados do novo governo dos EUA.