Os gamers de hoje em dia odeiam videogame. É isso mesmo: eu nunca vi uma geração de jogadores tão sensíveis, chorões e chatos como essa de agora. E olha que eu já vivi por seis gerações de consoles, encaminhando para mais uma!
Eu sou Derek Keller, editor responsável pelo conteúdo de vídeo no canal do YouTube do Voxel, e tomei coragem para falar o que muitos não dizem. Está muito chato ser fã de games com tanta gente reclamando de coisas sem sentido. Eu explico tudo isso no vídeo abaixo:
Recentemente, Avowed foi lançado no Game Pass, e chegou acompanhado de uma enxurrada de comentários falando diversas coisas sobre o jogo: lixo, jogo merda, bosta, fracasso e outros adjetivos limitados do vocabulário de uma criança de cinco anos. Estou defendendo Avowed? Não necessariamente, até porque comecei a jogá-lo essa semana, então ainda não posso dizer se o jogo é bom ou não.
Porém, o RPG da Obsidian não é a única vítima do ódio dos jogadores: South of Midnight, SAROS, Fable, Intergalactic, Ghost of Yotei, Detective 8020, Assassin “s Creed Shadows… Eu podia ficar horas citando jogos que ainda não saíram, mas foram massacrados pelo público. Público esse que não jogou, mas já odeia cada um desses games.
Como você pode reclamar de um jogo que nem sequer passou perto? Todo mundo tem o direito de reclamar, isso é óbvio! Mas por que você tá chorando tanto por algo que nem jogou? Ainda lembro do dia em que soltamos o review de Starfield: uma senhora correria aqui na redação, um dos grandes jogos do ano e tudo mais.
Assim que o vídeo saiu, muitas pessoas entraram para xingar um jogo que nem tinha sido lançado ainda. E o novo Kingdom Come Deliverance 2? Batendo recordes de venda e público, já está sendo cotado como um dos jogos do ano. Os comentários da galera: um show de horrores. Basta olhar os previews de South of Midnight e Assassin “s Creed Shadows para ver o mesmo padrão.
‘Estragaram meu jogo’ e ‘agenda woke’
O primeiro ponto é: por que vocês não jogam antes de começar a falar mal de um jogo? Por que uma grande parcela do público está mais interessada em reclamar do que realmente jogar? Eu, vendo isso tudo de fora, tenho duas impressões. A primeira delas: efeito manada. Alguém comenta “lixo” em um jogo e, de repente, a enxurrada de comentários negativos segue a mesma linha. Sem opinião própria, sem argumento. A segunda impressão: vocês tomam a opinião de um lugar como verdade absoluta, sem nem dar uma chance ao jogo.
A sensação é que, para essa parcela do público, nada é bom. Os chamados “jogadores” estão mais preocupados em reclamar do que jogar de verdade. Antes, a gente testava o jogo, tirava nossa própria conclusão e pronto. Hoje, é um festival de choro na internet: “aaa, estragaram o meu jogo”. E é aí que entra meu segundo ponto!
Em um dos vídeos de Avowed, um comentarista diz que cancelou a assinatura do Game Pass por causa da “agenda woke” do RPG da Obsidian. Pera lá, você cancelou um serviço com mais de cem jogos por causa de um detalhe opcional em um único jogo? QUAL É O PROBLEMA DE VOCÊS? Kingdom Come Deliverance 2 está sofrendo a mesma coisa: um relacionamento gay opcional virou motivo para boicote. “Ahhh, jogo medieval não pode ter gay”. Meu amigo, o que você quer? Um game medieval fiel ou um medieval cheio de dragões, feitiços e magia, mas sem diversidade, que era algo existente na época?
Outro comentário comum: “Pronome neutro fere a regra gramatical”. Sério? Antigamente a gente jogava com um dicionário do lado pra entender inglês. Se o jogo era em japonês, ia na sorte apertando botão. Sabe o que tá faltando? Problemas reais. Pagar contas, lidar com aluguel, pegar transporte público. Em outras palavras: SAIR DE CASA.
Agora, sabe quem está enfrentando problemas reais? Quem faz os jogos que você está detonando sem nem jogar. Demissões em massa, estúdios fechando, preços de jogos cada vez mais altos, crunch levando funcionários a crises de ansiedade. Problemas reais que afetam tanto a indústria quanto nós, jogadores. Mas disso ninguém reclama!
Os tempos mudaram
A verdade é que as redes sociais são uma grande vitrine de pessoas querendo chamar atenção. E quanto maior o ódio, maior o retorno. Mas a pergunta que fica é: você está chamando atenção para o assunto certo? Precisa caçar pelo em ovo só porque você não gosta de algo?
Imagina se Metal Gear Solid 2, que critica manipulação política, fosse lançado hoje? Ou se Grand Theft Auto IV, que fala sobre imigração e patriotismo exacerbado, estivesse prestes a sair? Você jogou só pra atirar ou prestou atenção na história? Grandes clássicos de outras eras poderiam ser cancelados por ter “agenda woke”.
“Ah, mas antigamente você comprava três jogos por dez reais e podia devolver. Hoje um jogo custa trezentos reais, não posso gastar”. Sim! Por isso existem políticas de reembolso e promoções. A Epic Games dá jogos grátis toda semana, incluindo muitos figurões da indústria. Já a Steam, que possui diversas promoções anualmente, permite testar jogos por duas horas antes do reembolso. Comprou um jogo físico online? Você tem sete dias para devolver.
Não quer comprar? Testa então! Demonstrações, Xbox Game Pass, Playstation Plus. Existem diversos serviços com um preço acessível que permitem acessar grandes jogos para saber se o título é ou não para você. E se isso não bastar, bem… Tem um outro jeito que muitos de nós usávamos antigamente. Mas isso é papo pra outro dia…
Resumo da ópera: tire suas próprias conclusões antes de reclamar e, pelo amor dos deuses dos videogames, JOGUE! O Voxel, outros veículos de games, youtubers, podcasters, todos temos a nossa opinião, mas a sua não precisa ser a nossa. Jogos também são uma forma de arte e entretenimento que merece ser apreciada, não apedrejada.
Lute por preços menores, brigue com as empresas para manterem empregados as pessoas que fazem produtos divertidos. E o mais importante: não seja um otário.