Por Rafael Ataide.

A privacidade de dados não existe mais. Sei que isso parece um clickbait ou, no mínimo, um exagero, mas estou sendo totalmente transparente. Como um profissional que trabalha com dados o tempo todo, essa é a conclusão inevitável à qual cheguei — e à qual o mercado também já sabe perfeitamente.

Todos os dias, milhões de empresas usam informações sobre sua navegação online, seus interesses, sua condição financeira e uma série de outras para te atingir com os anúncios certos. Em alguns casos, isso é feito da maneira mais adequada possível, com processos transparentes e consentimento expresso dos usuários. Em outros, a corrida para chamar atenção é tratada como mais importante do que a privacidade dos consumidores, que frequentemente nem sabem o que está acontecendo.

Os resultados chegam rapidamente: são recomendações baseadas no histórico de compras, anúncios personalizados e orientações de consumo que nem sempre se diferem da pura manipulação de comportamento.

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Vários aplicativos, desde os oficiais do Google até joguinhos aparentemente inofensivos, podem coletar informações, inclusive quando rodam em segundo plano. (Fonte: Getty Images)

Como estamos conectados o tempo inteiro, fica difícil saber quem está tendo acesso aos nossos dados, como e quando. Vários aplicativos, desde os oficiais do Google até joguinhos aparentemente inofensivos, podem coletar informações, inclusive quando rodam em segundo plano.  Tenho certeza que já aconteceu de você comentar sobre um produto e, pouco depois, vê-lo em um anúncio. Não se trata de microfones espiões ou algo do tipo, mas sim de algoritmos extremamente avançados que cruzam dados e preveem seus interesses com assustadora precisão.

Não digo isso para fomentar nenhuma teoria conspiratória. Nossos dados são, de fato, o novo petróleo, e ninguém quer que você seja dono do seu próprio poço. Ferramentas antiéticas usam brechas para ter acesso a esse bem. Hoje, vemos esforços importantes para evitar o uso inadequado de informações sensíveis, como propõe a Lei Geral da Proteção de Dados (LGPD). Ainda assim, temos meios de nos proteger individualmente.

Não acredito que exista uma salvaguarda para 100% das ações online, mas, se você quer ficar mais protegido, recomendo:

• Ler os termos de todo serviço, cadastro ou aplicativo antes de aceitar;
   • Restringir permissões no celular apenas para apps confiáveis;
   • Usar navegadores e ferramentas que respeitam privacidade;
   • Questionar, sempre.

Todas essas decisões são pessoais. De certa forma, o que algumas empresas fazem com seus dados providencia certa conveniência, e você pode escolher mantê-la. Só é importante entender que há um preço envolvido e que você já o está pagando.

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Com experiência em inteligência artificial e neuromarketing, Rafael Ataide já passou pela gestão de e-commerces, estratégias de CRM marketing e implementação de algoritmos de machine learning em empresas multinacionais. Hoje está à frente do Hub de Data & Tech da Adtail como diretor, promovendo inovações e uso de I.A. para facilitar o dia a dia da operação e do cliente.


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