Se você observar um relógio analógico detalhadamente, verá que um ponteiro indica as horas, outro os minutos e o último os segundos. Mas todos eles giram para o mesmo lado: um movimento conhecido como sentido horário, justamente por causa disso. Curiosamente, esse sentido não é determinado por nenhuma lei da física, da matemática ou pela nossa percepção do tempo.

Em outras palavras, o sentido horário não é uma regra dos relógios. Esses dispositivos poderiam perfeitamente ter girado no sentido anti-horário, caso a história de sua invenção tivesse seguido outro caminho — nesse caso, o nome também não seria “anti-horário”. Na verdade, a origem desse movimento está no Sol: mais precisamente, na sombra projetada pela luz solar nos antigos relógios de sol.

Antes de entendermos por que os relógios seguem apenas no sentido horário, é importante saber de onde eles vieram e por que começaram a ser usados.

Os primeiros instrumentos criados para medir o tempo eram produzidos a partir de rochas, bronze e madeira, sem qualquer tipo de engrenagem como vemos nos relógios de ponteiro atuais.

Na verdade, os relógios não recebiam esse nome quando foram criados. Eles funcionavam como instrumentos para medir o tempo, mas não utilizavam o mesmo sistema que conhecemos hoje.

Os especialistas afirmam que os egípcios desenvolveram os primeiros dispositivos de medição baseados na sombra do Sol. Também existiam modelos que usavam a água, como as clepsidras, que foram amplamente utilizados em várias civilizações antigas.

Apesar de os egípcios serem considerados os primeiros a desenvolver relógios funcionais, ainda há debate entre cientistas sobre quando surgiu o primeiro instrumento para medir o tempo.

“Um relógio é um dispositivo mecânico ou elétrico, diferente de um relógio de pulso, usado para exibir as horas. Um relógio é uma máquina em que um mecanismo realiza movimentos regulares em intervalos de tempo iguais, conectado a um sistema de contagem que registra o número desses movimentos. Todos os relógios, independentemente da forma — sejam de 12 ou 24 horas —, são construídos com base nesse princípio”, a enciclopédia Britannica descreve.

Até mesmo o famoso monumento de Stonehenge já foi apontado como um possível tipo de dispositivo que utilizava a sombra do Sol para marcar o tempo — mas sua real finalidade continua sendo um mistério.

Por que os relógios giram no sentido horário?

Pode parecer estranho questionar por que os relógios giram no sentido horário, já que esse movimento parece tão natural que dificilmente o imaginamos de outra forma.

Se você observasse um relógio girando no sentido anti-horário, provavelmente teria dificuldade para entender o que está acontecendo — e não, você não estaria voltando no tempo. Mas por que eles giram apenas para a direita?

O Sol é, de fato, o motivo pelo qual os relógios funcionam no sentido horário. Os antigos relógios de sol, precursores de todos os modelos que conhecemos hoje, mediam o tempo com base no movimento aparente do Sol no Hemisfério Norte.

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A imagem apresenta um relógio de sol utilizado por antigas civilizações, em que a sombra projetada mostra o horário. (Fonte: Getty Images)

Ao longo do dia, a luz solar projeta sombras que se movem da esquerda para a direita, ou seja, no sentido horário.

O design dos relógios modernos foi inspirado justamente nos relógios de sol utilizados pelas antigas civilizações do Hemisfério Norte. No entanto, eles poderiam ser bem diferentes se a inspiração tivesse sido outra.

Por exemplo, se os relógios de sol tivessem sido criados por sociedades do Hemisfério Sul, provavelmente os ponteiros se moveriam na direção oposta. Nesse caso, o que hoje chamamos de sentido anti-horário seria o verdadeiro sentido horário.

Em resumo, a forma que os relógios giram é uma questão cultural; se os primeiros relógios de Sol tivessem sido desenvolvidos no Brasil, a história seria outra — ou em qualquer outro lugar do Hemisfério Sul.

Uma breve história dos relógios

Apesar dos primeiros relógios de sol terem surgido por volta de 3.500 a.C., e muitos outros terem sido construídos ao longo dos séculos, os primeiros relógios mecânicos com engrenagens só foram desenvolvidos na Europa entre o final do século XIII e o início do século XIV.

Segundo os historiadores, essas máquinas de medir o tempo foram usadas principalmente em igrejas e se mantiveram como padrão até a invenção do relógio de pêndulo, em 1656, que trouxe mais precisão na medição do tempo.

Egípcios e europeus foram fundamentais para o desenvolvimento da forma como medimos o tempo, mas os sumérios também tiveram um papel importante. A antiga sociedade da Mesopotâmia já utilizava a divisão do dia em aproximadamente 24 horas, com cada hora contendo 60 minutos — é daí que vem esse sistema de marcação do tempo.

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Os relógios domésticos, como os de parede e de mesa, se popularizaram a partir da Revolução Industrial com o avanço da produção em massa. (Fonte: Getty Images)

Além dos relógios de sol, essas civilizações antigas também utilizavam relógios de água. Funcionava assim: durante o dia, aproveitavam a luz solar para medir o tempo e, à noite, recorriam aos relógios de água.

“A origem do relógio totalmente mecânico é desconhecida; os primeiros dispositivos desse tipo podem ter sido inventados e usados ??em monastérios para tocar um sino que chamava os monges para as orações. Os primeiros relógios mecânicos aos quais existem referências claras eram grandes máquinas acionadas por peso, instaladas em torres e conhecidas hoje como relógios de torre”, é descrito na enciclopédia Britannica.

De qualquer forma, diferentes culturas foram essenciais para chegarmos à forma como cronometramos o tempo hoje. Será que isso vai mudar no futuro?

Desde as primeiras civilizações, medir o tempo sempre foi essencial para organizar colheitas, rituais e até sistemas políticos. Mas contar o tempo pode não ser tão bom para a humanidade. Quer saber mais? Entenda como medir o tempo corretamente pode fazer o mundo acabar mais rápido. Até a próxima