O mercado de smartwatches hoje está evoluído e consolidado, com marcas que oferecem modelos focados em produtividade, monitoramento de bem-estar ou registro de atividades físicas. Marcas como Apple, Garmin, Samsung, Huawei e Fitbit são bastante famosas entre quem busca um eletrônico para o pulso.
Porém, a situação era bem diferente na primeira metade da década de 2010, quando a oferta desse tipo de dispositivo era bem menor e pouco acessível. Nesse setor ainda em busca de uma identidade, um projeto independente chamado Pebble nasceu e virou um fenômeno pela internet graças a um formato de financiamento popular na época: o crowdfunding, ou financiamento coletivo.
Os relógios inteligentes da Pebble duraram relativamente pouco tempo, mas foi o suficiente para marcar o público que vivem essa época e acompanhava tecnologia. Com a marca retornando em 2025, chegou a hora de relembrar a trajetória do projeto e entender por que essa volta tem sido comemorada.
Um fenômeno do Kickstarter para o mundo
A Pebble como empresa de pequeno porte nasceu da vontade de Eric Migicovsky de ter um relógio longe do mercado fashion ou de luxo e que não apenas mostrasse as horas, como outros modelos digitais.
Após não conseguir atrair o interesse de investidores por meios tradicionais, em 2012 o Pebble foi anunciado na plataforma de financiamento coletivo Kickstarter. Ele arrecadou cerca de US$ 10 milhões de consumidores interessados, valor muito acima de qualquer meta estipulada pelo inventor, e teve condições de sair do papel.
O primeiro Pebble era um smartwatch ainda simples, com tela e-ink (a mesma de leitores digitais, como o Kindle) sem controles por toque e conexão via celulares Android ou iOS. Entre os recursos, o relógio exibia emails, chamadas e mensagens recebidas, além de ter aplicativos como calendário, previsão do tempo e até um visualizador de postagens em redes sociais.
O lançamento do smartwatch foi adiado em um ano por causa da alta demanda, com os envios começando em 2013. Só com o sucesso inicial os primeiros investimentos de fora chegaram, o que possibilitou a expansão das vendas.

Nos anos seguintes, modelos como o Pebble Steel (com corpo feito de aço) e Pebble Time (com tela colorida e microfone embutido) saíram, com o segundo deles novamente batendo o recorde de arrecadação no Kickstarter. A linha também foi expandida com o Pebble Time Round, um modelo fino e leve com tela circular mais parecido com os concorrentes do período.
Por que o Pebble acabou?
Por mais que o projeto parecesse um sucesso no Kickstarter e de fato apresentasse boas vendas, internamente a situação não era nada boa. Sem conseguir equilibrar as contas, a companhia demite 25% dos funcionários em 2016 e precisa de empréstimos para seguir em operação.
Nesse momento da história, o Apple Watch já havia dominado o setor de relógios inteligentes com uma tela touchscreen de qualidade e vários recursos interessantes que faltavam ao Pebble. Por outro lado, a companhia também não conseguia mais competir em preço com pulseiras inteligentes baratas e igualmente úteis, em especial de marcas como a Xiaomi.

A segunda geração de relógios inteligentes da Pebble chegou a ser anunciada, novamente financiada por uma campanha de financiamento coletivo. Porém, só o Pebble 2 comum foi lançado, enquanto os modelos Time 2 e Core (que funcionaria de forma independente, sem um celular pareado) foram cancelados.
Em crise, a Pebble é comprada pela fabricante de dispositivos vestíveis (wearables) Fitbit no final de 2016. O suporte ao relógio acabaria em 2018, com a comunidade de desenvolvedores ajudando a manter os aparelhos por meio de atualizações. A Google adquiriu a Fitbit três anos depois, terminando de enterrar o projeto.
Ela ao menos liberou o código do PebbleOS, o sistema operacional dos relógios, o que possibilitou ao menos a continuidade do projeto por futuros interessados — e foi exatamente isso que aconteceu anos depois.
O retorno do Pebble
Em janeiro de 2025 e de forma totalmente inesperada, Eric Migicovsky anunciou que a marca Pebble seria revivida. Ela agora vai fazer parte da sua nova empresa, a Core Devices, que terá como aparelhos de estreia dois relógios inteligentes.
Os modelos são o Core Time 2 e o Core 2 Duo — que, apesar de não terem o nome do dispositivo original por motivos de direitos autorais, roda o PebbleOS, traz o mesmo visual dos aparelhos anteriores (inclusive com peças sobressalentes das fábricas desativas), além de praticamente todos os recursos originais da linha.

O Core 2 Duo custará US$ 149 (cerca de R$ 845 em conversão direta de moeda, sem contar impostos e frete) e sai em julho de 2025, praticamente como se fosse uma versão levemente modernizada dos Pebble originais — ainda com tela monocromática, corpo de plástico e com sensores simples. A compra pode ser feita no site da fabricante.
Já o Core Time 2 será lançado apenas em dezembro deste ano por US$ 225 (ou R$ 1,27 mil), contando com uma tela sensível ao toque e uma bateria de até 30 dias de duração, com monitoramento de passos e qualidade do sono.
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