Os vapes (cigarros eletrônicos) se tornaram extremamente populares entre adolescentes, adultos e até mesmo alguns idosos nos últimos anos. Para os fumantes, a ideia de usar um dispositivo eletrônico com sabor de frutas parecia muito interessante, mas e se tivesse um Tamagotchi? E se esse Tamagotchi estivesse embutido no vape e as suas tragadas representassem a vida ou a morte do bichinho?
Foi exatamente isso que Rebecca Chun e Lucia Camacho tiveram em mente ao criar o Vape-o-Gotchi, um vape com Tamagotchi integrado (ou vice-versa). Antes de tudo, é bom informar que esse cigarro eletrônico é uma espécie de brincadeira e não será comercializada pela dupla — pelo menos não agora, mas nada impede que alguma empresa faça isso.
O funcionamento desse estranho dispositivo é bem simples para ambos os lados. O vape é o cigarro de sempre, no qual o usuário utiliza para fumar. O Tamagotchi é o mesmo bichinho irritante de sempre, que pega inspiração no original, e ao em vez de exigir carinhos e cuidados por parte dos usuários, pede mais vape para sobreviver.

Enquanto o Tamagotchi original morria por desinteresse do usuário com o passar do tempo, ou pela programação do brinquedo, que gerava um fim, o Vape-o-Gotchi morre se você não fuma o vape. Se antes era uma mistura de sentimentos sobre cuidados e amor, agora é sobre não deixar seu bichinho — você — sem fumaça.
Como o Tamagotchi sempre foi associado às crianças e não é legal deixar esse grupo de pessoas fumar, a recepção do dispositivo pode não ser bem vista. Contudo, isso não passou de uma invenção propositalmente sem sentido, feita para o Stupid Hackathon organizado pela Universidade de Nova Iorque.
Os hackathons são geralmente eventos abertos que reúnem profissionais, estudantes e curiosos de diversas áreas para propor protótipos e inovações. A ideia do Stupid Hackathon era, literalmente, promover ideias bem idiotas.
Gamificação dos vapes
Como conta o Futurism em uma entrevista, tudo começou quando Rebecca Xun, ex-social media da Meta, começou a pensar em uma forma de gamificar o uso dos vapes e reduzir seu uso. Sabendo dos problemas que os cigarros eletrônicos podem causar na saúde humana, a ideia inicial era que quando qualquer pessoa usasse o vape, o Tamagotchi automaticamente morreria, para criar um sentimento de culpa, mas isso mudou para o estado atual.
A ideia surgiu após múltiplas publicações satíricas de usuários em redes sociais que deram a ideia de um Tamagotchi com vape e certas variações. Xu então começou o esboço de um projeto independente e começou a trabalhar nele com Lucia Camacho, ex-funcionária na empresa de drones militares Anduril.
Idea for a vape: a tamagotchi that you can only “feed” or “play with” by taking a puff of nicotine. Vaping is so safe that if this got just one kid off cigarettes it would be worth another 50 getting into vaping.
— Sam Bowman (@s8mb) May 31, 2023
Xun era mais ligada na parte do software, e explica que o código usado na brincadeira é capaz de rastrear a saúde do Tamagotchi em relação à voltagem. “O cigarro mudará a animação ou a saúde [do Tamagotchi], dependendo de quando você fumar ou se deixar o tempo passar”, explica Rebecca Xun.
Já Camacho tem experiência no hardware e foi responsável por realizar as conexões entre o bichinho digital e a parte elétrica do vape, que segundo ela é bem fácil. “Basta somente medir se o vape está ligado ou desligado, e monitorar isso em um pequeno computador”, comenta Lucia.
Vale comentar que tecnicamente esse Tamagotchi não é o original, licenciado pela Bandai Namco, já que utilizaram um bichinho mais genérico. Com tudo isso, a dupla expõe que não foi tão fácil desenvolver este protótipo, “e que leva um bom tempo para encaixar tudo, imprimir e reimprimir muitos componentes”, chegando até mesmo a quebrar a impressora 3D de Camacho.
Expansão e riscos
Com os olhares voltados para o Vape-o-Gotchi agora, Xun e Camacho planejam expandir o projeto, como adicionar proteção contra água e melhorar a durabilidade. Aliás, um dos objetivos é criar um visual mais atrativo e fofo, diferente do atual — que parece uma bomba improvisada.
As duas inventoras não sabem se querem distribuir o produto por enquanto, mas pensam em disponibilizar o projeto para outras pessoas poderem criar suas versões customizadas. Mesmo assim, a ideia principal de ambas é “melhorar o que tem”, comentando sobre quão divertido é o projeto.

Por mais que seja uma brincadeira, aliar os vapes ao Tamagotchi renderá muitas críticas. Isso não é para menos, visto que os cigarros eletrônicos são tão danosos, ou mais, do que os cigarros mais comuns de nicotina.
Dados da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) apontam que o uso dos vapes pode gerar prevalência de bronquite, asma, danos à saúde bucal e dependência. Já a Organização Mundial da Saúde (OMS), indica impactos no desenvolvimento cerebral, na aprendizagem, saúde mental e até mesmo em quadros para doenças cardiorrespiratórias.