A Meta, empresa dona das plataformas Facebook, Instagram e Threads, começou a testar uma nova função nos Estados Unidos. O recurso em questão é o uso de Notas da Comunidade em postagens das redes sociais, que têm como objetivo reduzir a desinformação nesses serviços.

A novidade por enquanto é exclusiva dos Estados Unidos e os experimentos começam já na próxima terça-feira (18) com grupos seletos de até 200 mil usuários. A partir desta data, outros membros que se cadastraram previamente para participar da primeira rodada de testes ganharão a opção de escrever e avaliar contribuições nas três plataformas.

De acordo com a Meta, a implementação será gradual e as notas não ficarão visíveis para todos em um primeiro momento. Com o passar do tempo, mais pessoas terão acesso ao recurso, inclusive de forma aleatória nos aplicativos. Quando todos os experimentos acabaram, ela vai liberar a ferramenta a todos.

Como funcionam as Notas de Comunidade?

As Notas da Comunidade de Facebook, Instagram e Threads são inspiradas no recurso de mesmo nome que já existe há anos no X, o antigo Twitter. Nele, uma postagem pode ser complementada com anexos criados por outros usuários e que fornecem correções ou explicações adicionais.

Dessa forma, publicações totalmente enganosas ou com erros em dados, ou contextualização, são corrigidos ou desmentidos, permitindo que outras pessoas que conferirem a postagem não recebam uma informação imprecisa. Notas podem ser adicionadas em quase qualquer postagem no feed, exceto em anúncios.

Uma postagem no Instagram sobre morcegos sinalizada como imprecisa e complementada com uma Nota da Comunidade.
Um post corrigido com uma nota complementar. (Imagem: Divulgação/Meta)

Quem ler a contribuição pode votar na relevância dela e dizer se a adição foi ou não útil. Caso a pessoa concorde com a adição, é possível ainda explicar o que levou ela a se sentir ajudada — como a nota ser bem escrita, ter fonte confiável, ser relevante ou fácil de compreender, por exemplo. Caso haja discordância entre muitos usuários, o texto não será adicionado na publicação até que haja algum tipo um consenso ou aprovação massiva. A Meta diz que não terá qualquer participação direta ou interferências nesse sistema colaborativo.

A escrita das Notas da Comunidade é restrita a 500 caracteres e precisa incluir um endereço para uma fonte que sirva como comprovação do que é citado no conteúdo. O nome de quem escreveu o complemento fica omitido para evitar qualquer julgamento, mas o usuário precisa ter ao menos 18 anos e uma conta criada há pelo menos seis meses, além de protegida com um dos dois mecanismos de segurança das plataformas: um número de telefone ou a verificação em dois fatores.

Duas telas de celular que mostram a criação de uma Nota da Comunidade no Instagram.
A escrita de notas por enquanto está limitada a poucos usuários. (Imagem: Divulgação/Meta)

Inicialmente, o recurso será liberado em seis idiomas: inglês, espanhol, chinês, vietnamita, francês e português. Entretanto, não há qualquer prazo para a expansão dessa funcionalidade para outros países além dos EUA no momento, apesar dos planos a longo prazo serem de implementar o sistema globalmente no futuro.

Por que a Meta acabou com a checagem de fatos?

A chegada das Notas da Comunidade coincide com uma guinada política e estratégica de Mark Zuckerberg, cofundador e atual CEO da Meta. Após a eleição de Donald Trump como presidente dos EUA no fim de 2024, o bilionário anunciou mudanças nas redes sociais que coincidem com o discurso de liberdade de expressão e de redução de políticas de diversidade do político.

Na ocasião, Zuckerberg reclamou de interferências sofridas pelas empresas, como pedidos de apagamento de postagens mentirosas sobre a pandemia da covid-19. Ele ainda citou que países da América Latina teriam “tribunais secretos que censuram redes”, sem elaborar mais sobre a denúncia — mas indo ao encontro de ações como a de Elon Musk contra o Supremo Tribunal Federal (STF).

Anteriormente, as plataformas da empresa utilizavam nos EUA um esquema de parceria com agências independentes de checagem de fatos, normalmente compostas por jornalistas e outros especialistas do campo. Ao detectar irregularidades ou desinformação, esses grupos ajudaram na correção ou remoção de publicações consideradas enganosas.

A Meta considera que as notas criadas e votadas por usuários possuem “menos viés” do que as agências de checagem, além de atuarem de forma mais rápida e ampla nas plataformas. Elas ainda seriam importantes por não restringirem a visibilidade de um conteúdo e nem serem alvo de “campanhas organizadas” de influência contra o sistema.

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