Muito comuns em filmes e games futuristas, os exoesqueletos já foram os queridinhos da indústria de tecnologia ao tentar emplacar esses produtos ao público. Embora estejam distantes da realidade dos consumidores, um jornalista conseguiu experimentar um exoesqueleto para caminhar por algumas semanas — e o resultado até me surpreendeu.

Sean Hollister, editor-sênior do The Verge, utilizou o Hypershell Pro X, um exoesqueleto de 2,4 kg acoplado em suas pernas, durante a CES 2025, a maior feira de tecnologia do mundo. Sediada na calorosa Los Angeles, o evento serviu como um teste ideal, visto que as apresentações das empresas são distribuídas ao longo da cidade e gigantescos hotéis famosos e fáceis de se perder.

Um exoesqueleto é uma estrutura tecnológica que possui hastes metálicas e motores para auxiliar os seres humanos em aplicações profissionais, recuperação médica e até mesmo no dia a dia. Esses esqueletos externos são uma forma da ciência mimetizar, de certa forma, estruturas de mesmo nome usadas por animais como insetos, aracnídeos, crustáceos, etc.

Renderização do Hypershell Pro X
Hypershell Pro X é até menos bruto do que eu pensava (Imagem: Hypershell)

Esse tipo de equipamento vem sendo muito usado na indústria, para auxiliar os funcionários a carregarem mais peso ou se movimentarem com mais precisão. Porém, a Hypershell é uma companhia que vende esses produtos para o consumidor médio que precisa de uma ajuda para caminhar sem se cansar tanto.

Exoesqueleto não te dá super-força

E é exatamente aqui onde está o primeiro mito dos exoesqueletos, em especial do Hypershell Pro X: ele não te dá mais força, nem te deixa mais rápido. Foi esse o mesmo pensamento que Hollister teve ao vestir o equipamento pela primeira vez, mas rapidamente entendeu que as coisas não funcionam magicamente assim.

Sean conta que percebeu a diferença do exoesqueleto quando desligou a máquina após um bom tempo a utilizando. O produto fazia com o que jornalista tivesse menos trabalho para caminhar, andar rápido ou subir escadas, e sentiu que “seus músculos voltam à vida”, já que não há nenhum motor enviando 800W para auxiliá-lo a se mexer.

Mesmo com o aparelho desligado, mas acoplado na perna, o jornalista diz que ainda era possível realizar movimentos bem suaves ao caminhar. Contudo, salienta que isso não é algo constante em outros exoesqueletos que testou por menos tempo nos últimos anos.

Um dos vereditos de Sean Hollister é que diferente de vários outros exoesqueletos, o Hypershell Pro X parece muito mais como um verdadeiro produto finalizado do que um produto em desenvolvimento. Quanto mais ele usava o dispositivo, mais parecia que as hastes metálicas e os motores “entendiam” e otimizavam seu movimento.

Após alguns dias de uso, Hollister começou a notar que as partes de plástico já começavam a fazer aquele incômodo som de algo dobrando repetidamente. Isso, é claro, traz muitas dúvidas a respeito da longevidade do produto e se ele realmente aguenta ser usado diariamente por várias semanas.

Um produto excêntrico

Não é comum ver uma lista de especificações sobre exoesqueletos por aí, mas o Hypershell Pro X utiliza ainda uma bateria que permite andar por cerca de 17 km. Contudo, Sean informa que é meio chato trocar essa peça e quem gosta de usar mochilas pode ficar desconfortável com a traseira da mochila batendo no componente.

Além da bateria e do exoesqueleto, o produto acompanha um cabo USB Tipo-C para carregamento, um cartão para garantia e o manual de instruções. Para algo tão exótico, até eu esperava mais itens na caixa.

Por falar em caixa, a empresa envia o produto em uma espécie de mala especialmente compatível para o usuário carregar o esqueleto externo. Porém, quando fechado, o dispositivo parece ficar bem compacto e pode caber em muitas malas de bordo e mochilas.

Pareamento do exoesqueleto com o smartphone
É possível parear o exoesqueleto no smartphone para controlar o produto remotamente (Imagem: Hypershell)

A Hypershell Pro X, especificamente, utiliza bateria de 5.000 mAh e tem toda a base metálica feita em liga de alumínio, aço inoxidável e polímero reforçado com fibra de carbono. Na parte do motor, a peça entrega torque de 32 Newton-metro por meio de 800W de potência com assistência máxima de 20 km/h ao usuário. Veja todas as especificações:

  • Dimensões: 430 * 260 * 125 mm;
  • Peso máximo: 2,4 kg;
  • Construção: Liga de alumínio, aço inoxidável e polímero reforçado com fibra de carbono;
  • Torque máximo do motor: 32 N·m
  • Potência: 800W
  • Modos de operação: Modo Transparência, Modo ECO e Hyper Mode;
  • Redução de esforço físico: até 30%;
  • Assistência de velocidade máxima: 20 km/h;
  • Alcance da bateria: 17,5 km;
  • Capacidade da bateria: 5000 mAh
  • Tempo de recarga: 88 minutos com adaptador de 65W.

Será que vale a pena usar um exoesqueleto?

Por mais que tenham evoluído bastante, parece que os exoesqueletos ainda têm um longo caminho pela frente até se tornarem um produto para todos os públicos. Esse tipo de tecnologia pode ser muito interessante para pacientes em recuperação por alguma doença ou problema, além de auxiliar pessoas com dificuldade de locomoção ou idosos.

Ao fim da CES 2025, Sean Hollister disse que não se sentiu tão cansado assim — e pasme, mas os jornalistas correm por toda Las Vegas em busca de entrevistas e testes. No fim, pode realmente ser algo bem legal, mas talvez seja mais saudável investir em exercícios físicos para aguentar o tranco.

Hypershell Pro X fora da caixa
Exoesqueletos também precisa ser mais baratos para se adequarem à realidade dos consumidores (Imagem: Hypershell)

O Hypershell Pro X pode ser adquirido nos Estados Unidos por US$ 999 (Cerca de R$ 5.800 em conversão direta). Há também uma versão avançada de US$ 1.499 (R$ 8.600) e um modelo baratinho de US$ 799 (R$ 4.600), o Hypershell Carbon X e o Hypershell Go X, respectivamente.


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