As estrelas iluminam o céu noturno há bilhões de anos; muitas delas já existiam antes mesmo da formação da Terra, há 4,6 bilhões de anos. Não é à toa que elas se tornaram um dos pilares do conhecimento humano mais antigo: a astronomia. Desde os tempos primitivos, os cientistas da época utilizaram a disposição das estrelas como referência para a orientação e navegação.
A observação do céu noturno foi essencial para o desenvolvimento da sociedade primitiva; e continua sendo um dos temas mais relevantes na atualidade. Os sumérios, na Mesopotâmia, registraram astros e constelações em tábuas de argila e as associaram a divindades religiosas e ao ciclo do tempo. Além disso, usavam esses registros para organizar um calendário agrícola baseado em fases da Lua e outros movimentos celestes.
Alguns séculos depois, os babilônios aperfeiçoaram esse conhecimento de forma mais científica. Por isso, são considerados os primeiros a criar um sistema matemático avançado para prever eventos astronômicos, como eclipses e ciclos planetários. Essa inovação marcou uma revolução na astronomia; isso aconteceu há aproximadamente de 4 mil anos.
Desde então, inúmeras descobertas científicas ampliaram nosso entendimento sobre as estrelas e outros corpos celestes. Assim como a Babilônia aprimorou o conhecimento astronômico herdado dos sumérios, muitos mistérios da astronomia foram desvendados. Contudo, ainda equívocos que persistem na sociedade, como a crença de que as estrelas visíveis no céu já ‘morreram’.
Afinal, essa ideia está correta? A resposta mais simples e direta é: não. Na verdade, a maioria das estrelas visíveis no céu estão ativa, passando pelo processo de fusão nuclear em seu núcleo. Porém, elas estão a distâncias de dezenas a milhares de anos-luz de distância da Terra.
“Uma estrela é um corpo celeste gasoso, massivo e autoluminoso que brilha devido à radiação gerada por suas fontes internas de energia. Das dezenas de bilhões de trilhões de estrelas que compõem o universo observável, apenas uma pequena porcentagem é visível a olho nu. Muitas delas aparecem em pares, sistemas múltiplos ou aglomerados estelares”, é descrito em uma publicação da enciclopédia Britannica.
O nascimento das estrelas
Assim como planetas e luas, as estrelas se formam a partir de nuvens gigantes de gás e poeira, conhecidas como nebulosas. Eventos cósmicos como colisões entre essas nuvens, explosões de supernovas ou a influência gravitacional de estrelas massivas próximas podem desencadear o colapso de certas regiões. Então, essas áreas iniciam um estágio de compressão dos materiais da nuvem.
Como resultado, a gravidade atrai mais material para essas áreas, aquece o gás e forma as protoestrelas. Esses objetos são núcleos densos e quentes que podem evoluir para estrelas caso atinjam massa suficiente para iniciar a fusão nuclear; caso contrário, podem se tornar anãs marrons, objetos que não chegam a brilhar como estrelas.
Quando o núcleo da protoestrela atinge aproximadamente 10 milhões de graus Celsius, é iniciado a fusão do hidrogênio em hélio — no caso do Sol, essa temperatura média é de 15 milhões de graus Celsius.
Dessa forma, esse processo gera uma pressão que equilibra a força gravitacional e interrompe gradualmente a contração do corpo celeste. Assim, nasce uma estrela. A partir daí, ela passa a emitir luz de forma mais estável ao entrar no estágio conhecido como sequência principal.
É importante destacar que nem sempre uma estrela se forma isoladamente. Como as nebulosas moleculares são gigantescas, elas podem dar origem a diversas estrelas de uma vez. É assim que surgem os aglomerados estelares, como as Plêiades (M45), um jovem aglomerado aberto composto por centenas de estrelas formadas da mesma nuvem.
“Os astrônomos sabem que nuvens em colapso atingem um ponto sem retorno, quando se tornam tão densas e frias que não conseguem mais evitar o colapso sob sua própria gravidade. Acima desse limite, formam-se estrelas; abaixo dele, não. Porém, ainda existem muitas questões em aberto sobre os detalhes do processo de formação estelar”, é descrito em uma publicação no site do Telescópio Espacial James Webb (JWST).
A morte das estrelas
Como mencionado, a maioria das estrelas visíveis no céu noturno estão ativas. Isso não significa que sejam eternas, mas que sua vida útil é muito longa — muito mais do que a existência da sociedade humana.
De acordo com especialistas, a maioria das estrelas visíveis a olho nu continua “viva”, e sua luz leva de alguns anos a milhares de anos para chegar até nós. Embora algumas estejam a milhares de anos-luz, a maioria está bem mais próxima. No caso da morte de uma estrela massiva, seu brilho pode persistir por um bom tempo antes de desaparecer.
Quando você observa as estrelas à noite, a luz que chega até seus olhos viajou por anos-luz até alcançar a Terra. Isso significa que você não está vendo a estrela em tempo real, mas sim como ela era no passado.
Mas como saber se a luz que enxergamos pertence a uma estrela ainda ativa ou a uma que já morreu há muito tempo? A maioria das estrelas tem ciclos de vida que duram milhões ou até bilhões de anos; isso torna extremamente improvável que um desses objetos visíveis a olho nu tenha morrido recentemente.
Isso pode ter acontecido no passado ou estar acontecendo neste momento, mas a ciência explica que é um evento raro. Por isso, as estrelas visíveis no céu continuam lá. Contudo, ao utilizar um telescópio espacial como o James Webb, é possível captar a luz de estrelas que já desapareceram, pois ele consegue observar objetos a bilhões de anos-luz, registrando imagens do universo em épocas distantes.
As estrelas queimam hidrogênio em seu núcleo por milhões ou bilhões de anos, dependendo de sua massa. Quando o combustível se esgota, passam por diferentes transformações até o colapso final.
O destino de cada uma defende da sua massa: estrelas menores se tornam anãs brancas, enquanto as massivas podem explodir como supernovas, dando origem a estrelas de nêutrons ou buracos negros. Tirou a dúvida? Agora pode espalhar para todo mundo que a maioria das estrelas não está morta.
O universo primitivo era um lugar escuro e denso, mas algo mudou esse cenário para sempre. Quer saber mais? Aproveite para entender quando surgiram as primeiras estrelas no Universo. Até a próxima!