Quando o carregador fica na tomada, gasta energia? Essa é uma dúvida que eu mesma já tive e que só crescia toda vez que encontrava meu carregador de celular ou outros dispositivos conectado na tomada, mesmo quando não estava usando. Afinal, quem nunca fez isso por praticidade ou por esquecimento?
A resposta, de forma direta, é: sim, o carregador na tomada consome energia, mesmo que não esteja carregando nenhum dispositivo.
Esse fenômeno, conhecido como consumo fantasma, pode parecer insignificante à primeira vista, mas somado a outros aparelhos deixados em modo standby, pode impactar a conta de luz ao longo do tempo.
Mas quanto exatamente um carregador consome? Isso realmente faz diferença no bolso? E será que há outros problemas ao deixar o carregador sempre conectado?
Ao longo deste artigo, vamos explorar essas e outras perguntas, ajudando você a entender como pequenos hábitos podem influenciar seu consumo de energia e até mesmo a segurança da sua casa.
O que é consumo fantasma?
Consumo fantasma ou energia fantasma se refere a energia desperdiçada por dispositivos que permanecem conectados na tomada, mesmo quando não estão sendo usados.
É o caso de aparelhos como TVs em standby, monitores desligados, lâmpadas esquecidas e, claro, os carregadores de celular que ficam na tomada esperando o seu próximo uso.
No caso do carregador na tomada, ele continua consumindo energia porque seu transformador interno permanece ativo. A peça é responsável por converter a alta tensão das tomadas brasileiras (127V ou 220V) em uma tensão mais baixa e estável (geralmente 5V ou 9V), que é segura para carregar as baterias dos smartphones, por exemplo.
Mesmo quando não há nada conectado ao carregador, esse processo de conversão não para completamente. Embora os modelos mais modernos sejam projetados para minimizar esse gasto em standby, ele ainda existe.
O consumo fantasma do carregador pode parecer insignificante individualmente, mas, somado a outros aparelhos, pode representar até 10% da sua conta de luz mensal de acordo com A Organização de Consumidores e Usuários da Espanha.
Portanto, entender como isso acontece e adotar pequenas mudanças pode ajudar a evitar gastos desnecessários e até contribuir para a sustentabilidade em casa e no trabalho.
Quanto gasta um carregador na tomada?
Saber quanto o carregador na tomada impacta na sua conta de luz pode gerar duas surpresas. Primeiro, é descobrir que o gasto realmente existe e, em seguida, se deparar com um valor quase discreto. Eu disse, quase!
Um carregador deixado constantemente na tomada consome cerca de 0,26 watts (W) sem o celular conectado. O cálculo desse consumo no mês é mais fácil do que parece. Veja!
- Identifique a potência do carregador, que geralmente está escrito no próprio acessório, expresso em watts (W);
- Multiplique pela quantidade de horas que ele fica na tomada sem uso;
- Converta para quilowatt-horas (kWh) dividindo o valor por 1000;
- Calcule o gasto mensal multiplicando o valor diário por 30 dias;
- Multiplique pelo custo do kWh, valor informado na sua conta de luz.
Por exemplo, se um carregador consome em média 0,26 W e fica ligado por 24 horas, o cálculo seria:
0,26 W x 24 horas = 6,24 Wh (watt-horas).
6,24 Wh ÷ 1000 = 0,00624 kWh por dia.
0,00624 kWh x 30 dias = 0,1872 kWh por mês.
0,1872 kWh x R$ 0,65715 = R$ 0,12 por mês.
OBS: É importante lembrar que há diversos fatores que alteram os resultados dessa conta, como o custo da tarifa de energia estipulado pela companhia que atende a sua região, a potência do carregador em stand-by e o horário em que ele permanece conectado, mas sem uso.
Na tabela abaixo, é possível comparar os diferentes valores das tarifas em horário fora ponta (entre 22h e 17h), intermediário (das 17h às 18h e das 21h às 22h) e de ponta (entre 18h e 21h).
O que parece insignificante pode pesar ao longo do tempo, especialmente em residências com várias pessoas ou empresas onde muitos carregadores e dispositivos permanecem conectados, em modo stand-by.
No caso de um único carregador, o impacto financeiro pode ser desprezível – algo como R$ 1,47 por ano. Contudo, adotar o hábito de desconectar o carregador da tomada quando não estiver em uso não só economiza energia, mas também contribui para prolongar a vida útil dos equipamentos e evitar o desperdício.
Pode deixar o carregador ligado direto na tomada?
Para começar, carregadores licenciados e de marcas confiáveis são projetados com circuitos de proteção e, em teoria, podem permanecer conectados sem grandes preocupações. Ainda assim, mesmo sendo seguros, a recomendação geral é evitar esse hábito.
A prática de deixar o carregador na tomada pode trazer riscos de segurança que vão muito além da conta de luz. Segundo a Associação Brasileira para a Conscientização dos Perigos da Eletricidade (Abracopel), acidentes envolvendo carregadores são mais comuns do que se imagina.
Em 2021, por exemplo, foram registrados 20 casos de acidentes elétricos relacionados a carregadores no Brasil, resultando em 16 mortes confirmadas. Já em 2023, os carregadores foram responsáveis por 14 incêndios, sendo 5 deles fatais.
Os números mostram que o risco é real, especialmente em situações específicas, como quedas de raios, sobrecargas na rede elétrica ou uso de carregadores falsificados.
Além disso, fatores domésticos como cabos danificados, crianças ou animais que podem morder os fios e até mesmo quedas acidentais podem transformar o carregador em um perigo potencial.
Portanto, é hora de dizer adeus a mais um hábito ruim e guardar o carregador após o uso, combinado?
Qual o problema de deixar o carregador na tomada?
Já sabemos que o desperdício de energia é um dos problemas em deixar o carregador na tomada. A lista de prejuízos inclui outras 3 consequências — mais graves do que você imagina. Confira!
1) Riscos de acidentes elétricos
De acordo com a Abracopel, carregadores conectados à tomada podem provocar incêndios, choques e até explosões, especialmente em situações de sobrecarga elétrica, como durante uma tempestade.
2) Danos ao carregador e ao aparelho
Mesmo que o carregador esteja sem uso, ele permanece energizado enquanto está conectado à tomada. Isso pode acelerar o desgaste interno de componentes, reduzindo sua vida útil.
Além disso, descuidos como puxar o fio com força, pisar no carregador ou deixá-lo exposto podem causar danos que comprometem seu funcionamento e aumentam o risco de acidentes.
3) Consumo desnecessário de energia
Embora o consumo de energia seja mínimo (menos de R$ 2 por ano para um único carregador), somado a outros dispositivos em standby, o impacto pode representar até 10% da conta de luz em um mês.
O que puxa energia mesmo desligado?
O consumo invisível, conhecido como consumo fantasma, ocorre porque alguns dispositivos permanecem conectados à rede elétrica para realizar funções de prontidão, como atualizações, manutenção de configurações ou apenas para ficarem prontos para uso imediato.
São exemplos de dispositivos que consomem energia desligados:
- Televisores e monitores;
- Carregadores na tomada;
- Equipamentos de internet e TV a cabo;
- Micro-ondas com relógios digitais;
- Cafeteiras programáveis;
- Geladeiras;
- Computadores e consoles de jogos.
Como saber o que está consumindo minha energia?
Aparelhos aparentemente inofensivos podem ser responsáveis por um consumo elevado, especialmente aqueles que permanecem ligados ou em standby. Há algumas formas de descobrir quais dispositivos podem estar pesando na sua conta de luz.
Primeiro, analise sua conta de energia para entender os padrões de consumo. Observe os valores de kWh e as oscilações mensais. Se o consumo estiver acima do esperado, é um sinal de que pode haver aparelhos consumindo mais do que deveriam.
Medidores portáteis de energia elétrica são ótimas ferramentas para identificar o consumo de aparelhos individuais. Basta conectar o dispositivo ao medidor e à tomada para verificar quanta energia ele consome em tempo real, tanto ligado quanto em standby.
Uma maneira mais simples de identificar vilões da energia é desconectar aparelhos que não estão sendo usados e acompanhar a conta de luz nos meses seguintes. Assim, você pode verificar se houve redução no consumo.
Os principais suspeitos pelo alto consumo de energia são ar-condicionado, chuveiro elétrico e eletrodomésticos antigos, como geladeiras, freezers e TV”s.
Se ainda houver dúvidas sobre o consumo excessivo, vale a pena consultar um eletricista ou técnico especializado. Eles podem identificar sobrecargas, perdas de energia no sistema elétrico e sugerir soluções.
Evitando o consumo fantasma: dicas para economizar energia
- Retire da tomada dispositivos que não estão em uso, como carregadores e eletrodomésticos secundários;
- Use filtros de linha, equipamentos com interruptores que permitem desligar vários aparelhos de uma vez, reduzindo o consumo fantasma;
- Invista em dispositivos eficientes, projetados para consumir menos energia em standby;
- Verifique o seu consumo energético todo mês para entender quais mudanças na sua rotina puxa mais energia sem necessidade.
Pequenas ações podem gerar a tão desejada economia na conta de luz e fazer a diferença no fim do mês.
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