O que é, o que é? Quente como o inferno e resfria por escudo? Alguma vez na vida você fez a ligação entre um vulcão e um ar-condicionado em proporções suficientes para resfriar partes significativas do globo terrestre?
Os vulcões são entidades naturais bastante interessantes, ligando a superfície aparentemente calma do planeta ao seu coração flamejante de metal fundido. Através das suas chaminés, expele gases, cinzas e magma interferindo no clima planetário por um período considerável de tempo.
Entenda como vulcões são capazes de gerar mudanças no clima terrestre, servindo com uma brisa em meio ao caos do aquecimento global.
Princípios básicos de um vulcão
Você pode estar habituado a pensar em vulcões como montanhas gigantes, com picos escavados guardando leitos quentes e adormecidos, esperando uma oportunidade magnânima para despertar. Contudo, isso reflete apenas uma parte deles.
Os vulcões formados por rachaduras na crosta terrestre, extensas o suficiente para realizarem uma comunicação entre bolsões magmáticos e a superfície. Alguns vulcões podem ser muito mais singelos, como uma simples vala.
Vulcões também podem ser encontrados no leito oceânico, em fontes termais e até em parques amplamente visitados e nos quais, são um sucesso com seus truques espalhafatosos, como o Yellowstone, inclusive, considerado um supervulcão de interesse, já que, mesmo em atividade, está silencioso há séculos.
As explosões vulcânicas ocorrem quando há acúmulo de gases e calor em excesso, aumentando consideravelmente a pressão interna do sistema. Sem ter uma válvula de alívio, eles acabam “explodindo”, lançando magma, rochas, cinzas e gases.
Mas os vulcões não são eternos. Quando não há mais indícios de atividade e movimento nos bolsões magmáticos, eles podem ser considerados extintos. A inatividade vulcânica, por sua vez, se refere a sistemas que, mesmo tendo capacidade para manter sua atividade magmática, estão em um modo de “hibernação”.
Movimentos tectônicos e seus consequentes terremotos são um fator que pode contribuir para a reativação de vulcões, visto que novas rachaduras podem ser provocadas, reativando o trajeto do magma.
E infelizmente, a prevenção contra erupções ainda não é algo totalmente possível. Os sinais de alerta sobre uma eminente explosão são mais perceptíveis com apenas alguns dias ou horas antes do evento.
Mas ainda assim, vulcanólogos mantém vigilâncias sobre essas bombas relógio. E é nessa falta de previsibilidade que os principais impactos ambientais e climáticos se concentram.
Vulcões e ares-condicionados, quem diria?
Pelo calor do momento você possa tentar fazer uma correlação direta entre vulcões e aquecimento global, contudo, isso não poderia ser mais errôneo. É claro que os vulcões são capazes de expelir grandes concentrações de dióxido de carbono, mas pasme, não chega a 1% da capacidade humana de geração de gases estufa.
Claramente, no princípio da criação terrestre, com a intensa atividade vulcânica, com uma atmosfera ainda em formação e oceanos quiçá existentes, eles claramente contribuíram para que a temperatura se mantivesse como fornos de forja, mas isso mudou com os milênios.
Nessa era planetária, quando a erupção ocorre, além do CO2, ejeções de altas quantidades de dióxido de enxofre na atmosfera também ocorrem.
Quando a força da explosão é suficiente para atingir a estratosfera, essas partículas, chamadas então de aerossóis vulcânicos, formam uma espécie de escudo que aumenta o Albedo, sendo a taxa de reflexão da atmosfera, impedindo que os raios solares entrem e aqueçam o planeta.
Esse escudo de partículas, não é algo tão passageiro. Em super erupções como os dos Monte Tambora e Krakatoa, na Indonésia, ou ainda o Pinatubo nas Filipinas, os efeitos desse escudo foram sentidos por anos após a explosão.
E nosso clima é algo bastante dependente de taxas adequadas de Sol, reflexão e permeabilidade atmosférica. Quando esses fatores são modificados de forma brusca, os danos são extensos.
Com a mudança no clima, plantio e colheitas poderiam ser afetados. Poderia haver proliferação de pragas, ocasionadas pela queda de temperatura e impactos significativos nos mercados financeiros, em decorrência dos danos ao setor alimentício, industrial e de energia.
Além disso, danos territoriais e materiais, além das vidas em risco, são fatores mais que relevantes em eventos dessa magnitude, impactando diretamente os recursos físicos, materiais e humanos das regiões afetadas.
E mesmo todo esse caos, não seria suficiente para fazer retroceder o aquecimento global, visto que o efeito não é duradouro o suficiente. Seria apenas mais um inconveniente, ao invés de uma benção climática.
Os relatórios de clima estimam que nos próximos 70 anos não haja grandes eventos vulcânicos, mantendo a estabilidade do último século, contudo, como dissemos antes, não há como prever com exatidão quando um desses gigantes irá despertar em fúria.
Outro fator interessante, e ainda em discussão por pesquisadores das áreas, de geologia, climatologia e vulcanologia, é o impacto de eventos vulcânicos menores na mediação do clima. Sabe-se que existe um impacto e contribuição desses “micro eventos”, porém, não se tem certeza sobre a extensão dessa contribuição.
Como meios de enfrentamento, o que se pode pensar são estratégias para diminuição da pegada de carbono, além do desenvolvimento de planos de contingência para desastres naturais, com foco no aporte às vítimas com planos de reconstrução ou remanejo das áreas afetadas.
As mudanças atitudinais são uma urgência no mundo em que vivemos hoje, e talvez, de um modo mais organizado e menos catastrófico, possamos nos inspirar nos vulcões, que mesmo em chamas, são capazes de resfriar um pouco as coisas.
Saindo do Círculo de Fogo e entrando em terras brasileiras, já se perguntou como estará o clima por aqui na próxima década? Melhor conferir antes de programar as próximas férias. Continue acompanhando a TecMundo para assuntos explosivos!