Você já se questionou sobre qual era o cheiro do perfume favorito de Cleópatra, a última governanta ativa do Reino Ptolemaico no Egito? Se por algum motivo essa era uma dúvida que pairava na sua cabeça, saiba que pesquisadores dos Estados Unidos podem ter as respostas para essa situação.

Na tentativa de recriar a paisagem olfativa no mundo antigo, os arqueólogos Robert Littman e Jay Silverstein, da Universidade do Havaí, encontraram em 2012 uma fábrica de perfumes nos arredores de Mendes, Egito, cheia de frascos de perfumes e ânforas cheias de resíduos. A partir disso, novas conexões foram estabelecidas. Entenda!

Reconstrução da fragrância

(Fonte: Shutterstock)(Fonte: Shutterstock)

Após a descoberta em 2012, Littman e Silverstein pediram para que Dora Goldsmith, egiptóloga de Berlim, e Sean Coughlin, professor de filosofia grega e romana de Praga, usassem “arqueologia experimental” para tentar criar os perfumes produzidos naquela fábrica.

Com isso, eles foram capazes de reproduzir alguns aromas fortes, picantes e levemente mofados que tendiam a durar mais do que as fragrâncias produzidas atualmente. Durante o processo, ingredientes como óleo de tâmara do deserto, mirra, canela e resina de pinheiro fizeram parte da composição dos perfumes.

De acordo com os pesquisadores, essa mistura era conhecida como perfume mendesiano na época de Cleópatra — fragrância egípcia que foi batizada em homenagem à cidade de Mendes. Devido à sua imensa popularidade no norte do Egito, a receita antiga também foi transmitida para os antigos gregos e romanos.

Perfume de Cleópatra

(Fonte: Shutterstock)(Fonte: Shutterstock)

Conforme publicado pelos pesquisadores, em 2021, na revista Near Eastern Archaeology, foi preciso usar técnicas de paleobotânica — uma área da paleontologia que interpreta registros de organismos vegetais em rochas sedimentares — para identificar e recriar os cheiros dos frascos de perfume.

Segundo o documento, embora seja bem provável que a equipe tenha chegado muito próxima de recriar o cheiro exato da fragrância usada por Cleópatra em seu tempo, é possível que as descrições romanas e gregas do perfume, que ajudaram na composição da fórmula, não sejam exatamente a mesma receita egípcia que um dia foi usada em Mendes.

Para melhorar essa situação, os pesquisadores agora esperam coletar amostras de resíduos do local da fábrica de perfumes para que possam analisar o cheiro exato do local em que ela esteve inserida. Porém, vale ressaltar que as análises de resíduo nem sempre são bem-sucedidas e podem apontar para uma substância específica — o que pode criar um verdadeiro empecilho para os próximos passos do experimento.

Importância do cheiro

(Fonte: Shutterstock)(Fonte: Shutterstock)

À medida que a pesquisa sobre o perfume de Cleópatra continua, a importância do cheiro para aquela época é algo que ainda intriga os cientistas. Dos cinco sentidos, o olfato é o mais ligado às emoções e à memória, inclusive sendo o único sentido a se desenvolver plenamente nos fetos ainda no útero.

Logo, encontrar uma forma de recriar esses cheiros poderia fazer com que os pesquisadores tivessem uma maior noção sobre o modo como as pessoas viviam no passado e descobrissem uma parte oculta do Egito Antigo. No entanto, os resultados ainda devem demorar para surgir. 

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