A relação entre chefes e empregados sempre pareceu complicada, tanto é que esse tema é recorrente em séries, filmes e animações. Em O Diabo Veste Prada, vemos uma jovem que abre mão da vida pessoal para evitar desapontar a chefe. Em Família Dinossauro, o pai de família Dino da Silva Sauro treme de medo do seu supervisor. Em Os Simpsons, Homer trabalha para um homem notadamente mau, embora, nesse caso, o protagonista da série não possa ser considerado o melhor dos funcionários.

Na vida real, o drama de funcionários que lidam com chefes abusivos parece ser muito pior do que o retratado na ficção. Dados do Tribunal Superior do Trabalho (TST) revelam que entre 2019 e 2021 foram registrados 52.963 casos de assédio moral no Brasil. O assédio sexual também chamou a atenção: foram 3.049 processos no mesmo período.

Esse problema não é uma exclusividade do Brasil. Uma pesquisa da Monster.com, realizada com estadunidenses, revelou que 94% dos entrevistados disseram que já haviam sido intimidados no local de trabalho. Mas por que isso acontece?

Possíveis causas para o assédio moral no trabalho

(Fonte: Shutterstock)(Fonte: Shutterstock)

Existem várias situações que podem contribuir para um ambiente que gere assédio moral. A falta de comunicação clara entre gestores e funcionários, a inexistência de canais de denúncia nas empresas, a precarização das condições de trabalho etc.

Contudo, uma reportagem do site de notícias acadêmicas The Conversation levantou uma outra causa: o erro de atribuição fundamental. Trata-se de um viés comportamental que faz com que uma pessoa analise uma falha de diferentes formas.

O que diz o experimento

(Fonte: Shutterstock)(Fonte: Shutterstock)

Por exemplo: um vendedor não consegue passar uma venda no sistema porque o computador está com problemas. A falha nessa operação não é culpa dele, é culpa de um agente externo (uma máquina). Ainda assim, esse funcionário leva uma bronca do supervisor, pois o viés do erro de atribuição fundamental faz com que ele subestime o impacto dessa falha externa, fazendo com que o comportamento do vendedor ainda seja considerado como a principal causa do problema.

Talvez esse supervisor tenha dito coisas como: “como você não percebeu que o computador estava dando sinais de falhas (ainda que um vendedor não seja obrigado a ter conhecimentos de manutenção de computadores)”.

Por outro lado, esse mesmo supervisor teria uma reação bem mais compreensiva caso fosse ele a sofrer com a falha do equipamento — e isso também é explicado pelo mesmo viés comportamental. Ao justificar o próprio erro, as pessoas estão propensas a buscarem respostas nos fatores externos, o que nem sempre ocorre com os erros dos outros. Essa hipótese foi comprovada por um experimento que ouviu 443 supervisores e que ilustrou a matéria do The Conversation.

Independentemente das causas do assédio moral, é preciso frisar que ele não deve ser tolerado. Você pode buscar orientação para resolver esse problema no sindicato da sua categoria profissional, no site do Ministério Público do Trabalho (MPT) ou junto a um advogado de sua confiança.

Só nos EUA, o assédio moral deve gerar US$ 24 bilhões anuais em prejuízos para as empresas, com a perda de produtividade que ele causa nos funcionários.

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