Há 50 anos, no dia 4 de abril de 1975, os amigos Bill Gates e Paul Allen abriram uma empresa inspirados por uma revista que era popular entre os entusiastas dos primeiros computadores para uso doméstico. A companhia foi chamada de Microsoft, hoje um dos maiores e mais valiosos conglomerados da indústria da tecnologia.

Hoje, a marca conta com 228 mil funcionários espalhados por dezenas de países, com escritórios regionais incluindo uma divisão no Brasil existente desde 1989. Ao longo desses anos, ela ajudou a revolucionar setores como computador pessoal, produtividade, games, navegação, comunicação pela internet e computação na nuvem.

Os equipamentos, programas e serviços da marca são lembrados ou ainda estão na ativa, como nomes fortes mesmo nos mercados mais competitivos ao longo das cinco décadas de existência. A comemoração é uma boa oportunidade para relembrar a trajetória e parte do legado já deixado por essa gigante.

Como foram os 50 anos da Microsoft

A Microsoft nasceu a partir de dois amigos com uma paixão em comum pelo início da era dos computadores pessoais. Gates e Allen ficaram impressionados com o Altair 8800, um dos primeiros modelos de pequeno porte  que era comprado em forma de kit para ser montado e usado em casa.

Ela começa na cidade de Albuquerque, no estado norte-americano do Novo México, com uma logo bastante simples e que separa Micro (de ‘microprocessador’, os chips avançados da época) e Soft (de ‘software’, ou programas de computador). Ao longo dos anos, ela troca de sede duas vezes: primeiro para Bellevue, em Washington, ainda na década de 1970, e quinze anos depois para Redmond, onde está até hoje.

Uma montagem de duas imagens. Na primeira, várias pessoas posam sorridentes para uma foto corporativa. Na segunda, a primeira logo da história da Microsoft.
Uma das primeiras fotos corporativas e a primeira logo da companhia. (Imagem: Divulgação/Microsoft)

Gates largou a faculdade para se dedicar aos negócios, atuou como CEO por décadas e se tornou a principal figura pública da empresa em entrevistas e conferências. Ele só deixou o cargo em 2000, mas permaneceu ainda mais tempo como membro do conselho até a aposentadoria.

Já Allen, que já trabalhava como programador antes da Microsoft, saiu das atividades diárias ainda na década de 1980 por questões de saúde. Mantendo ações da companhia, ele passou a se dedicar a investimentos e filantropia. Ele faleceu em 2018, aos 65 anos.

Paul Allen, de terno e sentado à esquerda, ao lado de Bill Gates, de pé e vestindo uma camiseta branca de mangas compridas. Ao redor deles, vários computadores da década de 1980.
Paul Allen e Bill Gates. (Imagem: Divulgação/Microsoft)

Curiosamente, a Microsoft teve poucas trocas no cargo de gerência executiva nas cinco décadas de vida. Após Gates, Steve Ballmer assumiu o cargo em 1998 — com uma presença de palco enérgica e algumas declarações que envelheceram mal contra concorrentes. O seu substituto é o atual CEO Satya Nadella, que está desde 2014 na posição.

Além disso, a imagem da Microsoft também mudou bastante ao longo dos anos. Em especial na década de 1990, ela tinha o domínio do mercado de sistemas operacionais para computadores, além de programas de edição de conteúdo e de navegadores. Isso rendeu até uma investigação por atividades anticompetitivas de mercado, já que os serviços eram vendidos juntos ou pré-instalados, mas essa ação ajudou a consolidar a empresa no atual patamar.

Atualmente, a gestão da companhia é elogiada pela diversificação nos produtos e na eficiência da gestão. A Microsoft virou em 2024 a segunda empresa do mundo a chegar no valor de mercado de US$ 1 trilhão, 

Os produtos e serviços mais icônicos da Microsoft

Ao longo dos 50 anos, a Microsoft se notabilizou por uma série de lançamentos, de criações internas a aquisições estratégicas em vários setores da tecnologia — incluindo games, comunicação, navegação pela internet e o mundo corporativo. A seguir, vamos relembrar alguns dos mais importantes.

1. MS-DOS

Em 1981, a IBM lançou o popular computador pessoal da empresa, hoje chamado apenas de IBM PC. Esse modelo lendário rodava a partir de um sistema operacional licenciado da Microsoft e que funcionava apenas por linhas de texto: o Microsoft Disk Operating System, ou MS-DOS.

A criação não é original da empresa: ela licenciou um software de testes de uma pequena companhia dos EUA e fez modificações no projeto antes de repassá-lo para o novo cliente, transformando ele no seu primeiro grande sucesso comercial.

Um computador antigo rodando um sistema operacional de texto em uma mesa. Ao lado, uma lâmpada, um livro e um porta-lápis.
Imagem: Divulgação/Microsoft

Presente não só no PC da IBM, mas em outros modelos da mesma época, o MS-DOS virou referência na área crescente dos microcomputadores e permitiu que a Microsoft desse saltos mais ousados como empresa.

2. Windows

Em 1985, nasce o produto mais famoso da companhia: o Windows, um sistema operacional com interface gráfica que inicialmente servia apenas de evolução natural do MS-DOS. O uso do mouse, navegação por janelas e programas cada vez mais complexos foram conquistando o mercado e, ao longo das versões seguintes, estabelecendo um domínio.

Com marketing de peso e até filas nas lojas, a chegada do Windows 95 consolidou a posição desse serviço, que já passou por muitas modificações em visual e funcionamento.

Mesmo com algumas versões controversas, como a Millennium Edition (Me) e o Windows 8, ela segue massivamente presente em aparelhos. O Windows está hoje presente em cerca de 70% do mercado de desktops, quase o triplo da fatia de mercado da vice-líder Apple.

3. Office

O The Microsoft Office, nome do primeiro pacote de programas de edição de conteúdo da empresa, foi lançado em 1989 apenas para o Macintosh da Apple. Esse foi o início da história da suite de softwares mais popular da companhia, que só um ano depois chegou ao Windows e ganhou o mundo.

A primeira versão era composta de um trio de ferramentas existentes até hoje. O Word, para criar textos; o Excel, de gerenciamento de gráficos e planilhas; e o PowerPoint, responsável por apresentações de slides. Ambos já eram oferecidos separadamente, mas a venda conjunta foi um sucesso e transformou esses serviços em sinônimos de suas respectivas áreas.

Várias caixas de software da Microsoft lado a lado.
O primeiro Office era exclusivo da Apple. (Imagem: Divulgação/Microsoft)

O pacote Office hoje é bem diferente de décadas atrás. Ele atualmente é chamado de Microsoft 365, oferecido principalmente em modelos de assinatura e contando com ainda mais programas do que o trio original, além de recursos de inteligência artificial (IA).

4. Outlook/Hotmail

O Hotmail foi um dos primeiros clientes de email disponíveis na internet quando foi adquirido pela Microsoft em 1997. Muita gente que navegava no período teve um endereço “@hotmail.com” antes da popularização da Google nesse mercado.

Em 2013, a companhia evoluiu esse produto com o Outlook.com, transformando esse nome no cliente unificado de mensagens eletrônicas. A plataforma hoje está totalmente integrada a outros serviços, como Teams e Office, integrando também calendário e outras formas de comunicação.

5. Internet Explorer

Por mais que você não gostasse do Internet Explorer, não tinha jeito: ao ligar um PC com Windows pela primeira vez, era inevitável usá-lo ao menos para baixar o navegador da sua preferência e depois esquecer dele na Área de Trabalho.

Mesmo com essa fama, o produto lançado em 1995 dominou o setor de browsers por anos, derrubando o então líder Netscape Navigator e só destronado com a chegada de nomes como Mozilla Firefox e Google Chrome. 

O Internet Explorer chegou a ter 95% do mercado de navegadores, mas a popularidade decaiu a ponto de ele ser substituído por um novo produto: o Microsoft Edge, de 2015 — ele mesmo também já remodelado para rodar a partir do Chromium, o mesmo motor por trás do seu grande rival.

6. MSN Messenger

Forma de comunicação pela internet favorita do brasileiro por muitos anos, o MSN Messenger nasceu em 1999 como um projeto paralelo de um portal de serviços da Microsoft.

O serviço imortalizou recursos como o “chamar atenção” que balançava a tela, o “aparecer offline” para seguir invisível para outras pessoas, os mini-games embutidos e as personalizações visuais do pacote Plus.

A tela de login do Windows Live Messenger, com um texto
Imagem: Reprodução/Microsoft

No auge, ele chegou a ter mais de 330 milhões de usuários ativos, sendo um dos líderes do mercado de chat pela internet. Rebatizado posteriormente como Windows Live Messenger, o programa foi encerrado em 2013 para que a Microsoft direcionasse o foco para outro produto de comunicação, o Skype.

7. Windows Phone

O Windows Phone foi a tentativa da Microsoft de brigar contra Android e iOS no mercado de dispositivos móveis. O sistema operacional tinha uma interface bastante original e teve alta popularidade no Brasil, apesar de não atingir os objetivos esperados pela companhia.

Antes dele, a empresa participou desse mercado com o Windows CE , voltado principalmente para assistentes pessoais digitais (PDAs), e o Windows Mobile que expandiu para outros aparelhos portáteis multimídia.

Steve Ballmer, um homem careca de terno, segurando com as duas mãos um telefone retangular Windows Phone.
Steve Ballmer e um Windows Phone (Imagem: GettyImages)

A Microsoft chegou a comprar a divisão mobile da Nokia em 2014 após alguns anos de parceria, passando a controlar o lançamento de dispositivos da família Lumia. Com o tempo, porém, ela foi deixando esse setor de lado: a última versão da plataforma foi a Windows 10 Mobile, de 2015 — mesmo ano em que saiu o modelo final da linha, o Lumia 950.

8. Xbox

A entrada da Microsoft no setor de consoles aconteceu em 2001, com o primeiro Xbox. O aparelho foi recebido de forma menos badalada do que rivais, mas abriu caminho para uma série de lançamentos de sucesso em jogos exclusivos e hardwares futuros. O sucessor, Xbox 360, superou graves percalços técnicos e foi um fenômeno comercial — inclusive em vendas no Brasil.

Atualmente, a divisão Xbox é um verdadeiro império. Além de consoles (Xbox Series S e Series X), ela mantém um serviço de assinatura com possibilidade até de jogar via nuvem, o Game Pass, e é dona de inúmeros estúdios de desenvolvimento.

Duas mãos segurando um controle do Xbox na cor roxa.
Imagem: Divulgação/Microsoft

Citando apenas exemplos recentes, integram a lista de braços da Microsoft em games a ZeniMax Media (que incluem a Bethesda, de franquias como Fallout e Elder Scrolls), a Mojang (o estúdio responsável pelo lançamento de Minecraft) e, mais recentemente, a Activision Blizzard — conglomerado responsável por séries como Call of Duty, World of Warcraft e até o sucesso mobile Candy Crush Saga.

9. Azure

A Azure é a plataforma de soluções e serviços de computação em nuvem para empresas de vários portes. A divisão é hoje formada por uma série de ferramentas que operam em várias tecnologias, inclusive de código aberto.

Apresentada em 2008 e lançada oficialmente dois anos depois, ela virou uma das principais fontes de receita da Microsoft e transformou a empresa em referência também em infraestrutura. Hoje, são mais de 300 datacenters espalhados pelo planeta como parte do projeto

Um monitor transparente com a tela do Microsoft Azure.
Imagem: Divulgação/Microsoft

As soluções atuais incluem recursos de IA, análise de dados, infraestrutura de hospedagem, segurança de rede e desenvolvimento de aplicativos, entre muitas outras possibilidades.

Além dessa lista, a companhia tem no seu portfólio outros serviços e produtos que merecem ao menos uma menção honrosa:

  • Bing, o buscador que não chega a ameaçar tanto o Google, mas ganhou um salto de qualidade com IA;
  • Copilot, o chatbot integrado ao Bing que funciona com um modelo de linguagem similar ao do ChatGPT;
  • GitHub, o repositório de códigos e espaço de interação para programadores, que foi comprado em 2018;
  • HoloLens, o headset imersivo que teve duas gerações e ajudou a difundir a Realidade Mista, mas acabou descontinuado;
  • IntelliMouse, a linha própria de mouse para navegação no PC;
  • Kinect, o equipamento de mapeamento de ambiente com câmera e sensores que permitia ao usuário jogar usando movimentos do corpo;
  • LinkedIn, a rede social para a comunidade corporativa e busca por vagas, adquirida em 2016;
Uma mão segurando uma caneta para uso em telas, desenhando uma floresta em um tablet.
O Paint em uma das suas versões mais recentes. (Imagem: Divulgação/Microsoft)
  • Paint, o popular e simples programa de desenho e criação de ilustrações;
  • Skype, serviço de chat em texto, áudio e vídeo comprado em 2011 e desativado em 2025;
  • Surface, a linha de híbridos e notebooks de fabricação própria com alto desempenho;
  • Teams, o serviço de videochamadas e organização para ambientes corporativos ou educacionais;
  • Visual Studio, o ambiente de desenvolvimento de software para várias linguagens;

Qual é o seu produto ou serviço favorito da Microsoft ao longo desses anos? Algum sucesso da empresa ficou de fora dessa homenagem? Deixe um comentário nas redes sociais do TecMundo!