*Escrito por Eduardo Cosomano 

Ao longo dos anos, as inovações que mais afetam a sociedade e os negócios passam por períodos de altos e baixos. Isso já é observado pelo mercado desde os anos 1960, quando o sociólogo Everett Rogers desenvolveu a Lei da Difusão da Inovação. Trata-se de um gráfico que mostra como as pessoas adotam inovações, indo desde os inovadores em si (2,5%), passando pelos primeiros adeptos (13,5%) até a maioria inicial (34%), maioria tardia (34%) e retardatários (16%). Ou seja, cria-se uma curva que cresce e diminui em seguida.

Hoje, acredito que existam mais curvas nesse processo. As mudanças e novidades chegam a uma velocidade impossível de ter sido prevista há 60 anos, e há uma infinidade de variáveis que fazem com que mais ou menos grupos aceitem determinadas inovações.

Por isso, algumas tendências podem parecer esquecidas ou caminhando para o lado contrário, mas a verdade é que há mais de um ponto de vista envolvido no desenvolvimento de algo inovador. Certas mudanças já revolucionaram o mundo e seguem causando impactos que não tem mais como ser esquecidos. É o caso de:

Trabalho remoto

Este é um debate que não esfria nunca. É indiscutível que muitas organizações têm pressionado pelo retorno do modelo presencial, o que causa a impressão de que o home office (ou anywhere office) não se sustenta por muito tempo. Contudo, do lado dos profissionais, a preferência pelo remoto ainda é expressiva. Uma pesquisa do ano passado das universidades de Nottingham, Sheffield e King’s College London, do Reino Unido, indica que trabalhadores preferem esse modelo mesmo com um crescimento salarial de 5% a 7% mais lento do que no formato presencial.

O presencial é, na minha opinião, para três grupos de pessoas: aqueles cujos empregos não podem ser realizados de outra maneira, quem não possui qualificação suficiente para encontrar as melhores oportunidades, e quem gosta assim. Fora isso, quem prioriza o trabalho remoto vai buscá-lo, até mesmo em detrimento de outros benefícios. As empresas que não oferecem essa possibilidade não têm escolha senão perder os melhores talentos em suas áreas – a não ser que eles prefiram o modelo presencial.

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Diversidade de pessoas é essencial para o desenvolvimento de diferentes ideias e soluções na empresa

Diversidade

Apesar do movimento recente de algumas grandes empresas cortarem seus programas de diversidade, o fato é que o mundo continua diverso. Pessoas de todos os tipos ocupam cargos de todos os segmentos e não vão a lugar nenhum. Não apenas como profissionais, aliás, mas também como consumidores.

Ainda que a aplicação de políticas afirmativas passe por variações, a diversidade continua fundamental para um ambiente de trabalho produtivo e lucrativo. Pessoas diferentes enxergam problemas e soluções de formas diferentes, o que torna a empresa mais preparada para atender a diversos públicos. Na prática, isso segue sendo exigido pela sociedade, de uma forma ou de outra. Obviamente, tudo alinhado à cultura da empresa.

Inteligência artificial

Soluções de IA vieram para ficar. Esse talvez seja um dos maiores exemplos da curva de inovação citada anteriormente, e agora estamos vivenciando a adoção da novidade pela maioria. E eu recomendo que você não fique junto com os retardatários, que só percebem a inevitabilidade da inovação quando é tarde demais.

Todas as áreas devem ficar atentas. Seja você da tecnologia, do marketing, das finanças, da educação, da saúde, das vendas — há ferramentas de IA surgindo para todo tipo de operação.

Saúde mental

Não é só conversa da época da pandemia: a saúde mental é assunto sério e tem sido tratada como tal. Ambientes que não levam em conta o bem-estar da equipe não têm espaço no futuro do trabalho. As novas gerações, inclusive, têm cada vez menos tolerância para empresas que não consideram o tema.

Não é à toa que já existam até mesmo benefícios corporativos voltados para o bem-estar mental, dentro e fora do trabalho. Mas a inovação de verdade está na cultura organizacional, e é isso que os talentos mais precisam.

Reputação

As mudanças dos últimos anos trouxeram grandes avanços, mas também trouxeram novas preocupações, em especial no que diz respeito à confiança e veracidade de informações. Dos deepfakes às fake news, é cada vez mais difícil para o público saber no que (e em quem) acreditar. E as empresas precisam construir uma reputação firme para sobreviver a isso.

Reputação nada mais é do que a coerência entre o que você fala e o que você pratica. Ou seja, para transmitir confiança — e evitar o “cancelamento”, que pode ser brutal para uma marca —, é preciso trabalhar a reputação de forma consistente e genuína. Nada de posts em redes sociais feitos de qualquer jeito nem de porta-vozes mal preparados para lidar com a imprensa. Esta é a inovação que a comunicação mais precisa no momento: credibilidade.

***Eduardo Cosomano é jornalista, fundador da agência EDB Comunicação, e coautor dos best-sellers “Saída de mestre: estratégias para compra e venda de uma startup” e “Ouvir, Agir e Encantar: a estratégia que transformou uma pequena empresa em uma das líderes do seu setor”, ambos publicados pela Editora Gente.


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